Quem geralmente reclama que o Brasil nunca é privilegiado com atrações internacionais não pôde reclamar muito.

A abertura da temporada de shows não podia começar melhor. A turnê comemorativa dos 15 anos de carreira do cantor Lenny Kravitz passou por São Paulo, Porto Alegre, Brasília e um show gratuito que reuniu 300 mil pessoas na praia de Copacabana no Rio de Janeiro. Durante sua passagem pelo Brasil, o guitarrista chegou a doar sua guitarra para arrecadar fundos para o programa Fome Zero, e visitou o presidente Lula. Foi arrecado R$ 322 mil com a venda do instrumento.

Em abril, o Skol Beats reuniu quase 60 mil pessoas em São Paulo, o maior número que já reuniu em todas suas edições. O DJ e produtor escocês Mylo foi a atração principal do festival, que ainda contou com o alemão Anthony Rother e os brasileiros Patife e Marky.

O Placebo também veio ao Brasil e realizou uma turnê oito shows, passando por Recife, Salvador, Porto Alegre, Florianópolis, Brasília, Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. Os britânicos divulgaram a compilação de singles intitulada “Once More With Feeling – The Singles 1996-2004”, aproveitando a reunião das músicas mais “conhecidas” para realizar os shows.

Eles já estiveram no Rio em 2003, e voltaram aqui para tocar pela primeira vez as músicas de seu álbum enquanto este era lançado mundialmente. O White Stripes fez três shows divulgando “Get Behind Me Satan”, começando por Manaus numa apresentação histórica no Teatro Amazonas, e somente depois vindo tocar no tradicional eixo Rio-São Paulo. Jack White aproveitou a passagem por Manaus e casou com sua namorada, a modelo inglesa Kate Élson.

Em agosto, o Campari Rock trouxe os veteranos do MC5, The Kills e bandas nacionais independentes. Além do festival, a banda norte-americana Cake também passou por aqui e tocou seus hits como “Never There” e a regravação de “I Will Survive”.

No mês de setembro, foi a vez do DJ Moby finalmente apresentar seu show completo, já que ele já havia vindo duas vezes ao país, mas somente para discotecar. As quatro apresentações foram marcadas por uma apresentação roqueira, incluindo covers do Sepultura e Radiohead.

Avril Lavigne também veio no mês de setembro, e se apresentou em Porto Alegre, Curitiba, Rio e São Paulo, para o delírio dos jovens. Apresentando seus inúmeros hits dos dois cds já lançados, a canadense reuniu cerca de 40 mil jovens no estádio do Pacaembu, em São Paulo.

O agitado mês de setembro também recebeu o festival Nokia Trends, que foi realizado simultaneamente em São Paulo e Rio de Janeiro. Por via de telões e transmissão via satélite, o show em SP era passado ao vivo no Rio, e vice-versa. Em São Paulo, o destaque ficou com o Human League e !!! (se diz Chk Chk Chk). No Rio, destacaram-se o Audio Bullys e os ingleses do Asian Dub Foundation, que dedicaram uma música ao brasileiro Jean Charles, que foi morto pela polícia londrina.
No mês fim de semana do festival acima, rolou o Curitiba Rock Festival, que arrastou fãs de indie do Brasil inteiro ao trazer Weezer e Mercury Ver. Destaque para o Weezer, que teve uma performance energética, que contou até com a participação de um fã da platéia tocando violão no palco com a banda.

Quem achava que já estava bom se surpreendeu mais a partir de outubro. O Tim Festival marcou presença no Rio e em São Paulo. A organização trouxe como destaque o grupo The Strokes, acompanhados de Kings of Leon, M.I.A. e Arcade Fire. Embora houvesse reclamações sobre o som do festival, o Strokes surpreendeu a todos com um set list recheado de hits, que foram cantados por todos os presentes. Destaque para a apresentação quase performática dos canadenses do Arcade Fire, que incluiu inclusive “escaladas” nas estruturas do palco.

Em Novembro, Rio e São Paulo receberam a primeira edição do Claro Que É Rock. Os organizadores trouxeram os introspectivos do Nine Inch Nails, que arrancou suspiros e lágrimas da platéia. Todo o experimentalismo do Fantômas, banda do ex-Faith No More Mike Patton, e a barulheira dos já experientes Sonic Youth. Os destaques ficaram com a energética apresentação de Iggy Pop, que aos 58 anos não aparenta encerrar sua carreira tão cedo, e o Flaming Lips. A apresentação da banda de Wayne Coyne chegou a ser chamada por muitos de “concerto”, em função das dezenas de efeitos e a psicodelia. A interação da platéia se deu de várias formas, mas a mais marcante foi quando o vocalista entrou numa bolha e literalmente caminhou sobre o público.

Para fechar o ano com chave de ouro, ninguém mais ninguém menos que o tão esperado Pearl Jam. O grupo de Eddie Vedder causou tumulto ao anunciar a tão aguardada turnê Sul-Americana, passou por Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Totalizando cinco apresentações e 157 mil pessoas. O carisma da banda surpreendeu a todos, principalmente com o líder Vedder, que não economizou no português para soltar elogios para os brasileiros, no segundo show de São Paulo chegou a dizer: “Vocês são melhores que Seattle”. O repertório de divulgação do último cd da banda foi deixado de lado. No seu lugar, uma compilação de toda a trajetória da banda, como se fosse um pedido de desculpas em função de todo o tempo que a banda passou sem vir ao país. O repertório incluiu clássicos com “Jeremy”, “Alive”, “Even Flow” e algumas surpresas, como o cover do Ramones “I Believe in Miracles”.

Resta saber se Eddie Vedder realmente manterá sua promessa quando disse: “see you next year!”. Aguardaremos ansiosos.


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Maratona de shows em 2005

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