Ele era o George Harrison e um dos fundadores da Beatles 4Ever, banda cover reconhecida mundialmente. Marcus Ricardo Rampazzo, que morreu na terça (29), foi também professor de nomes como André Cristhovam, do titã Marcelo Fromer, e dos produtores Dudu Marote e Apollo 9.
Multi-instrumentista, era conhecido ainda por colecionador instrumentos vintage: guitarras, baixos, pianos, violinos, órgãos, sintetizadores, harpas, cítaras. Rampazzo se orgulhava de ter todos os instrumentos que os Beatles haviam usado em gravações e tinha o sonho de montar o Museu do Rock.
“Não tive infância: só pensava em música. Não empinei pipa, não joguei bola, nunca tive carrinho de rolimã, fui apenas um dia numa piscina em toda a minha juventude. A guitarra me conquistou. A música clássica naquela época me trazia muita melancolia. Os Beatles e a música pop foram, digamos, a minha salvação. Sempre desenhei muito bem, mas o desenho não emociona. O que sempre me emocionou foi a música”, afirmou ele em entrevista a Claudio Julio Tognolli, em matéria intitulada “O quinto Beatle”, em 2011, postada no site Jornalista 292.
O músico nascido na Mooca contou na conversa qual foi a sua porta de entrada para a beatlemania. “Como gostei muito de design também, eu enlouquecia com o tipo de guitarra que o George Harrison usava. Não demorou muito para eu descobrir que tudo que a Jovem Guarda nos trazia vinha dos Beatles. Daí pra frente não parei mais”, afirmou.
Sobre a influência e permanência dos Beatles, ele resumia dizendo que “estavam na hora certa, no lugar certo, com as pessoas certas e com tudo conspirando a seu favor”. E exemplificava: “Se você ouvir Elvis Presley, vê que ele é datado. Mas se você ouvir os Beatles de 1963, por exemplo, verá que eles estão frescos, como se tivessem gravado hoje. Ali foram escolhidos os equipamentos que também os fazem transcender. Microfones alemães Neumann, as mesas dos estúdios EMI, a escolha dos amplificadores ingleses Vox que não se sobrepõem ao som original de cada guitarra”, disse.
De Glasgow, na Escócia, onde mora, André Christovam fez sua homenagem no Facebook: “Meu compadre faleceu! Meu primeiro professor de guitarra e a honra de ter sido seu primeiro aluno. Morreu um ser frágil e que nunca perdeu a sua gentileza e o amor pela suas guitarras. Estive com ele às vésperas de embarcar. Senti um receio pela sua fragilidade física e ainda assim tocamos juntos Here Comes the Sun e como sempre ele soou como um disco e eu um mero mortal. Morreu um irmāo que a música me deu. Vou me aquietar. Marcus R. Rampazzo 4 Ever!”, escreveu.
Marcus Rampazzo
Créditos: Reprodução