A 5ª edição do Palco Ultra Festival rola em Belo Horizonte no dia 22 de setembro na praça da Assembléia, em Belo Horizonte. A iniciativa é uma parceria entre Ultra Music e Under Discos, do grupo UN MUSIC.
No line: Djonga; Francisco, El Hombre; Maglore; Giovani Cidreira; Luan Nobat; Moons; Sara Não Tem Nome; Marcelo Veronez.
Nós trocamos uma ideia com Djonga, nome já elogiado por Mano Brown, expoente do novo rap e que se junta a um grande elenco de músicos brasileiros, mineiros ou não.
Existe algo tipicamente mineiro na sua música?
Djonga – Acho que só o fato de eu estar falando da minha vivência, do meu dia a dia, das coisas que acontecem aqui já é mineiro pra caralho né, porque a realidade da periferia dos bairros mesmo que seja comum a todos, comum em todos os lugares, em cada lugar querendo ou não tem algumas especificidades, por exemplo as gírias, minhas gírias por exemplo não são as mesmas dos caras de SP do RJ, acho que existem umas gírias meio universais no rap, mas tem algumas que eu falo, que só eu falo porque só aqui, com meus amigos, na minha área que eu escuto.
O que está rolando de mais interessante na música hoje na sua opinião?
Djonga – Na música tá rolando uma banda aí que pra mim é o grande lance do momento que chama A outra banda da lua, acho que isso é a coisa mais interessante que tá rolando na música no momento, eu gosto muito.
Que características crê que sejam mais marcantes da sua geração?
Djonga – Acho que a grande característica da minha geração é a vontade de mudança, eu acho que o rap passou por um momento que ele saiu da mão de quem fazia rap, de quem sempre costumava fazer rap e foi pra mão de uma galera que também pode fazer rap, mas que alguns dessa galera não estavam tratando a cultura com devido respeito, e aí minha geração ela vem pra falar assim “opa, calma aí, ainda estamos aqui, não estamos mortos, tamo vivão aí e vamos fazer isso com respeito!” Porque a cultura ela é de todo mundo, mas a partir do momento que ela não é tratada com respeito, ela é só de quem respeita. Tem outra característica que eu acho muito marcante também que é a questão do profissionalismo, a mudança no quesito produção, principalmente, é bem notável, muito decisivo os resultados
Quais são suas referências estéticas?
Djonga – Minhas referências estéticas passam por MC Smith ali no funk, MC Magrinho, passa pelo Hot que é inclusive do meu grupo, DV, não tem como não passar, aí alguém pode dizer que é clichê mas não tem como não passar pelo Basquiat. No quesito estilo, passa também por todo uma conjunção entre Hip hop e funk, tem essa questão né, porque eu venho de um lugar onde a galera, por exemplo no quesito vestimenta, se veste de camisa de time e isso e aquilo, e no Hip hop a galera já tem inclusive nos últimos tempos uma ligação com a galera da moda, até da alta costura, então é uma conjunção mesmo de Hip hop com funk, minhas referências estéticas são essas. E aí Racionais também, e todos os amigos do bairro aqui que eu cresci junto, é difícil falar né, sobre referência estética mas é meio que isso, é meio hip hop, meio funk e meio rock. E não só estética visual, estética musical também.
Quais são seus valores essenciais?
Djonga – Meus valores essenciais, num sei, caralho, pergunta boa. Acho que o valor mais essencial que eu tenho é entender assim, de coração, mesmo, que nada faz sentido exatamente, tipo assim, dinheiro não faz sentido, música não faz sentido, nada faz sentido, o importante é o que a gente faz com a coisa, então esse é meu valor essencial, acho que essa é coisa mais essencial que eu tenho, ter essa noção. Porque tipo, a grande questão não são as coisas, e sim o que a gente faz com elas, o que a gente faz de importante com elas, isso é uma coisa que eu acredito muito, muito muito, e diante disso eu to aí, fortalecendo sempre as pessoas que eu acredito, e tentando andar, mesmo que não de uma maneira chapa branca, na linha.
Que dica daria a um iniciante?
Djonga – Faça. Pra um iniciante é passar do início mesmo, trabalhe até você deixar de ser um iniciante, essa é minha maior dica para um iniciante.
Quais são suas próximas jogadas?
Djonga – Acho que agora vem alguns trampos aí, uns singles talvez, to pensando se eu faço um disco, um EP, eu acho que eu estou mais no momento de pensar qual é o próximo passo, tem dois singles com certeza pra vim, e aproveitar que esse ano eu não fiz música com quase ninguém e soltar os trampos que eu acho relevante com as pessoas que eu acredito. Mas minha próxima jogada mesmo é abrir um lava jato, depois um posto de gasolina e coisas do tipo.
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Créditos: Caroline Lima