Um israelense de 32 anos tomou de assalto o Chivas Jazz Festival. Com um bombardeio de ritmos (música latina, israelense e clássica, jazz tradicional e fusion), o contrabaixista e pianista Avishai Cohen não deixou pedra sobre pedra na abertura do festival em São Paulo, na quarta-feira.
Acompanhado de sua International Vamp Band — formada por três israelenses, um mexicano, um cubano e um argentino –, Cohen deu um exemplo concreto de que a convivência pacífica entre diferentes culturas só pode ser positiva.
“Não tive a intenção de formar um grupo multirracial, fui conhecendo as pessoas e recrutando-as. Mas foi uma coincidência que me fez pensar em transmitir uma mensagem de tolerância e unidade ao mundo”, disse o artista à Reuters após o show.
O único CD do grupo (lançado em 2001), por sinal, chama-se “Unity” (“Unidade”) e uma mensagem no encarte não deixa dúvidas quanto à preocupação política do líder: “Temos esperança de que (…) nossa música o inspire a lutar por um mundo mais justo e pacífico”.
“O que está acontecendo (o conflito entre palestinos e israelenses) é terrível, me deixa abatido. As decisões não estão ao nosso alcance, mas cada um deve tentar fazer algo”, reforça.
DO CONTRABAIXO AO PIANO
Mas Cohen não é um militante político. O que o move é a paixão pela música de diferentes países, a começar pelo jazz.
O artista foi morar nos Estados Unidos em 1992, sendo logo descoberto pelo pianista Chick Corea. “Alguém deu a ele uma fita cassete com músicas minhas e ele gostou tanto que co-produziu meu primeiro disco solo e levou quase toda minha banda para formar o Origin”, conta, referindo-se ao atual grupo de Corea.
Como integrante do Origin, Cohen recebeu uma indicação ao Grammy e foi eleito baixista revelação de 2000 e 2001 pela respeitada revista Down Beat. “Estou no melhor momento de minha carreira, mas acho que é só o começo”, conclui sem falsa modéstia.
Não contente em ser um ás do contrabaixo elétrico e acústico, ele resolveu adotar o piano como seu principal instrumento na nova banda. “Comecei a tocar piano antes do baixo, mas até recentemente eu só o usava para compor. Como o instrumento foi ganhando espaço na minha música, resolvi montar um grupo onde eu pudesse tocá-lo”. O público do Chivas Jazz aprovou.