A cantora (e agora atriz global) Manu Gavassi
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“Eu não posso mais assistir a filme à noite. Não posso encostar que eu durmo”, confessa Manu Gavassi em entrevista ao Virgula Música. E isso não é vergonha nenhuma para a cantora, que mesmo com sono acumulado soa mais feliz do que nunca. Ela está no ar na novela Em Família, de Manoel Carlos, desde fevereiro. O atributo mais novo no seu currículo, o de atriz global, se juntou ao de cantora teen, que a acompanha desde 2010. “É muito mais difícil do que eu imaginava, para falar a verdade”, explica Manu, do alto de seus 21 aninhos. “Pensei que seria mais tranquilo, mas, realmente, é muita coisa para dar conta. Estou aprendendo ainda”.
Na novela, Manu interpreta Paulinha, namorada de Leto (Ronny Kriwat), filho de Laerte (Gabriel Braga Nunes), do triângulo amoroso principal da trama. No ano passado, a paulistana lançou seu segundo álbum de estúdio, Clichê Adolescente. Agora, ela está tendo que ajustar a divulgação de Clichê com a gravação da novela. “Quando estou em São Paulo, me dedico 100% a isso [divulgação do CD]. Eu tenho que conciliar isso com as minhas folgas, já que fico três, quatro dias no Rio de Janeiro gravando”. Passando tanto tempo dividida entre duas cidades, não pense que é sem motivo é possível vê-la cochilando num aeroporto.
Quando se trata de música, o que tem ocupado a agenda de Manu são os ensaios para o primeiro show de do álbum Clichê Adolescente, que acontecerá dia 06 de abril, no Teatro Bradesco, em São Paulo. “Sempre quis fazer um show em teatro, é uma outra linguagem”, ela conta. “Eu quero que seja uma experiência bem legal para todas as pessoas que vão assistir a esse show. Estou fazendo com muito carinho e cuidado”. Manu explica que a intenção é levar essa apresentação para todos os estados, mas, devido à sua agenda apertada, ainda não há datas marcadas. “Só tenho uma folga por semana para fazer shows, aos domingos. Vai ser uma turnê meio demorada, mas ela vai chegar”, garante.
Não falta quem acredite que o fato de a cantora estar na novela das oito seja devido a alguma indicação ou “cota para famosos”. Contudo, Manu faz questão de ressaltar que ela não pegou nenhum atalho do tipo para ser escalada no elenco de Em Família. “É uma luta que já vem há muito tempo, sabe? Aqui em São Paulo eu fiz o Célia Helena [reconhecida escola de teatro] por seis anos, eu adorava. Também fiz um curso voltado para televisão no Wolf [escola de atores Wolf Maya, diretor da Globo]”, detalha. “Eu sempre me interessei por interpretação, e sempre estudei para um dia trabalhar com isso. Cheguei a fazer bastantes testes na minha adolêscencia. Há um ano, eu resolvi voltar a tentar. Comecei a pedir testes, ligar pra todo mundo que eu conhecia — e pra quem eu não conhecia também. Eu fiz três testes para essa novela e peguei o papel. Então para mim tem outro gostinho, sabe?”, ela comemora.
O fato de Paulinha também ser cantora alegra a sua intérprete, que adianta que a música passará a figurar na trama da personagem de forma mais efetiva. “Ainda não decidimos exatamente o que vamos fazer na novela. Talvez usemos músicas minhas do Clichê Adolescente, talvez escolhamos alguma outra que já esteja pronta, não tenha entrado no álbum e tenha a ver com a história dos dois”, ela explica sobre a formulação do repertório da personagem. “Mas eu estou vivendo todo o dia com a Paulinha. Acho que se eu precisar fazer uma música que conte a história dela com o Leto, não será tão difícil assim. Eu já tenho esse conhecimento”, assegura.
Um ideal que parece mover Manu Gavassi é a verdade. Ela sempre enfatiza o fato de como procura ser sincera em suas composições: “As minhas músicas são totalmente autobiográficas. Eu sinto que preciso ter propriedade para contar para as pessoas de uma forma legal. É como eu gosto de fazer e como sinto que sei fazer”. Naturalmente, ela admira compositores que também tenham a verdade como foco, “que tenham uma mensagem para passar, por mais simples que seja”, Manu diz, citando os nomes de Lily Allen, Taylor Swift e Bob Dylan como exemplo. Esse fascínio se estende para o campo da interpretação. “Agora que estou trabalhando, percebo vários detalhes da atuação das pessoas que eu gosto. Elas são justamente as que não parecem estar atuando. Chegar nessa naturalidade que temos no dia a dia é difícil”, ela comenta, e conta que Wagner Moura, Tony Ramos e Ísis Valverde são atores que ela acredita ter essa característica.
Manu Gavassi tem noção da amplitude de sua influência em relação ao público adolescente, e está ciente das responsabilidades que isso acarreta. “Eu sou nova e tenho uma voz com um esse público que também é novo e está numa fase da vida em que ainda estão descobrindo quem são e aprendendo uma série de valores”, ela reconhece. Uma das preocupações manifestadas por Manu é a superexposição da sua geração na internet. “É um lance muito fútil, você simplesmente ficar postando foto da sua cara e falando ‘vote em mim, me ame’, sabe?”, ela explica. Ela também quer fazer de sua trajetória um exemplo: “Eu sempre tive o sonho de cantar, ser artista. Isso gritou em mim desde criança. Eu comecei a correr atrás muito novinha, por isso conquistei tanta coisa. E se eu consegui, elas também conseguem. É só você ter foco, acreditar em um propósito, em alguma coisa que você faça bem e que você possa fazer bem a outras pessoas com isso”.
