Ouvir sua própria música no rádio, TV ou em um grande veículo pode ter um significado de “eu cheguei lá” para músicos que sabem o quanto este vestibular do estrelato é concorrido. Jorge Aragão lembra que estava varrendo a casa, o fenômeno Tiago Iorc conta que teve sua demo tocada em Malhação e o Scalene, aposta do novo rock, revela que ainda hoje se surpreende com as chamadas em rede nacional do DVD da banda.
“Eu estava ajudando a varrer a casa e fiquei que não cabia dentro de mim. Logo em seguida, começou a tocar muito a música com a Elza (Malandro)”, afirma a lenda do samba. Citando o saudoso Orkut, Tiago Iorc lembrou o momento em que começou a ficar famoso. “A primeira vez que ouvi minha música tocando em um grande veículo foi na Malhação. Usaram uma demo minha na trilha de Malhação. Foi esquisitaço porque antes daquilo não existia nada na internet do meu trabalho autoral. Era época do Orkut e dentro da comunidade de Malhação criaram um tópico de discussão sobre a música e tinha mais de 3 mil comentários das pessoas tentando descobrir de quem era a música. Foi bastante curioso”, afirmou.
Já Gustavo Bertoni, da Scalene, afirmou que a experiência de estranhamento permanece. “Na rádio já faz um tempo, foi bem legal. Até hoje um amigo às vezes nos manda mensagem quando toca. Propagandas do nosso DVD estão passando na Globo frequentemente e é muito louco pensar que milhões de pessoas estão vendo aquilo. Ver nosso trabalho sendo reconhecido e nosso som chegando em mais ouvidos é sempre bom”, comentou.
Jorge Aragão foi além e contou ainda uma história que diz ter guardado como aprendizado para vida. “Estávamos num bairro no Rio de Janeiro chamado Parada de Lucas e eu fui pegar um ônibus para Bonsucesso e nesse ponto de ônibus não tinha ninguém a não ser um camarada que lá é chamado de apontador, que ficava tomando nota das coisas, falava com o motorista e tal, que estava com um radinho de pilha”, lembrou.
O sambista, em seguida detalhou a história. “A música começou a tocar e eu fiquei num estado que eu não sabia o que fazia. Eu queria puxar conversar para poder falar alguma coisa da música. E eu só lembro de falar assim: ‘Poxa, tô felizão pra caramba porque esta música que está tocando é minha’. Ele estava escrevendo, escrevendo e quando eu terminei de falar, ele olhou pra minha cara e disse ‘éee’ e continuou escrevendo. E eu pensei ‘pra que eu fui abrir a minha boca pra falar alguma coisa?’. A partir daquele momento, nunca mais, ninguém, ninguém me ouviu nessa vida, eu anunciando que tinha um samba ou que eu era Jorge Aragão”, c0mpletou.