Rio de Janeiro, 1985. Uma banda de pós-punk da Georgia, EUA, bota milhares de brasileiros para dançar num festival predominantemente metaleiro. Era a estreia do B52’s no Brasil, colocando cores numa tediosa paleta preta do heavy metal.

São Paulo, 2013. A mesma banda, com formação de front idêntica (as vocalistas “ab-fabs” Kate Pierson e Cindy Wilson e Fred Schneider, o mentor musical e dono da voz metálica, uma das marcas registradas da banda), transforma a casa de show HSBC Brasil numa pista de dança new wave, de novo. 

O show começa com Planet Claire, já colocando o público no clima festivo que estava por vir. De cara, os agudos de Kate demonstram que os anos foram gentis com suas cordas vocais. Nem tanto para os looks das “meninas”, agora na casa dos 50, e não mais tão montadas como quando surgiram no final dos anos 70 – num época em que a disco music já dava sinais de cansaço, e o pós-punk trazia uma certa melancolia no jeito de vestir.

Quando apareceram, Kate e Cindy causaram com uma coleção de roupas coloridíssimas de brechó dos anos 60 e as famosas e imensas perucas “bolo de noiva”, que depois seriam resgatadas por figuras como Amy Winehouse. Agora, as perucas tomaram uma chuva, ganharam um toque de chapinha, e as moças, um banho de loja… de departamento. Tudo mais certinho, pelo menos no visual.

Mas na música a coisa continua impecável. As vozes dos três líderes seguem firmes, cristalinas. A animação no palco, a de uma banda de garagem – apesar dos movimentos econômicos de Cindy, que enquanto tocava o bongô e degustava um drink parecia estar poupando energia para uma aula de ioga.

Mesopotamia, a segunda música, já coloca a plateia no mood new wave. Basta olhar para o lado e ver dancinhas tipo aqualoco, que muitas vezes eram feitas no palco pela animada ruiva Kate Pierson.

Fred, então, anuncia o primeiro superhit de uma séria que viria, Private Idaho. As pessoas foram ao delírio de um tanto que ao final da música, quando Fred anunciaria a próxima, faltou energia elétrica no HSBC.

Sim, um apagão poderia azedar a festa se não fosse a experiência de décadas de estradas que, segurando a onda, fez com que, durante o breu, os músicos improvisassem um animado batuque que foi acompanhado pela plateia.

Luzes acesas, Fred não perdeu a piada e disse: “Desculpem por isso, nos esquecemos de pagar a conta de luz”. O bom humor foi o tom que prevaleceu durante toda a apresentação da banda.

A exceção ficou por conta do agradecimento emocionado de Cindy à plateia ao contar que a próxima música que iriam cantar, Girl From Ipanema Goes To Greenland, seria dedicada ao irmão, Ricky Wilson, um dos fundadores da banda, que morreu em decorrência da Aids, na década de 1980.

A coleção de hits foi de deixar feliz qualquer fã de best ofs da banda. Legal Tender? Teve. Love In The Year 3000? Sim. Love Shack? Sim! E daí uma pausa, pro bis, que retorna com duas bombas que fizeram do HSBC um lugar melhor para estar: Party Out Of Bounds e Rock Lobster, com direito a dancinha super animada de Kate Pierson.

Se dá pra dizer que o B52’s fez algo pela humanidade foi deixa-la mais colorida, divertida e bem-humorada. Foi assim no Rock in Rio em 1985. E foi assim no HBSC Brasil, em São Paulo, neste sábado.

PS da Elka, VJ da apresentação: E o mais incrível foi perceber que tudo que importa está ao alcance de um beijo <3


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Mesmo com apagão, B52’s recria festa new wave 28 anos depois do Rock in Rio em São Paulo

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