A única apresentação de Ney Matogrosso para o lançamento do álbum “Ney Matogrosso Interpreta Cartola”, no Canecão, na quinta-feira no Rio de Janeiro, dividiu opiniões da platéia: se por um lado o cantor emocionou com interpretações perfeitas, por outro decepcionou com a curta duração do espetáculo.
Muitos dos espectadores pensaram que se tratava de uma “pegadinha” quando Ney se retirou do palco após 50 minutos de show. O público, que esgotou os ingressos colocados à venda, exigiu a volta do cantor por duas vezes.
O músico tentou se justificar. “Na verdade, foi um mini-recital… Não foi por falta de repertório, o que não falta no CD são músicas boas.”
Sem canções preparadas para o bis, o cantor acabou tendo que repetir alguns números para minimizar o mal-estar dos presentes.
Um dos destaques da platéia cheia de celebridades estava sentado bem na primeira fila: Dona Zica da Mangueira, viúva de Cartola.
Dona Zica não conteve os elogios ao comentar a amplitude da obra do compositor e companheiro. “O Cartola tem centenas de músicas. Dava pra ficar dias cantando. Mas o Ney escolheu as que mais gostava, e por sinal se saiu muito bem.”
Durante a apresentação, o cantor chamou a atenção para o prazer em poder por em prática esse projeto, que vinha acalentando há tempos. “O Cartola é um mito para mim. Tento cantar suas canções com um sentimento diferente, mais sóbrio talvez”, disse o artista.
O disco não foi pensado como um lançamento comercial, mas acabou despertando o interesse da gravadora Universal. Nele, Ney apresenta raridades como “Senões” e “Desfigurado”, além dos clássicos “Cordas de Aço”, “Tive Sim”, “O Sol Nascerá” e “As Rosas Não Falam”.
“Ouvi tudo o que tinha disponível do Cartola e tirei as que preferi. Quase todas eu já conhecia” afirmou, explicando a escolha do repertório do CD.
“A obra dele é impressionante. É incrível como uma pessoa simples pode jorrar tanta poesia. Era realmente um espírito requintado”, elogiou.
O próximo projeto de Ney também será dedicado apenas a um compositor, seu grande amigo Cazuza.