É difícil encontrar um jovem que não tenha pelo menos já ouvido falar de Mariana Nolasco. Cria da internet, Mariana começou sua carreira musical postando vídeos no Youtube fazendo covers de diversas canções.
Gravados no seu quarto, a cantora percorreu um longo caminho até chegar ao seu quarto álbum gravado, o “Mariana Nolasco Sessions 2”, que foi lançado no final de julho. No projeto, Mariana retoma o ambiente intimista com o qual seus fãs já estavam acostumados a vê-la no início da carreira.
Em entrevista exclusiva ao Virgula, Mariana contou um pouco de como foi o processo criativo e de desenvolvimento do novo álbum, além de também falar um pouco sobre a jornada para se tornar um dos nomes mais reconhecidos da musica brasileira atual
“Mariana Nolasco Sessions 2”
Para a cantora, o novo “Mariana Nolasco Sessions” é como uma ode ao início de sua carreira. “Eu comecei com os covers quando eu tinha 13 anos, e era aquela coisa de estar no quarto, algo mais intimista, eu e a camera…Eu ficava muito a vontade. E eu sempre fui fazendo isso…Claro que eu fui trocando o microfone, a câmera”, conta.
“Mas, depois que eu comecei a compor as músicas, os únicos videos que tinham no meu canal passaram a ser os clipes dessas canções. E eu fiquei sobre a saudade que eu estava sentindo de como era antes, algo que as outras pessoas também sentiam. Então eu comecei a pensar como é que eu poderia trazer as pessoas para a minha casa novamente”, explicou, continuando, “foi daí que surgiu o ‘Mariana Nolasco Sessions’. O primeiro foi gravado no meu apartamento, e o segundo foi gravado na natureza. Eu quis trazer as pessoas para mais perto, porque eu prezo muito que elas se sintam acolhidas. E esse projeto traz essa atmosfera”.
A diferença entre gravar covers e suas próprias canções
Mariana conta que há, sim, muitas diferenças entre gravar covers ou canções autorais. Isso porque, segundo a artista, o covers são uma interpretação de algo que já existe, e não uma exposição de algo que está dentro de você. “O cover é uma interpretação, né? É uma releitura, mas já tem algo pronto. Você interioriza a música, não é algo que sai de dentro de você”, disse.
“O mais mágico da música é que ela tem várias interpretações. O cover, para mim, parece que flui mais fácil porque já é algo que está pronto. Alguém já escreveu, já tem uma melodia, então, de certa forma, já está pronto”, explica. “Com a composição é diferente, porque é você que está expondo tudo que está sentindo. Eu lembro que a primeira vez que eu lancei uma música de autoria minha, eu fiquei muito nervosa, porque é algo muito diferente de lançar um cover. Eu achava que as pessoas iriam descobrir uma parte minha que ninguém conhece. É uma exposição dos meus sentimentos, né?”, disse. Depois, brincou: “E eu como uma aquariana com lua em câncer – eu mostro muito mas ao mesmo tempo não mostro”.
“Foi um desafio começa a compor e me expôr, mas depois que eu descobri esse mundo, minha vida mudou, agora é muito melhor”, finaliza.
Música preferida do novo EP
Para Mariana, três músicas merecem destaque neste novo projeto: “Dia de Sorte”, “Transforma(dor)” e “Ser Amado”.
“Eu gostei de todas, mas tem três que eu gostei muito de gravar. Uma foi ‘Dia de Sorte’, que eu gravei em um dos lugares que eu mais amo e é uma das minhas músicas favoritas… Mexeu muito comigo no processo de composição, na gravação de clipe, tudo. Essa música foi bem especial”, falou.
“Outra foi ‘Transforma(dor)’, que eu achei muito legal de gravar. O clipe começa com uma lareira queimando, de fato transformando tudo, sabe?”, ressaltou, sobre a música, que fala sobre a transformação de dor em amor.
Já, “Ser Amado”, de Dani Black, cativou a cantora durante o processo de gravação da canção. “Eu amei gravar também ‘Ser Amado’, com o Dani Black. Essa música foi muito legal de gravar. A gente não parava de rir o vídeo inteiro, foi uma delícia. Depois a gente ficou ouvindo a música e rindo, vibrando juntos. Faz muita diferença, sabe?”, disse.
Do quarto ao estúdio
Hoje, Mariana coleciona 4 milhões de seguidores no Instagram. Isso foi fruto de sua presença online desde os 13 anos – há mais de dez anos atrás. Logicamente, ao longo do caminho, a forma como faz música e se relaciona com ela mudou. E Mariana falou com a gente sobre isso.
“A primeira vez que eu gravei no estúdio, eu não sabia de nada. Era uma coisa muito diferente, antes era muito eu comigo mesma, sabe? Eu não tinha senso estético, era sempre o meu feeling…”, relatou, sobre a época em que gravava vídeos no Youtube.
“No estúdio, tem sempre muitos profissionais, muita coisa. A primeira vez [que gravei], eu fiquei muito deslocada, porque era tudo completamente novo, ainda mais que eu estava vindo do interior. Até hoje em dia eu gosto de gravar em estúdios em que eu me sinto em casa – eu tenho isso de querer me sentir confortável”, relatou.
A cantora também falou um pouco sobre a mudança de ambientes: “A maior diferença para mim foi a quantidade de gente. Sair do meu mundo que só tinha eu e meu pai fazendo as coisas e ter tantas pessoas em volta. Para eu achar aquele lugar em mim em que aquilo tudo fosse sincero também foi um desafio para mim, sabe?”.
“Eu era muito tímida, ninguém nunca tinha me visto cantar…me viram só na internet. Meu processo era muito mais introspectivo. Lembro que uma amiga tinha me falado uma vez que tinha gostado e falou para eu postar no Facebook, e eu falei ‘tá’, mas fiquei pensativa porque era uma coisa despretensiosa”, continuou, mas logo em seguida se corrigou: “Na verdade a gente fala que foi ‘sem querer’, mas não era bem isso, é claro que eu queria. Eu gravava, postava, e eu gostava muito de fazer isso”.
Relação com a Internet
Hoje, Mariana tem milhares de fãs na internet. Mas a morena ressalta que não foi sempre assim:
“Falando de haters, já tive muitos. Quando eu comecei na internet, as pessoas não gostavam muito, porque eu era muito direta. Então alguém me perguntava alguma coisa e eu respondia o que vinha na minha cabeça. Eu não pensava muito em falar o que as pessoas queriam ouvir. Eu era meio debochada, sabe? As pessoas me perguntavam e eu respondia. Daí teve uma época que eu tinha alguns haters”, disse.
Com o tempo, ela conta, as coisas foram mudando: “Eu fui amadurecendo, fui vendo a responsabilidade que eu tinha pelas minhas falas, então foi tudo muito importante para o meu crescimento”.
“Eu me sinto em casa na internet. Como eu cresci fazendo isso, para mim é muito normal ficar na internet, gravar stories, dar entrevistas por aqui, sabe?”, respondeu.
Ela ainda ressaltou que sua trajetória na música foi um ponto fora da curva.”Acho que eu fiz o caminho inverso. Normalmente os artistas começaram nos barzinhos ou fazendo shows, coisas offline, e depois que eles se interavam com as plataformas, essas coisas digitais. Já eu, cresci e fui mudando na internet, e só depois que eu sai e fui fazer shows, entrar em contato com as pessoas de verdade. Daí que percebi que não eram só números, que tinham pessoas de verdade ali”.
Quando se sentiu famosa
Até hoje, Mariana conta que não se sente realmente famosa. “Eu tenho dificuldade até hoje para me ver como famosa, porque para mim famoso é o Jistin Bieber, a Madonna, sabe?”, relata.
Mesmo assim, ela relata a primeira vez em que começou a entendedr sua fama, quando estava no interior – Mariana é de Campinas. “Uma vez eu fiquei chocada quando eu estava na rua no interior com minha mãe e uma garotinha pequena falou ‘olha, é a Mariana Nolasco’, e eu e minha mãe não entendemos nada”, revelou.
“Eu achei muito estranho ela me pedir autógrafo, sabe? Eu não estava entendendo. Foi a primeira vez que alguém pediu uma foto comigo na rua, então eu fiquei meio sem entender nada. Dá impressão que a pessoa te conhece e você não conhece ela, sabe? Foi engraçado!”, disse.
Próximos projetos
Sobre os próximos projetos, a cantora está se focando apenas no presente: “Por enquanto, a gente está bem focado no novo ‘Mariana Nolasco Sessions’. Eu gosto de trabalhar no presente, estamos bem focados neste projeto nesse momento, então não tenho previsões ainda sobre outros projetos”.
Ouça o novo álbum de Mariana Nolasco abaixo: