Mesmo que você não tenha o menor interesse pelas eleições que se aproximam, você deve saber que o Tiririca, aquele do hit Florentina, é candidato. Provavelmente sabe também que ele vai se eleger com facilidade, com cerca de um milhão de votos.
Quem sabe você esteja até pensando em votar no Tiririca, por algum dos motivos a seguir:
a) Simpatiza com ele;
b) Político é tudo a mesma porcaria, então porque não ele, afinal “pior que tá não fica”;
c) Pura e simples zoeira.
Seja qual for a razão de você querer votar no Tiririca, esse texto é pra você.
Seja qual for o motivo, queremos pedir que você NÃO VOTE no Tiririca.
E temos dois bons motivos.
O primeiro motivo tem relação direta com a bizarra candidatura deste “músico” e “humorista”. É óbvio: Tiririca não tem nenhum preparo para o cargo. Ele é o primeiro a admitir isso. Ele não tem proposta, não tem ideia do que vai fazer lá no Congresso, sabe apenas que pode empregar parentes e ganhar muito dinheiro e mordomias. O salário de um deputado federal hoje é R$ 16 512,09 por mês, 15 (!) vezes por ano, mais auxílio mensal para despesas no valor de R$ 27.769,62.
Você pode achar até que é zoeira votar nele, mas quem tá zoando de verdade é o Tiririca e seus apoiadores. Eles estão zoando da sua cara.
Sua candidatura foi inventada por gente muito esperta, que usa um rosto conhecido para pegar carona na sua brisa. Sim, porque não bastasse o Tiririca em si ocupar esse cargo, ele deve levar mais uns quatro candidatos do seu partido, o PR. O motivo é que, pela lei eleitoral, os votos são antes do partido do que do candidato.
Esses caras que devem subir na cola do Tiririca, nem o benefício da popularidade têm. São zeros à esquerda, nulidades que vão cair de pára-quedas num dos empregos mais privilegiados do Brasil sem terem feito um grão de esforço por isso.
É claro que o Tiririca não é o único candidato bizarro a ser evitado nessa eleição. Mas, por ter chance de ser o mais votado do país na sua categoria, é o que mais merece nossa atenção.
Falta de politização
O segundo motivo pra não votar no Tiririca é mais geral. Diz respeito ao fato de a gente morar num país onde tantos candidatos bizarros conseguem espaço. No fundo, a culpa da situação nem é desses candidatos, eles são apenas a consequência oportunista. A culpa é daquele monte de coisas que a gente tá cansado de ouvir como baixo nível educacional e ignorância do povo.
Mas a culpa também é da gente.
Nós, brasileiros, somos muito despolitizados em geral. Quase não discutimos o assunto, muita gente acha chato, prefere falar da novela ou de música pop. Quando muito, presta-se um pouco mais de atenção na época da eleição.
Pior para a gente. Se interessar por política não é só ficar ligado na época das eleições. Se você ajuda a eleger um cara e depois passa os outros quatro anos sem acompanhar o que ele anda fazendo, tanto faz votar no Tiririca ou na Marina Silva.
A gente sabe que a política nacional desanima, que parece que nunca vai mudar, que tudo parece irremediavelmente podre. Mas é o que temos no momento. Agora, se cada vez mais pessoas começarem a se interessar, as coisas podem mudar. Convém lembrar da velha frase de Platão: “A desgraça de quem não gosta de política é ser governado por quem gosta”.
Ou seja, os espertos estão aí, sempre de olho, enquanto você cochila. Ainda dá tempo de acordar.