A cantora Norah Jones, de apenas 23 anos, foi a estrela da 45a cerimônia do Grammy Awards, levando para casa oito gramofones de ouro numa noite pontuada por breves protestos antiguerra e homenagens a astros como Maurice Gibb e Joe Strummer.
Jones venceu os prêmios de álbum do ano (“Come Away with Me”), artista revelação, gravação do ano (com o single “Don’t Know Why”), melhor álbum pop vocal e melhor álbum pop de vocal feminino.
O hit “Don’t Know Why” foi eleito canção do ano, enquanto o álbum de estréia de Jones ganhou as estatuetas de melhor engenharia de som e produção do ano na categoria não-clássica.
“Não posso acreditar, não consigo acreditar. Bonnie Raitt e Aretha Franklin. Isso está me enlouquecendo”, afirmou Jones no palco do Madison Square Garden, em Nova York, ao receber a estatueta de gravação do ano das mãos das veteranas estrelas.
Mais tarde, ao aceitar o cobiçado prêmio de álbum do ano, ela disse: “Numa época em que o mundo anda muito estranho, me sinto abençoada e sortuda por ter tido o ano que tive. Muito obrigada”.
Jones, filha do músico indiano Ravi Shankar, desbancou o roqueiro Bruce Springsteen, apontado anteriormente como um dos favoritos da noite.
Ele levou três Grammy pelo álbum “The Rising” (melhor performance de rock de vocal masculino, melhor canção de rock e melhor álbum de rock).
A música-título do disco, inspirado nos ataques de 11 de setembro de 2001, foi uma das principais apresentações da cerimônia com a participação da E-Street Band.
O trio country Dixie Chicks ganhou quatro prêmios por seu trabalho no disco “Home” (melhor álbum country, melhor performance country de duo ou grupo, melhor performance country instrumental e melhor compilação).
Ao todo, a Academia de Artes e Ciências de Gravação dos EUA premiou 104 categorias. Esta foi a primeira vez em quatro anos que o Grammy aconteceu em Nova York e não em Los Angeles.
PROTESTOS
Poucos músicos levantaram a bandeira do protesto contra a possível guerra liderada pelos EUA no Iraque.
“Não sei quanto a vocês, mas espero que estejamos de acordo de que essa guerra não deveria acontecer”, afirmou o roqueiro Fred Durst antes de anunciar o prêmio de melhor performance de hard rock, cujo vencedor foi o Foo Fighters.
A cantora Sheryl Crow, que ganhou o Grammy de melhor performance de rock feminina, se apresentou na cerimônia com os dizeres “No War” na correia de sua guitarra.
DESTAQUES
Além das breves mensagens de paz e dos premiados da noite, alguns apresentadores chamaram a atenção do público.
O duo Justin Timberlake e Kylie Minogue foi um dos destaques da festa.
Depois de agarrar o bumbum da cantora australiana no Brit Awards na semana passada, Timberlake (da boy band ‘N Sync), ao apresentar o prêmio de melhor álbum pop, não perdeu a oportunidade de perguntar: “Posso agarrar seu bumbum de novo?”, levando um belo “não” como resposta.
Eminem foi aplaudido de pé depois de cantar “Lose Yourself” acompanhado pelo grupo The Roots (ele venceu o Grammy de melhor álbum de rap). E Nelly mostrou o hit “Dilemma”, descendo ao palco preso por cordas, como se estivesse voando.
A dupla Simon and Garfunkel (formada pelos astros Paul Simon e Art Garfunkel) não tocava há 30 anos e relembrou o sucesso “Sound of Silence” na abertura da cerimônia.
Gwen Stefani, vocalista do grupo No Doubt, esbanjou boa forma num microshort camuflado na apresentação do hit “Keep on Dancing”.
A canadense Avril Lavigne, indicada para cinco categorias, deixou o Madison Square Garden de mãos vazias, mas fez algumas pessoas do público pularem com a performance de “Sk8er Boy”.
HOMENAGENS
Joe Strummer, da banda The Clash, e Maurice Gibb, do Bee Gees, foram homenageados na cerimônia. Bruce Springsteen liderou o preito ao ícone do punk inglês, comandando a performance de “London Calling”, umas das canções mais famosas do Clash, ao lado de Dave Grohl, Elvis Costello e Steve Van Zandt.
O DVD do Clash “Westway To The World” recebeu ainda um Grammy de melhor longa-metragem musical na cerimônia não-televisionada. Joe Strummer morreu aos 50 anos em dezembro do ano passado vítima de infarto.
Maurice Gibb foi homenageado pelo ‘N Sync, que cantou um medley do Bee Gees à capela, enquanto imagens do grupo que marcou os anos 1970 com músicas como “Saturday Night Fever” e “How Deep is your Love” eram mostradas ao público.
Os irmãos Barry e Robin Gibb, que formaram o Bee Gees ao lado de Maurice, foram aplaudidos de pé ao entrarem no palco do Grammy para entregar ao sobrinho Adam uma estatueta.
A viúva Yvonne e sua filha, que também estavam na platéia, choraram emocionadas. Maurice Gibb tinha 53 anos quando morreu em Miami em janeiro deste ano de ataque cardíaco.