Linn da Quebrada por Wallace Domingues

Mudança e coragem. Foram duas palavras bastante ditas na noite desta quinta-feira (15) na audição do Trava Línguas. Com a presença de Linn da Quebrada, BADSISTA, Dominique Vieira, Luiza Nascim, Ventura Profana e Castiel Vitorino Brasileiro, o evento aconteceu algumas horas antes do lançamento oficial do disco nas plataformas. Linn, as produtoras e as artistas convidadas contaram um pouco mais sobre o processo de criação do novo álbum, lançado pelo edital da Natura Musical.

Trava Línguas traz a nova Linn, a Lina Pereira que matou o Junior para ser sua versão mais sincera. A Linn da Quebrada que encarou, e encara, todas suas contradições, na vida e no disco, e esse processo pode ser acompanhado no decorrer das faixas. “Eu diria que a música é a minha vida. Mas a música está ligada à indústria e ela tomou muito de mim. Agora eu estou aqui para tomar tudo de volta”, revela a artista.

Com a coragem de assumir seus erros e fragilidades, Linn contou com diversas parcerias neste processo. O álbum tem produção de BADSISTA, parceira firmada desde “Pajubá” (2018), e da percussionista Dominique Vieira. O disco conta com as participações de Luiza Nascim e Ventura Profana, além de homenagens a Xica Manicongo e Stela do Patrocínio.

Na audição, Linn revelou que foi tirada musicalmente do lugar de costume por BADSISTA, o álbum vem de um processo de amadurecimento e pesquisa interior. Com a presença de elementos percussivos e a influência da house music nos beats e as camadas eletrônicas, presentes em quase todas as faixas. Além da mistura desses elementos com outros ritmos, como reggaeton na faixa “dispara”, com participação de Luiza Nascim.

Em “pense & dance” a artista fala da sua relação com o corpo, em uma faixa que clama por movimento. Essa relação também foi desenvolvida por Castiel Vitorino Brasileiro, responsável pela direção de arte do trabalho. No evento, Castiel revela que o corpo é uma das certezas que temos, na transição de gênero há uma mudança de perspectiva, esta que foi retratada na capa. Linn explora seu corpo em um espaço semelhante ao espaço de nascimento. “É retratado um espaço de nascimento seguro, que pode ser abandonado para uma nova história”, detalha Castiel.

Cercada de significados em cada processo do disco, Linn afirma que deseja se nutrir de seu trabalho e o álbum é apenas uma parte deste processo. Além do podcast, em que a artista detalhou o processo de criação do álbum, Trava Línguas ganhará um filme-documentário com a criação do disco e o mergulho de Linn em si. Além da parte criativa, o registro acompanha a jornada física, em que a artista viajou até Viçosa (AL), cidade natal de sua mãe, para entender mais sobre seus antepassados. “Precisei entender de onde eu vim para saber para onde vou”, revelou.

Após mudanças e atos de coragem, Lina Pereira se revelou mais ela, sensação que estava explícita pela janela do Zoom na chamada de vídeo. Segura, confiante e confortável de estar onde está, além de ansiosa e feliz pelos próximos passos que ainda não deu. Todo esse processo pode ser escutado em Trava Línguas e acompanhado nos desdobramentos deste projeto.


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“Não quero o produto, quero me nutrir”, Linn da Quebrada revela o processo de se encontrar

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