As várias faces de Madonna
Madonna desafiou nesta sexta-feira (10) as autoridades russas ao sair em defesa dos homossexuais durante uma apresentação em São Petersburgo, cidade natal do presidente russo, Vladimir Putin.
Fotógrafo inglês recria capas famosas com meias usadas
Ministro russo chama Madonna de “ex-prostituta” no Twitter
“Queremos lutar pelo direito de ser livres. Viajei muito pelo mundo e vejo que as pessoas estão cada vez mais intolerantes, mas podemos mudar isto. Temos a força para isso”, proclamou a cantora americana no pavilhão Peterburgski, na antiga capital imperial.
Madonna, que já havia escandalizado ao pedir na terça-feira em sua atuação em Moscou a liberdade do grupo punk russo Pussy Riot, que é julgado por cantar contra Putin em uma catedral, garantiu que “o amor” é o único que pode mudar o mundo.
“Antes do espetáculo foram distribuídas pulseiras vermelhas, que significavam a tolerância em relação às pessoas com orientação sexual não tradicional. Eles são pessoas como as outras”, disse durante o show, citada pela agência Interfax.
Em seguida acrescentou: “Quem está comigo? Levantem as mãos com as pulseiras vermelhas. Estão comigo? Sim”.
Entre os presentes se encontravam vários representantes da polícia e das autoridades locais, que procuraram comprovar se Madonna infringia a legislação aprovada este ano pela prefeitura e que proíbe a propaganda homossexual, sob pena de multa.
O deputado da Assembleia Legislativa de São Petersburgo Vitali Milonov acusou a cantora de violar a lei local contra propaganda do homossexualismo e da pedofilia durante o show.
“É preciso punir Madonna ou os organizadores (do show)”, disse à agência Interfax o autor da lei, denunciada como discriminatória pelos homossexuais. Milonov indicou que há imagens mostrando que entre o público havia “crianças de 12 anos”, pelo que, segundo ele, a lei deve ser aplicada.
Alguns ativistas homossexuais protestaram contra a diva do pop, que tacharam de “hipócrita” por utilizar a defesa dos direitos das minorias sexuais para lucrar com sua música.
Centenas de policiais se encarregaram de garantir a segurança dentro e fora do estádio, em cujas imediações se concentraram muitos partidários e odiadores da cantora, que protagonizou vários escândalos em sua turnê mundial MDNA. O consulado geral dos EUA na cidade havia advertido há dias do perigo de ataques contra os presentes no show por parte de grupos de extremistas.
Organizações ortodoxas e nacionalistas protestaram energicamente nos últimos dias contra as apresentações e inclusive queimaram fotos com imagens de Madonna, que consideram uma “enviada de Satã” e “uma arma ideológica do Ocidente”.
O Sindicato dos Cidadãos Russos (SCR) convocou inclusive uma cerimônia especial de bênção com água benta na Praça do Palácio de São Petersburgo, onde Madonna se apresentou há três anos.
Além disso, em mensagem no Twitter o vice-primeiro-ministro russo, Dmitri Rogozin, comparou Madonna a uma “prostituta” por querer “dar lições de moralidade” aos russos.
“Ou abandone a cruz ou coloque as calças”, acrescentou Rogozin, antigo embaixador russo na Otan, conhecido por sua ideologia ultranacionalista.
Madonna já protagonizou um grande escândalo na primeira vez que esteve em terras russas em 2006 em sua turnê mundial “Confessions Tour”, duramente criticada pelos fundamentalistas ortodoxos contra a diva do pop.
O momento em que a cantora aparecia pendurada em uma cruz com uma coroa de espinhos na cabeça foi o que mais escandalizou os fiéis ortodoxos russos, que pediram ao patriarca ortodoxo que excomungasse os organizadores.