Quem esperava a mesma calmaria dos CDs foi pego de surpresa: o quinteto escocês Mogwai conseguiu provocar um choque na platéia do Sesc Vila Mariana, em São Paulo, na noite de terça-feira, com o som psicodélico e barulhento.
Durante cerca de 1h30 de apresentação, a banda de Glasgow falou pouco — apenas duas músicas tinham vocais –, mas hipnotizou a todos com acordes mínimos de guitarras em alto e (muito) bom som.
Grande parte da graça das músicas vinha da tática usada pela banda, na qual batidas calmas e guitarras tranquilas, de repente, se transformavam em uma quebradeira sonora sem fim.
Mas era um barulho milimetrado e com hora certa para acabar, dando espaço, em seguida, ao solo baixinho de guitarra, com toda a calmaria anterior.
As músicas foram apresentadas com o consentimento silencioso e boquiaberto das 550 pessoas presentes, comportadamante sentadas no teatro do Sesc. A quietude da platéia só era quebrada nos intervalos das canções, quanto os músicos eram ovacionados com palmas e gritos.
O repertório do show ficou por conta dos três CDs da banda — o último, “Rock Action”, foi lançado no Brasil, no ano passado, pela gravadora Trama. Houve apenas uma música inédita, “G #”, devidamente apresentada por Stuart Braithwaite, guitarrista e frontman.
No bis, a canção “My Father, My King” fechou no melhor estilo rock and roll. O som ficou mais pesado, finalizando com a destruição das cordas da guitarra de Braithwaite.
Em uma conversa informal no hall do Sesc, o músico contou à Reuters que a apresentação foi “bem legal”, assim como a “agitação” do público e o funcionamento da aparelhagem sonora (que não veio completa para não encarecer demais a viagem).
O Mogwai se apresenta novamente em São Paulo, no Sesc Vila Mariana, nesta quarta-feira. Depois, os escoceses seguem para Belo Horizonte, onde participarão do festival Eletronika. O último show no país acontece sábado, no Rio de Janeiro.