Lugar de mulher é em todo lugar e onde ela quiser, principalmente no rap nacional, espaço onde décadas atrás abrigava apenas homens como representantes do gênero musical que vem das quebradas. De anos pra cá o cenário tem mudado e sido invadido lindamente por mulheres de atitude, representatividade e cheias de mensagens para passar, como Lurdez da Luz, por exemplo, que tem se destacado no mercado e lançou recentemente o álbum Acrux.
“Tenho percebido mais respeito com o rap feito por mulheres dentro e fora do rap. Mas, principalmente tem tido mais demanda mercadológica, o que é bom”, diz Lurdez sobre as mulheres estarem cada vez mais ocupando esse espaço musical, sendo respeitadas e valorizadas. Em exclusiva o Virgula, a artista, uma das pioneiras do hip hop no Brasil, explica a sua mensagem: “Eu procuro passar o que sou. A verdade. Eu procuro fazer arte, só isso e tudo isso ao mesmo tempo”.
Gravado ao vivo e em formato acústico, Acrux repassa a trajetória da rapper e compila músicas que tem a capital paulista como tema e inspiração. O show de lançamento do álbum será neste sábado, 24, na Comedoria do Sesc Pompeia, em São Paulo, e terá a participação da cantora Karina Buhr, além de projeções especiais para cada música. “Será um encontro maravilhoso com uma mulher que é referência pra mim”, adianta Lurdez.
Confira o nosso papo abaixo:
Virgula: A canção acústica ressalta a melodia vocal, exigindo mais do(a) cantor(a). Você sentiu essa pressão ao gravar ‘Acrux’?
Lurdez da Luz: Nas produções eletrônicas também se exige (pelo menos na minha proposta de som). Acredito que a grande diferença está na interpretação; as palavras ficam mais evidentes, então você tem que colocar a dose certa de energia em cada uma. Acho que mais difícil do que ser um disco acústico é ser um disco ao vivo, mas a ideia era essa mesmo: captar a força e a espontaneidade do momento e não procurar a perfeição técnica.
Qual é a maior dificuldade de gravar um disco acústico? E a maior qualidade?
Fazer versões já é algo bastante difícil, então encontrar caminhos para os arranjos é complicado. Acho que o principal desafio é encontrar uma maneira de fazer uma música que tem vários elementos e timbres diferentes fazer sentido só com batera e violão. Tem que sentir a essência da canção, descascar as camadas e encontrar a joia no miolo. Nesse caso, são músicas tiradas de toda a minha obra. É como se juntasse vários capítulos de uma história e os trouxesse para o agora; isso dentro do mesmo livro.
De tempos pra cá várias mulheres têm se destacado no rap nacional. Está tendo mais respeito pelas mulheres dentro do cenário do rap?
Tenho percebido mais respeito com o rap feito por mulheres dentro e fora do rap. Mas principalmente tem tido mais demanda mercadológica, o que é bom.
No momento em que vivemos, qual é a mensagem mais importante a ser transmitida?
Eu procuro passar o que sou. A verdade. Eu procuro fazer arte, só isso e tudo isso ao mesmo tempo.
No show do Sesc Pompeia terá participação de Karina Buhr. Quais outras mulheres te inspiram na atualidade?
Sim, será um encontro maravilhoso com uma mulher que é referência pra mim. Linn Da Quebrada, Mariana Mello, Badsista, Natacha Vergílio, Fka Twigs, Livia Nery e Greta Gerwig são alguns dos novos nomes que mais me vêm à cabeça. Mas bebo muito das mulheres que me antecedem em algumas gerações…
SERVIÇO:
Lurdez da Luz @ Sesc Pompeia | participação especial Karina Buhr
Data: 24 de março
Horário: 21h30
Local: Sesc Pompeia – Comedoria
Endereço: Rua Clélia, 93, Pompeia
Ingressos: R$ 6,00 a R$ 20,00 –
Vandas: 13 de março, 12h (online) |14 de março, 17h30 (em todas as unidades do Sesc)
Ingressos online – www.sescsp.org.br/programacao/148237_LURDEZ+DA+LUZ