Lary acaba de lançar Se Joga, single em parceria com Negra Li, e aborda temas como sororidade e feminismo.
“Levanta da cama e vai atrás do que sonhou”, diz parte da letra na produção de Ruxell, Sérgio Santos e Pablo Bispo, que fala de sororidade e cita mulheres importantes como Frida Khalo e Ivete Sangalo.
Com uma batida leve e contemporânea, Se Joga traz uma mensagem de empoderamento e igualdade. “Se fecharem as portas, vai pela janela. Faz do seu caminho sua passarela”, cantam no dueto.
Leia entrevista com Lary:
Por que quis fazer uma música falando sobre sororidade e com a Negra Li?
Lary – Hoje, felizmente, tem se falado muito mais sobre sororidade e empatia, e aderi isso pra minha vida, tanto pessoal quanto profissional. Sempre quis escrever uma música que falasse da mulher, pra mulher… e agora me sinto preparada.
Acho que as mulheres ainda precisam se unir mais e quis trazer Se Joga como uma mensagem de incentivo.
Depois de produzir a música, senti vontade de convidar uma mulher pra cantá-la comigo. A Li foi a primeira cantora que me veio na cabeça, pois é representativa, tem um respeito enorme na música e uma história linda! E “deu match”! Ela amou a música, veio pro rio gravar, e ficou do jeitinho que eu queria.
O que está rolando de mais interessante na música hoje, na sua opinião?
Lary – Gosto da forma como os artistas têm apoiado cada vez mais causas importantes, trazendo isso pra música! Tenho gostado mais das mensagens que as músicas tem nos passado. Ouço muito rap e r&b atualmente, até mesmo como uma inspiração pra escrever. Gosto bastante e em breve pretendo lançar algo nesse estilo!
Você é formada em engenharia de produção, sente que há muito preconceito contra a mulher em áreas mais técnicas?
Lary – Sim, com toda certeza. A prova disso é o fato de que hoje os homens ocupam a maioria dos cargos importantes nas empresas. Na verdade isso ocorre em todo o mercado de trabalho, mas nas áreas mais técnicas é realmente gritante a disparidade de gêneros. E o preconceito com a mulher vai desde o questionamento constante sobre a sua capacidade, até suas vestimentas. Uma vez, li na infoMoney sobre isso. A mulher, nessas empresas predominantemente masculinas, precisa o tempo inteiro passar por provações. Além disso, são alvos de piadinhas e objetificação, são comparadas aos homens como “elogio”… são muitos os preconceitos com a mulher ainda nos dias de hoje. Sem contar com o fato de que mulheres engravidam, né? O que, pra muitas empresas, é um grande problema!
Na música, muitos homens ainda dominam a parte de produção musical e composição, isso é reflexo do machismo?
Lary – Assim como a sociedade na qual vivemos, a indústria fonográfica e o meio artístico de forma geral são ambientes muito masculinos e machistas. Os homens são a maioria nas posições de poder nas gravadoras, estúdios, escolas, a maior parte dos produtores musicais e de eventos, jornalistas e críticos que decidem os nomes em evidência.
Torna-se cansativo e desmotivador para uma mulher, tentar se inserir nesse meio, lutar por um lugar e ainda defender sua integridade física e emocional. Aos poucos isso vem mudando, mas infelizmente ainda é assim. A mulher é constantemente questionada quanto suas capacidades e habilidades.
E além disso tudo tem a disparidade financeira, o assédio, a sexualização da mulher. Tem que ter muita força de vontade e garra, viu? (risos)
Que artistas são modelos de carreira para você?
Lary – Beyoncé, Ivete Sangalo, Anitta, Elis Regina, Nina Simone.. mulheres poderosas, que empoderam ou empoderaram outras mulheres. Todas muito representativas, quebraram barreiras e se tornaram grandes ícones da música.
Quais são seus valores essenciais?
Lary – Amor ao próximo, empatia, verdade. Carrego em mim a certeza de que não vou passar por cima de ninguém e nem deixar de ser eu mesma pra chegar onde quero. Acho que tudo se conquista com muito trabalho, dando um passo de cada vez.