(Foto: divulgação/Léo Aversa)

“Outro dia eu estava conversando com o Nelson Motta, que aos 73 anos tem uma memória espetacular, e ele me disse: ‘Você lembra aquele dia em 1986, quando estávamos em um restaurante em Londres e você me falou que tinha vontade de fazer um disco com releituras de músicas da Rita Lee?”, conta Lulu Santos em exclusiva ao Virgula. “Mas, o gatilho para a realização do trabalho foi outro e veio este ano quando li a biografia de Rita. Da leitura eu tive certeza que queria fazer esse disco, porque o carbono daquilo é a história da minha vida também. Acompanhei Os Mutantes e sua carreira solo de perto. Comprava todos os discos. Sempre fui fã“.

Assim nasceu Baby Baby!, o mais novo álbum de Lulu, que será lançado dia 20 e homenageia em 12 canções a Rainha do Rock Brasilieiro, Rita Lee. “Tenho certeza que a Rita é a autora que eu mais sei músicas de cor. Por isso não foi difícil escolher quais canções entrariam no disco”, diz o músico carioca. “Sabe, não escolhi regravar as canções mais pop dela. O critério foi afetivo. Por exemplo: ‘Disco Voador’, que foi a primeira música que Rita e Roberto [de Carvalho] fizeram juntos, não é um de seus grandes hits e é uma das que mais gosto. Inclusive, foi a primeira que eu tirei. Peguei o violão e já sai tocando ela”. Lulu complementa: “Não fiz uma pesquisa para escolher o repertório, foi tudo de minhas lembranças“.

Falando em lembranças, o cantor aproveita e entra na máquina do tempo para justificar essa admiração enorme pela cantora: “Eu conheço Rita há 48 anos, desde a época de Os Mutantes, que com aquela irreverência e alegria que tinham eram a representação de tudo o que eu queria naquela época de ditadura fechada e de anos de chumbo em que vivemos. Eles eram a luz na escuridão e nos davam muita força e coragem. Era como se fossem embaixadores do mundo pop, dos Beatles, dos Rolling Stones, das lentes coloridas, e quando eu os via nas páginas dos jornais, queria participar daquilo“. E relembra: “Depois, quando os conheci, Rita me achava interessante por eu ser engraçado, meio desarticulado e esquisito no melhor sentido. Deles, dos músicos, quem tinha interesse humano em mim era ela“.

Capa de Baby Baby! no melhor estilo Lichtenstein

Porém, para a realização do álbum, um fator era essencial: a benção de Rita. E Lulu foi atrás: “Primeiramente eu procurei o Beto Lee, filho dela, de quem eu tenho uma relação mais próxima, para contar do projeto e pedir para que ele perguntasse para seu pai e sua mãe se havia algum impedimento, porque vai saber se eles não estavam afim ou em uma época inapropriada para eles. Daí veio uma resposta muito positiva e carinhosa do Roberto, então me senti autorizado“.

E quem disse que, mesmo de longe e indiretamente, Rita não participou do projeto? “A cada faixa que estava em estágio de finalização eu enviava para a Rita e para o Roberto para conferirem como estava ficando. Desse modo eles acompanharam todo o processo desde o início até o fim, quando ela fez aquela declaração maravilhosa na página do Facebook dela sobre o disco“, conta.

(Foto: reprodução Facebook)

The Voice Brasil

Não tem como conversar com Lulu sem entrar no assunto The Voice Brasil, um dos programas mais assistidos da televisão brasileira e que ele afirma que ama demais. Nesta sexta temporada, sendo um dos jurados o cantor tem uma adversária peso-pesado: Ivete Sangalo, que entrou no lugar de Claudia Leitte. “Ivete é de uma sabedoria muito grande, de uma riqueza, inteligência natural e generosidade pessoal indiscutível. Sua trajetória é de vendedora de quentinha à Rainha da Música Brasileira, então ela sabe de todos os estágios da sociedade. A maestria disso é que parece que ela tem senha pra tudo (risos)“.

E a nova adversária não o intimida: “Estou muito empolgado com o programa, pois nesta temporada temos candidatos realmente com conteúdo, que vieram com uma postura mais evidente, que vai muito além daquele histrionismo de cantar histericamente de uma forma quase caricatural. Então estou confiante no meu time. Levo muita fé nele, pois são pessoas que podem ocupar um espaço depois do programa“, finaliza em tom de ‘esse ano o troféu é meu!’.

Famosos falam sobre o estilo Rita Lee

“Nós tinhamos uma visão muito parecida, eu e Rita. A mesma paixão pelos Beatles... Era tudo muito diferente: a gente gostava de roupas militares, algo meio de fantasia... Estávamos na mesma sintonia. E, por isso mesmo, eu achava o guarda-roupa dela adorável. Ver a Ritinha de noiva no palco, por exemplo, era perfeito e incrível. Eu pensava assim: "Ela é uma defensora da mesma tribo que eu". Eu conheço Ritinha desde que ela tinha 16 para 17 anos e foi uma das meninas mais bonitas que vi na vida! Deslumbrantemente bonita. E ela nunca usou a beleza como arma ou como ferramente para melhor se dar na vida. Essa contramão, em termos de looks e moda considerados "estranhos", era para mostrar o outro lado dela. E mesmo assim, ela não conseguia dissimular sua beleza física. Essa moça, naquela época, era o sonho dos sonhos... Mas eu era casado e não peguei. Ficamos muito amigos! Foi uma época rica de nossas vidas: como meu pai era diplomata e viajava, ele trazia os discos dos Beatles meses antes de sair daqui. Numa dessas ocasiões, chamei Ritinha para ouvir o Revolver (1966) - mono e da gravadora Parlophone - e, na minha opinião, o melhor disco dos Beatles. Nessa época, quando comecei a carreira, Os Mutantes foi o grupo do qual mais gostei. Os diretores da Record (onde Ronnie tinha o programa O Pequeno Mundo de Ronnie Von, na década de 60), diziam que eu era louco de colocar aquela banda que era o contrário de tudo que se fazia. Eu fiz questão. E imagina a cena: a Rita tocando, numa (guitarra) Telecaster azul calcinha a Marcha Turca de Mozart no meu programa, ao lado dos meninos (Arnaldo e Sérgio). Tenho um orgulho enorme de tudo o que fizemos juntos”.
Créditos: Divulgação/Reprodução

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Lulu Santos regrava Rita Lee: 'Os Mutantes eram a representação de tudo o que eu queria'

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