“ViráDaRoda”, roda de samba da cantora e compositora Marina Iris, vai agitar o Casarão do Firmino, na Lapa, no dia 18 de agosto, sexta-feira, a partir das 19h. O evento, que recebe atrações de diferentes nichos artísticos, chega a sua segunda edição com participações de Jéssica Ellen, Nego Alvaro e Bell Barbosa.
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– A roda de samba é uma experiência estética e afetiva profunda: abarca todos os sentidos e nos ensina a celebrar nossa memória. E forma a identidade sambista de toda a sua comunidade. Mais do que um gênero musical, o samba é uma vida em comunidade. Jéssica Ellen, Nego Alvaro e Bell Barbosa são artistas muito conectados e preocupados em transformar nosso tempo. Me identifico e me encanto com seus trabalhos e posturas artísticas. Queremos falar de amor, respeito, riso, prazer. Tudo que nos humaniza sempre “ViráDaRoda”. E isso precisa ser celebrado – conta a anfitriã.
Virada
O evento estreou em junho e marca o lançamento de “Virada”, quarto álbum solo da carreira da sambista, disponível nas plataformas digitais. Sem deixar de lado sua trajetória engajada, vista nos álbuns “Rueira” (2018) e “Voz Bandeira” (2019), este dedicado à vereadora assassinada Marielle Franco, o novo trabalho da carioca conta com dez faixas sobre relacionamentos amorosos e apresenta uma linguagem popular, com sonoridade fiel às rodas de samba que povoam ruas e praças do Rio de Janeiro.
As canções foram gravadas com um time de convidados muito bem escalado, que inclui os cantores Péricles, Diogo Nogueira, Lenine, Moacyr Luz e Renato da Rocinha, além das cantoras Amanda Amado, Deborah Vasconcelos e Marcelle Motta. A produção musical do disco é de Vitor de Souza, jovem instrumentista que vem despontando na cena do samba/pagode, e a direção artística é assinada por Marina com o compositor e produtor Eduardo Familião. A artista ressalta a importância de o lançamento acontecer em uma roda de samba sua.
– Lançar o disco no palco potente do Circo Voador foi lindo e importante demais para minha história, para minha carreira. Pretendo seguir fazendo shows bonitos como aquele. Mas o prazer de lançar nas rodas de samba, especialmente numa roda minha e num evento com minha cara, é outro e envolve, inclusive, a possibilidade de exacerbar essa experiência sensorial e afetiva que a roda oferece. A um repertório que reafirma minhas bandeiras, se somam tatuagens provisórias, bala de canela para simbolizar o gosto que queremos para nossas vidas, o cheiro de alecrim se espalhando no ar e afastando energias ruins, cenografia, performance e convidados muito especiais – revela, adiantando um pouco do que o público encontrará no evento.
A ideia do disco veio ainda na pandemia. E surgiu justamente, segundo a cantora (que é casada com a atriz Luiza Loroza), por ter sido um tempo de reflexão e uma verdadeira prova de fogo para tantos casais.
– Foi um tempo duro, de perdas, de um sofrimento conjunto que impactou todas e todos profundamente. Foi também um momento de rompimento para muitos casais. Já para outros foi a oportunidade de reafirmação dos pactos de convivência e afeto. Foi um período muito intenso e que gerou um grande trauma social. Penso que esse disco, que fala sobre relacionamentos e que traz tantos convidados, propõe justamente unir essas vivências e vozes. Música nos afeta, nos toca como corpo coletivo. É isso que nos dá possibilidades de acolhimento e cura – defende.
Conhecida no universo do samba carioca por participar de rodas com o “Balaio Bom” (grupo responsável pela base sonora do disco), Marina não quis distanciar o público da música mesmo durante a quarentena. A saída encontrada pela cantora foi lançar alguns singles naquele período.
– Além de tratar da questão do amor, os lançamentos que foram aquecendo o disco significaram uma “virada” no sentido de proporcionar às pessoas que estavam em casa a sensação da roda de samba. Foi a possibilidade de entregar um pouco da roda, um pouco do encontro – lembra.
Em “Virada”, a cantora finca de vez os pés no que ela mesma chama de “ofício da composição”. Com parcerias com Moacyr Luz, Manu da Cuica, Raul DiCaprio, Marina assume de vez sua caneta e mostra suas perspectivas como compositora. Além de suas canções, o trabalho conta com músicas de Arlindo Cruz, Jorge Aragão, Aldir Blanc, Sombra, do expoente da MPB Tó Brandileone, entre outros. Dos clássicos às inéditas, o amor é o mote desse grande encontro.
– Nunca tive como ‘carro-chefe’ músicas que falassem sobre relacionamentos, sobre amor. Eu já queria fazer isso e fiquei mexida com relatos de diversas pessoas. Não significa deixar de lado a Marina militante, mas sim entender e acolher o amor como ato revolucionário – explica.
Trajetória premiada
Marina vem construindo uma carreira reconhecida por público, crítica e que se desdobra em diferentes projetos e funções.
Em 2017, sua música “Virada” foi eleita a “Música do Ano” em crítica realizada no jornal O Globo. Em 2018, a cantora se apresentou com a Orquestra Jazz Sinfônica, na celebração dos 60 anos do compositor Moacyr Luz, no Memorial da América Latina. Em 2022, ganhou o Prêmio Alcione, da Secretaria de Cultura do Rio de Janeiro, na categoria “Cantora do Ano”.
Além dos trabalhos individuais, ela assinou a direção artística de alguns trabalhos coletivos e shows de outros artistas do samba: “ÉPreta”, em 2017 (projeto idealizado pela cantora e que foi finalista do Prêmio da Música Brasileira em 2018), Canto em Movimento (2022), Canto de Rainha (2023), entre outros.
Mais novidades a caminho
Além do álbum e da roda de samba, Marina se prepara para mais duas novidades no segundo semestre. A primeira delas é o clipe de uma das faixas de “Virada”, a canção “Tô a Bangu”, que será lançado no dia 25 de agosto, sexta-feira, no canal da cantora no Youtube e nas suas redes sociais. Está previsto também o lançamento de seu primeiro livro infantil, “É Pretinha”, junto com as autoras Manu da Cuíca, Ana Costa e Stephanie Gonçalves.