Samba é sinônimo de resistência, e pensar o bicentenário da Independência do Brasil requer um olhar atualizado sobre acontecimentos históricos e políticos, e como eles são ensinados. Uma das formas de se contar a história de um país é através da música, e o samba-enredo de 2018 do Paraíso do Tuiuti, “Meu Deus, Meu Deus – Está Extinta a Escravidão?”, faz isso com maestria.
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Essa e outras músicas estão presentes no documentário “A Cara do Brasil”, que será lançado dia 30 de março no YouTube, trazendo depoimentos e reflexões de cantores, compositores e músicos do grupo Moacyr Luz e Samba do Trabalhador, com um olhar atual, descolonizando a história brasileira.
No vídeo, Moacyr Luz fala sobre o samba composto por ele para a Tuiuti: “Essa música foi mais uma denúncia aos estereótipos, como a empregada doméstica da novela, que continua sendo preta. Ela não dorme mais na senzala, mas ainda dorme em condições precárias”, explica Moa.
O documentário “A Cara do Brasil”, gravado no Dia Nacional do Samba, 02 de dezembro, no Clube Renascença, tem roteiro e apresentação de Bia Aparecida, direção de Odoyá Produções e produção de Jacqueline Marttins, e foi selecionado através do edital Retomada Cultural do Governo do Estado do Rio de Janeiro.
Samba do Trabalhador
Consolidado na geografia cultural do país como pólo de resistência da cultura brasileira, o Samba do Trabalhador foi fundado por Moacyr Luz em uma tarde de 2005.
O nome de batismo da roda foi inspirado no dia de suas apresentações, todas às segundas-feiras, no Clube Renascença. Ocorre que, ao contrário da maioria das profissões, as folgas dos músicos são sempre às segundas. Foi por isso que, há 16 anos, Moacyr viu nesta data uma oportunidade rara de reunir seus amigos do samba, que têm agenda lotada nos outros dias. O encontro casual virou patrimônio cultural, e hoje reúne milhares de pessoas semanalmente, entre personalidades da cultura brasileira, músicos e anônimos. Já passaram por lá nomes como Anderson Cooper (âncora da CNN), Fagner, Pedro Bial, Débora Bloch, o ex-jogador Júnior, entre muitos outros. Em comum, todos fãs do verdadeiro samba de raiz.
Parada obrigatória para amantes da música brasileira, com o passar dos anos o movimento ganhou contornos de resistência, por manter vivas as tradições do samba e as pautas sociais em versos e acordes. Esta rica história, que inclui 5 álbuns lançados e 3 Prêmios da Música Brasileira, além de dezenas de participações de estrelas da nossa música.
O SDT é formado por: Moacyr Luz (voz e violão), Daniel Neves (violão de 7 cordas), Alexandre Marmita (voz e cavaco), Gabriel Cavalcante (voz e cavaco), Nego Alvaro (voz e percussão), Luiz Augusto Lima Guimaraes (percussão), Nilson Visual (surdo e tamborim), Junior De Oliveira (percussão) e Mingo Silva (voz e pandeiro).