(Por Caio Nolasco)
Em comemoração aos seus 30 anos, o Rock In Rio lança um presente especial para o público, o Rock In Rio Box Brasil 30 Anos. O projeto reuniu artistas consagrados do rock nacional para interpretar 30 hits brasileiros. Essa brincadeira séria rendeu grandes frutos e todos poderão ver a partir de setembro em uma caixa que traz CD, DVD e fichário com partituras.
As gravações foram feitas durante 4 dias na Cidade Das Artes, no Rio de Janeiro e proporcionaram grandes números musicais. Regidos por Liminha, produtor musical do projeto, os artistas cantaram sucessos eternizados por outros músicos, imprimindo o seu estilo na nova versão. Uma tarefa sem muitos problema quando se trata de Skank, Frejat, Jota Quest, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, entre outras feras.
“A gente se considera uma banda de bairro, porque adoramos cantar música dos outros. No nosso começo de carreira fazíamos muito isso, quando ainda não tínhamos um repertório autoral amplo. O Hebert, então, é uma jukebox ambulante” conta João Barone, baterista dos Paralamas do Sucesso, que canta Inútil, do Ultraje A Rigor, e Tempos Modernos do Lulu Santos. “É um hino da nossa época, quando éramos jovens e íamos no show do Lulu pra entregar nossa demo depois no camarim dele. Coisa que fazem com a gente hoje.” Completa o baixista Bi Ribeiro.
Os Paralamas também foram homenageados, desta vez pelo Jota Quest, do vocalista Rogério Flausino, que não conseguia esconder a alegria em fazer a sua versão para a música Caleidocóspio. “Os Paralamas são, definitivamente, um dos pilares do rock brasileiro. A gente ainda não tinha feito nada deles até então. Escolhemos Caleidoscópio por ter uma onda peculiar de metais e muito groove”, explica.
De fato, o Jota Quest se sentiu muito à vontade com a canção e deu um toque mais moderno à canção usando seu teclado característico com programação digital. Outros artistas conseguiram ir além e mudar um sucesso quase que por completo. Foi o caso do Cidade Negra em Legalize Já, do Planet Hemp. Depois de tocar com o arranjo original, na volta do refrão o andamento cai e vai para um reggae tradicional. Toni Garrido explica: “A gente estava ensaiando a música e o Lazão, incomodado, me perguntou se a gente ia tocar como os caras. Aí, resolvemos no meio mudar um pouco e fazer uma mistura Planet-Cidade-Peter Tosh”. Garrido ainda aproveitou para reverenciar a canção, que surgiu como polêmica em 1995 e se tornou um dos maiores manifestos do rock. “Não tem nenhuma bobagem ali. É uma hipocrisia gigante, porque o governo ganha dinheiro com álcool e tabaco, que matam pra caramba, e a maconha a gente sabe que não mata.”
O “homenageado” em questão, Marcelo D2, disse que ficou “amarradão” em saber da escolha do Cidade Negra e, por sua vez, fez um arranjo mais hardcore para a música Polícia, dos Titãs. “Adoro xingar a polícia. É sempre bom manter as coisas no lugar.”, brinca. O cantor não deixou de exaltar a importância do projeto. “O Brasil esquece muito da história, e a gente documentar um pouco da história dessa maneira é muito importante. A princípio, poderia ser só mais uma caixa, mas o Rock In Rio foi muito importante pra essa geração que está registrando esse trabalho.”
E por falar nisso, história é o que não falta no Rock In Rio Box Brasil 30 Anos. Responsável por fazer uma nova versão para Andar Com Fé, de Gilberto Gil, o Skank conta como a música voltou para as mãos da banda após ser quase gravada em 1994, no disco Calango. “Na época, a gravadora insistiu para que a gente gravasse e o diretor artístico era, justamente, o Jorge Davidson, que está dirigindo hoje aqui também. Então, finalmente, vamos entregar a Andar Com Fé que ele tanto queria.”, brinca Samuel Rosa.
A banda também regravou Para Lennon e McCartney, eternizada pelo Clube da Esquina, e Gil ainda foi lembrado em outra música, Palco, interpretada por Fernanda Abreu. Porém, o campeão de regravações do projeto foi Renato Russo. O compositor morto em 1996 foi homenageado em 4 canções: Veraneio Vascaína, pelo Ira!; Quase Sem Querer e Geração Coca-Cola, por Dinho Ouro Preto e Tempo Perdido, que ganhou a voz de Paulo Ricardo. “O ano de 1985 marca o lançamento do primeiro disco do RPM e também o primeiro do Legião. Então, sempre estivemos muito próximos e não é à toa que somos amigos até hoje.’’, conta Paulo Ricardo.
Outra história interessante sobre a gravação do box foi o troca-troca musical entre as cantoras Pitty e Baby do Brasil. Baianas e roqueiras, porém de gerações diferentes, uma repaginou a música da outra. Enquanto Baby regravou Semana que Vem, Pitty ficou com a consagrada A Menina Dança, sucesso dos Novos Baianos. “Eu queria uma mulher, uma artista feminina e essa música representa muito pra mim, pois me acompanhou ao longo da história.”, define Pitty.
Outros artistas e músicas que completam o projeto são Paula Toller, cantando Vou Deixar (Skank); Legião Urbana – representado por Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos – interpretando Por Você (Barão Vermelho) e Toda Forma de Poder (Engenheiros do Hawaii); Blitz, cantando Óculos (Paralamas) e Sonífera Ilha (Titãs); Frejat, com Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda (Hyldon) e Você Me Acende (Erasmo Carlos) e Pato Fu, que canta Três Lados (Skank) e Seu Espião (Kid Abelha). Para os curiosos e ansiosos, agora é esperar o Rock In Rio Box Brasil 30 Anos chegar às lojas para ver o resultado.
Saiba mais como foi a gravação do Rock In Rio Box Brasil 30 Anos: