Como seria uma live do fim do mundo? A diretora Laís Aranha materializou o universo de Marina Melo, a partir de argumento da artista, no clipe da faixa-título do novo projeto da cantora e compositora paulistana. No vídeo da faixa “Live do fim do mundo”, Marina navega na internet sem grandes sustos até que recebe um convite: para participar da live do fim do mundo. E, sob o aviso de atenção “não olhe muito para tela, pois, sabe, é capaz que você se veja nela”, versos centrais na música que deu origem ao videoclipe, ela mergulha no futuro distópico e irônico que seu trabalho vem construindo ao longo de seus recentes lançamentos.
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No vídeo, enquanto se prepara para o fatídico evento, um avatar de Marina Melo, moldado por uma impressora 3D, vai sendo construído. No decorrer do filme, os efeitos de pequenas ações da artista vão impactando em larga escala sua figura em miniatura. A diretora conta que desde o início da concepção do clipe havia uma narrativa de “causa e efeito” culminando em uma grande catástrofe. No desenvolvimento do projeto, tanto Laís quanto Marina notaram que esses grandes acontecimentos não estão muito distantes de pequenas atividades cotidianas que realizamos sem pensar muito. E é isso que vai conduzindo a destruição de tudo.
“Uma questão que era importante para Marina era trazer desta vez um tom visual mais tecnológico para as imagens, algo que fosse digital, mas que também conversasse com o nosso mundo analógico, e daí surge a ideia da criação do avatar ‘vida real’ para ela mesma”, conta Laís Aranha, diretora do clipe, que completa: “o processo de criação da boneca, documentado e incluído como parte importante da narrativa, foi adicionando complexidades ao roteiro até o dia da gravação das últimas cenas.”
É interessante notar que o videoclipe é a conclusão de um longo processo que foi desenvolvendo a narrativa à medida em que Marina Melo construía suas canções. É possível, por exemplo, identificar referências às três músicas lançadas recentemente pela artista (“Live do Fim do Mundo”, solo, “Control Z”, com participação de Julia Branco, e “Perdida no Spam”, com participação de Bruna Lucchesi) ao longo do clipe.
Costurando temas apocalípticos e tecnológicos a uma linguagem bem-humorada, Marina Melo encerra uma trilogia de EPs iniciada em 2020. No novo trabalho, “Live do fim do mundo”, ela aborda as lives-espelhos que persistem desde o período pandêmico, na faixa título; a vontade de dar um “Control Z” (comando de desfazer) em todo o retrocesso da sociedade, na faixa homônima gravada com Julia Branco, e retrata o bombardeio de informações ao qual somos submetidos, cantando com Bruna Lucchesi em “Perdida no Spam”. Todas as canções contam com produção de Naná Rizinni, e lançamento do selo dobra discos. Ao longo da trilogia, a cantora e compositora paulistana experimentou ao lado de Naná diversas formas de gravação e concepção musical. Primeiro, gravaram à distância no primeiro EP, “O Mundo Acabou Mas Continua Girando” (2020), com Naná em sua casa em Londres, e Marina de sua casa em São Paulo. Depois, experimentaram fazer remixes para o EP “Canções de Amor Para Itens Descartáveis” (2022), com Naná projetada numa tela, enquanto Marina interpretava as canções em um teatro vazio. Agora deram um passe além, convidando instrumentistas para uma gravação em estúdio, ampliando o espectro sonoro construído por elas. O novo trabalho, que se conclui nesse começo de 2023, é a materialização do amadurecimento da parceria e da musicalidade das duas artistas.