(Foto: Camila Cara/Divulgação) Lollapalooza 2017, sábado

Toda vez que venho ao Brasil tenho milhares de ideias para o futuro. Estamos na sexta edição do Lollapalooza no Brasil, e sei lá, não vejo a hora de celebrar a décima“, diz Perry Farrell, músico e criador do festival em exclusiva ao Virgula, durante o evento que está rolando neste fim de semana no Autódromo de Interlagos, em São Paulo. “Já me sinto em casa em São Paulo e a cada ano não vejo a hora de voltar para cá“, diz.

Farrell, que iniciou o Lollapalooza na década de noventa, hoje leva seu ‘filho’ para muitas outras cidades além da América do Norte, como Berlim, Paris, Buenos Aires e Santiago. Mas, segundo ele, a edição de São Paulo tem uns temperos à mais: “A produção brasileira insere um carinho no festival. Você pode olhar ao redor e ver lindos posteres. Os artistas e designers de São Paulo são incríveis. Não temos essa arte toda em nenhum outro lugar, nem em Chicago”. Outro fator que torna a nossa edição mais atrativa que as outras é a vista do Autódromo. “Quando você entra e olha lá de cima, vê o público, as mãos para o alto, as bandas tocando, logo pensa: ‘Oh meu Deus, o que é isso? O que está acontecendo?’. É muito lindo! É a melhor vista de todas as edições.”, revela.

(Foto: Alexandre de Melo) Itaici Brunetti, do Virgula, e Perry Farrell

Este ano, muito se falou que a ‘crise econômica’ no Brasil fez às vendas de ingressos estacionarem por um tempo, e Farrell comenta: “Vocês têm uma crise econômica aqui? Bem, nós também temos nos EUA. Você já deve ter ouvido falar que algumas cidades norte-americanas não têm água. É uma coisa muito ruim que está acontecendo, e eu entendo”, e continua: “Sabe, eu não ganho muito dinheiro fazendo isso. Se conseguirmos pagar todos os custos e trazer amor às pessoas é o que me faz feliz“.

Sobre o preço do ingresso, que todo ano gera polêmica por seu valor alto, segundo reclamação do público, o criador do Lolla explica: “Tentamos colocar o preço o mais acessível para as pessoas, levando em conta o tanto de artistas que se apresentam. Nesta edição temos mais de 40 artistas tocando, sendo que a maioria são internacionais, o que nos custa muito trazê-los. Por exemplo: quanto custa o ingresso de um show da Madonna, ou do Roger Waters? É mais do que o ingresso do Lollapalooza, ou o mesmo valor em alguns casos. E esses shows duram duas horas no máximo. Aqui você curte dois dias inteiros de música, com grandes nomes e emergentes da música”. 

Falando em nomes do line-up, outro debate que costuma acontecer entre o público é a inserção de música eletrônica no festival, que vem acontecendo há anos. “Pessoalmente, eu amo músicos, amo DJs, e amo produtores de música. Desde o início dos anos noventa eu insiro bandas que possuem elementos da eletrônica no Lollapalooza. Eu sei o quão boa a música eletrônica pode ser e amo trazê-la pra cá. Porém, nós nunca vamos ser um festival eletrônico pois entendo a importância dos humanos, das vozes, e dos dedos tocando um instrumento“, fala Farrell, e complementa: “Mas os jovens querem música eletrônica, cada vez mais. O meu filho me mostra alguns grupos eletrônicos e DJs para o line-up, como o Marshmello, que é incrível e está tocando no festival. O Lolla é para todos os gostos. É liberdade“.

Para finalizar o papo, qual será o show que o ‘dono da parada’ mais quer ver? “Bem, eu estava com saudade do Cage The Elephant ao vivo, eles são um dos meus favoritos. Eu também ouvi a Céu e virei fã. Aliás, como se pronuncia o nome dela em português? ‘Sau’? ou ‘Seu’? Me lembro que significa ‘sky’ (céu em inglês)“, brinca ele tentando falar o nome da cantora brasileira. “É uma grande artista que vocês têm aqui“. Ah, também quero ver o The Weeknd“.

Lollapalooza 2017: primeiro dia, sábado


Créditos: CamilaCara-MRossi

int(1)

'Nós nunca vamos ser um festival eletrônico', diz Perry Farrell, criador do Lollapalooza

Sair da versão mobile