Aos 39 anos, DJ desde os 12, e mais conhecido por um estilo visto de maneira totalmente equivocada como datado, o drum and bass, o DJ de Mato Grosso do Sul Marquinhos Espinosa venceu na madrugada de sexta (3) em Curitiba, a final nacional do Red Bull 3Style, um dos principais campeonatos de DJ do mundo. Agora, representará o Brasil em Cracóvia, na Polônia, em fevereiro do ano que vem.
A particularidade do 3Style, como o nome diz, é que o DJ precisa tocar ao menos três estilos. Marquinhos e os demais cinco finalistas mostraram o alto nível que os brasileiros têm alcançado. Exemplo disso é Erick Jay, campeão mundial em 2016 de outra competição de DJ, o DMC World.
O Virgula Música esteve no Paradis Club, na capital paranaense, que ferveu ao comando do MC Kamau. Nedu Lopes (tricampeão brasileiro do Red Bull 3Style), DJ Byte (chileno que levou o título mundial em 2015) e Shintaro (campeão em 2013) foram os jurados. Cada competidor tocava por 15 minutos, marcado no relógio.
Curioso perceber como os cariocas Nino e Tucho fizeram proveito do funk, embrasando o baile. Cinara, bicampeã brasileira, fez um set elegante, sem firulas.
Guto Loureiro (MS) foi outro competidor de alto nível, mostrando que o Pantanal tem tantos bons DJs quando jacarés e tuiuiús. Jogando em casa, o local Morenno levantou a galera e se mostrou um showman.
Esta foi a quinta vez que Marquinhos Espinosa disputou a competição e ele foi campeão em 2013 e vice no ano passado. No Canadá, em 2013, chegou à final.
Sobre a diferença na estratégia desta vez que o levou à vitória, ele contou: “Eu fiz um set mais simples do que eu fazia antes. Nestes anos todos eu fui tentando mostrar um pouquinho de estilos diferentes…. o que eu toquei hoje eu toco mais em festa. Eu fiz um pouquinho colocando outros estilos e tal, mas muita coisa que eu já toco em festa”.
“Eu sou um DJ que toca de tudo. Eu tentei botar coisas um pouco mais conhecidas, coisas antigas e algumas coisas mais pesadas também, que eu também gosto”, ressaltou.
“Você não pode focar tanto nesta parte técnica e não ir musicalmente com a pista”, deu a letra.
Em relação ao fato de ser de Campo Grande, ele diz que atrapalha a divulgação por um lado, por estar à margem de grandes festas que rolam no país, mas que também isso foi um fator que contribuiu para que ele se tornasse mais eclético. “Se eu morasse no Rio e São Paulo eu poderia tocar só um estilo”, afirma, antes de lembrar outro grande momento da carreira.
“Eu ganhei um campeonato em 2004 no Love-e, em São Paulo, que foi o DJ Marky que escolheu. A partir dali, eu fui conhecido por um DJ de drum and bass por esta galera. Depois teve um outro lance que foi parada AME. Então os caras achavam que eu tocava só drum and bass, aí quando eles tiveram mais intimidade e ver o meu trabalho, eles perguntavam, ‘pô, Marquinhos, você toca funk?’ Eu toco de tudo, cara, porque aqui eu sobrevivo de música e o que eu faço, eu explicava pros caras, eu acabava tocando músicas que eu não gostava para pegar essa grana e comprar meus discos”, lembrou.
“Sempre tive o drum and bass como um gosto pessoal, mas não era o que realmente pagava as contas e que realmente eu tocava bastante. Hoje em dia eu toco ainda drum and bass, consegui colocar uma no set, mas teve funk, rap nacional”, enumera. Preparem os graves que Marquinhos está chegando na Polônia e o negócio vai ser incendiário.
* O jornalista viajou a convite da Red Bull