Após dois anos de espera e diante de um visível contraste – entre as reclamações em torno das atrações e as 595 mil entradas esgotadas -, o Rock in Rio abriu sua 13ª edição (a quinta em terras cariocas) nesta sexta-feira 13 longe da essência de outros tempos, mas convenceu o publico antes dos principais shows, de Ivete Sangalo, David Guetta e Beyoncé.

Apesar do forte calor na Cidade do Rock, no bairro da Barra da Tijuca – a sensação térmica na sombra era de 40 graus -, o público começou a chegar a partir das 14h e, pouco antes do anoitecer, os 150 mil metros quadrados do espaço construído no Parque dos Atletas já estavam praticamente dominados pelas 85 mil pessoas esperadas – não mais 100 mil, como em 2011.

Mesmo com a redução de público, que não evitou o problema das longas filas de até 6 horas para se jogar na tirolesa, por exemplo, o festival espera receber 600 mil pessoas (300 mil só de turistas) até o próximo dia 22. Os organizadores calculam que essa edição movimentará mais de R$ 1 bilhão, um valor 15% superior ao da última edição no Rio.

“Foi difícil chegar, mas isso aqui está lindo. Cheguei cedo para aproveitar os brinquedos do parque, a ‘rua rock’ [Rock Street, uma temática rua londrina cheia de atrações] e arrumar um bom lugar para o show da Ivete”, declarou Ângela Souza, que veio do Espírito Santo de ônibus para o festival. “É aproveitar o fim de semana aqui e ir para casa”, completou.

Quem optou por chegar cedo, além de evitar os previsíveis transtornos da chegada ao local, também pôde aproveitar as atrações do Sunset, o palco alternativo que abriu o festival com quatro curiosos encontros: Flávio Renegado e Orelha Negra, Vintage Trouble e Jesuton, Maria Rita e Selah Sue e, por fim, Living Color e Angélique Kidjo.

Após o primeiro deles, que misturou o hip-hop brasileiro e português com uma Cidade do Rock ainda vazia, a banda californiana Vintage Trouble entrou em cena e levantou o público com uma explosiva mistura de rock e blues no palco que abrigará 58 artistas em 32 shows ao longo dos sete dias de festival.

“Acompanhamos o Rock in Rio pela televisão e hoje estamos realizando um sonho”, afirmou o animado vocalista Ty Taylor, que veio acompanhado de Nalle Colt (guitarra), Rick Barrio Dill (baixo) e Richard Danielson (bateria) e não poupou elogios ao descrever a convidada Jesuton, cantora britânica radicada no Rio de Janeiro.

Com um sorriso aberto e cheia de swing, a cantora que ganhou fama nas ruas da cidade trouxe brasilidade ao encontro e, até por isso, ganhou os presentes com sua sonoridade. Uma versão de Mais Que Nada, canção de Sergio Mendes imortalizada na voz de Jorge Ben Jor, coroou sua boa apresentação.

Na sequência, com o Palco Mundo já aberto, quem assumiu o Sunset foi a cantora belga Selah Sue, que, logo após apresentar seu “Raggamuffin” ao público, anunciou o esperado nome de Maria Rita, talvez o mais conhecido do primeiro dia do Sunset entre os brasileiros.

A parceria entre as duas surpreendeu e agradou bastante. A filha de Elis Regina assumiu as rédeas e deu sequência a um swingado show. Esbanjando carisma, a cantora apresentou alguns de seus principais hits e, já de noite, encerrou a apresentação pontualmente, assim como as demais.

Por fim, quando o palco se mostrava realmente alternativo, tendo em vista que muitos preferiram ficar guardando lugar para as principais atrações, o Living Colour assumiu o (des)controle da noite e fez uma memorável exibição, com direito a um passeio junto ao público e tudo mais.

Com sua inconfundível mistura de funk metal, a banda americana formada ainda em 1984 começou o show com uma sequência alucinante (Cult of Personality, Middle Man e Desparate People), sem falar na presença de palco do veterano vocalista Corey Glover, que, por sinal, estava na plateia quando chamou Angélique Kidjo. A diva africana trouxe regionalidade ao som do quarteto e fechou o palco Sunset com chave de ouro.

“Esse palco é o melhor do Rock in Rio. Aqui você verá uma nata de artistas excepcionais, mas todos fora da grande mídia. Essa sacada de formar encontros foi ótima para integrar os ritmos e fazer uma festa só. Já o Living não é melhor e nem pior que Beyoncé, é único e por isso está aqui”, declarou o animado carioca Marcus Hill, que se disse “vizinho da Cidade do Rock”


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Mesmo sem grandes astros, Palco Sunset levanta público

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