Seus amigos famosos ainda a vêem como menininha tola, seus fãs mal conseguem acreditar que ela ainda está viva, e jornalistas só querem lhe fazer perguntas sobre seu namorado de três décadas atrás, um certo Mick Jagger.

Não é fácil ser Marianne Faithfull, que já foi a estrela mais sexy de Londres nos anos 1960 e hoje é uma avó de 55 anos. Ela se considera uma sobrevivente do rock’n’roll depois de superar escândalos, drogas, uma tentativa de suicídio e um colapso nervoso na TV ao vivo.

Há cerca de 40 anos, a antiga aluna de um colégio de freiras virou popstar, começando com o cover de “As Tears Go By”, dos Rolling Stones, em 1964. Ela tornou-se conhecida principalmente como namorada de Jagger, e os dois formavam o casal mais festejado de Londres.

Faithfull passou as duas décadas seguintes sob o efeito de drogas, muitas vezes dormindo nas ruas, mas, mesmo assim, conseguiu lançar alguns álbuns ótimos, especialmente “Broken English”, de 1979.

Hoje ela ainda é suficientemente cool para cantar com o Metallica e aparecer num comercial da Gap. Ela fuma, fala palavrões e ostenta uma tatuagem.

E, quando liga para algum músico jovem, ele atende ao telefone. Foi assim que, cercada de rígido sigilo, Faithfull gravou no ano passado, separadamente, com Beck, Billy Corgan (ex-Smashing Pumpkins), as bandas inglesas Blur e Pulp e seu velho amigo Dave Stewart, do Eurythmics.

O álbum resultante, intitulado “Kissin Time”, é seu primeiro em três anos. Faithfull diz que é seu “disco feliz”.

“SENTIMENTO DE ALEGRIA”

Desta vez a cantora se voltou aos fãs mais jovens, tendo aceito, a contragosto, que será sempre vista como “garota linda e tolinha” por amigos como Bob Dylan, Mick Jagger e Keith Richards (com quem também teve um caso).

Faithfull não se liga muito em nostalgia, mas seu novo álbum parece estar repleto disso.

Uma das faixas, “Sliding Through Life On Charm”, é baseado em seu livro de memórias, de 1994. A canção foi composta pelo vocalista do Pulp, Jarvis Cocker, mas Faithfull deu crédito a ela mesma, também, já que ela é o tema e foi ela quem criou o título.

“Song for Nico” é uma colaboração com Dave Stewart e faz referências a Brian Jones (o Rolling Stones falecido), ao ex-empresário da banda Andrew Loog Oldham, a Andy Warhol e a Lou Reed, além de uma referência grosseira ao ator francês Alain Delon, com quem Marianne estrelou “Girl on a Motorcycle” em 1968.

Há vários momentos de ternura, como em “Like Being Born”, composta em colaboração com Beck. Uma das faixas de destaque é a canção gospel “I’m On Fire”, composta e gravada em colaboração com Corgan.

Um dos objetivos de Marianne Faithfull é mostrar às pessoas que ela sabe fazer mais do que compor canções sombrias. “Para mim, o sentimento despertado por este álbum é de alegria, de amor à vida. Estou trabalhando com uma paleta de muitas cores”, conclui.


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Marianne Faithfull lança álbum novo em clima de felicidade

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