Divulgação Lana Del Rey

Ser um fã de música envolve sacrifícios. Os ingressos são caros, nem sempre a estrutura de shows e festivais é adequada e muitas vezes as distâncias são grandes. Nós conversamos com fãs de artistas que se apresentam nesta edição do Lollapalooza 2018, que vai se sexta (23) a domingo e pedimos que eles contassem histórias de perrengues.

“Em 2013 fui no show da Lana no Rio, eu era bem novinha, tinha 15 anos, e foi o primeiro show em que fui, a expectativa estava lá em cima. Cheguei na fila perto das 5h da manhã e tinha quase 60 pessoas na minha frente, o show era domingo e tinha um pessoal que começou a acampar desde quarta-feira. Quando os seguranças começaram a organizar as filas para abrirem os portões, foi o mesmo momento em que a Lana chegou no Citibank, uma confusão se formou, porque muitas pessoas tentaram sair pra vê-la, enquanto os que estavam atrás tentaram passar pra frente, gerando muito tumulto”, lembra Fernanda Armendaris, estudante de jornalismo, do Lana Del Lovers.

“Assim que entrei no local, a primeira fila já estava ocupada pelos clientes do banco, o que criou mais confusão da parte do pessoal que estava acampando há alguns dias. Antes mesmo do Silva – que foi o show de abertura- subir ao palco, muitas pessoas desmaiaram pelo calor e abafamento, a situação tava praticamente insustentável, muitas pessoas que tinham ingresso da pista comum pularam pra pista Premium, então esse setor tava extremamente apertado, levei várias cotoveladas na boca e pisoes nas pernas, mas no momento em que a Lana entrou no palco, todos ficaram anestesiados pela presença dela”, diz a universitária.

Divulgação Pearl Jam

O depoimento do gerente Cristiano Feix, do Pearl Jam To Fly, mostra como as bandas estão presentes na vida dos fãs. “Loucuras eu fiz desde o primeiro show. Viajei de Porto Alegre até Curitiba em 2011, onde na fila do show conheci minha atual esposa (Taciane Lippel). No Lollapalooza 2013, ela já era minha namorada e viajamos para São Paulo onde eu pedi a mão dela em casamento durante o show do Pearl Jam. Em 2015 eu mandei um e-mail para o fã clube oficial contando nossa história, e pedindo uma música. No Show da Arena do Grêmio em Porto Alegre o Eddie leu uma dedicatória em Português para nós, e mandou nossa música! Quer loucura maior? Isso é o reflexo do quanto essa banda exerce uma influência e um impacto gigante em nós, fãs”, lembra.

Aqui tem um video do ocorrido:

“No Lollapalooza 2013, viajei 1.400 km, peguei 3 ônibus, taxi, metrô… Cheguei 3 da madrugada na fila do dia do Pearl Jam. Foi uma maratona até o show das 21h. Passei o dia sem ir ao banheiro, comendo barrinha de cereal e tomando água que era jogada pelos bombeiros. Mas no final valeu a pena, o Pearl Jam é uma banda daquelas que os fãs são muito devotos”, diz Cristiano.

Jallison Campos, analista executivo, do Lana Del Rey Lovers, também conta sua história de perrengue. “Fui no show da Lana no Planeta Terra em 2013. Fui um dos primeiros da fila junto com uma amiga. Nós fomos um dia antes do evento e ficamos com o grupo de fãs que na época foram os primeiros a chegar. No dia do show, depois de muita espera na fila, calor de 35 graus, consegui atravessar a segurança, corri tanto que assim que cheguei na grade, eu passei mal e tive que ir pro ambulatório do evento”, lembra.

“Resumindo, tinha perdido a grade que tanto queria por não ter comido nem me hidratado o suficiente. Depois que eu fui atendido, eu voltei pra multidão, fui me enturmando e fiquei na parte lateral do palco. O show começou, eu com muita sorte consegui um lugar na grade lateral do palco que era enorme. Não dava pra ver bem ela, mas na ultima música (mais especificamente, National Anthem), a Lana desceu do palco, veio até mim e me deu um selinho. É um acontecimento que ainda hoje, cinco anos depois, é difícil de assimilar, mas aconteceu. Espero ter a mesma sorte no próximo”, finaliza.

Luiz Henrique Varzinczak, estudante de doutorado em Ecologia, do Pearl Jam to Fly, também tem boas histórias para contar. “Meu maior perrengue com certeza foi acompanhar a banda no Lollapalooza de 2013. Chegamos na fila por volta das 10h30 e os portões abriram ao meio dia. Quando entramos, corremos para tentar pegar um bom lugar, próximo ao palco e essa foi a última vez que fui ao banheiro naquele dia. Fiquei no sol escaldante a tarde toda em um lugar com forte cheiro de cocô de cavalo (naquele tempo o festival era no Jockey Clube de São Paulo). Lembro que ao final do show, por volta de meia noite, minha bexiga já não aguentava mais. Mas confesso que ainda me pergunto se o maior perrengue foi esse ou aguentar o show da banda Puscifer que era no mesmo palco do Pearl Jam (risos). De qualquer forma, valeu a pena o sacrifício, como sempre vale para ver o Pearl Jam”, diz.

Divulgação Red Hot Chili Peppers

Designer, microempreendedor e responsável pelo portal RHCP Brasil, Altair Pereira Santos separou seu relato por anos. “2001 – Meu primeiro show e primeiro festival na vida: arrastei minha mãe para o Rock In Rio e fomos de excursão de Santos pra lá, o estacionamento do ônibus era muito longe da antiga Cidade do Rock e tivemos que caminhar muito, parecia uma romaria. Mas eu era moleque e estava em êxtase então aguentei. Na volta pra pegar o ônibus foi pior ainda, além da longa caminhada, todo mundo sujo de lama até a canela.”

Ele prossegue: “2002 – Único show na minha vida em que eu fui 7h da manhã pra fila. Não fiz isso mais depois dessa experiência. Muita fome, sol na cabeça, pra quando chega na hora do show não conseguir pegar grade. Mas fiquei em um local estratégico por 1/3 do show, em cima de banheiro químico na lateral da pista com uma visão privilegiada. Até que seguranças vieram pedir pra todo mundo descer.”

“2011 – Viajei para argentina para assistir o RHCP no estadio do River Plate e foi uma loucura. Nunca vi uma pista tão insana, sabe quando você pensa que vai morrer? Os argentinos são foda não param um minuto”, continua.

“2012 – Burrada. Fui assistir o RHCP entrar no Rock and Roll Hall Of Fame em Cleveland. Foi minha primeira viagem para o EUA e eu tive “a manha” de perder o voo da Avianca (1300) e ter que comprar outro voo no mesmo dia por R$ 3.500. Mas fora isso a viagem foi excelente. Muito orgulho ter sido o único portal do mundo convidado por eles. E ainda assisti um show fechado que eles fizeram para partidários do Barack Obama.

“2014 – Fui no Lollapalooza Argentina e passei o mesmo perrengue que no Rock In Rio 2001, muita caminhada, lugar longe demais e eu ia fotografar o show deles mas a assessoria de imprensa do LollaAR estava uma zona, não conseguiam achar meu nome de jeito nenhum. Até que alguém chegou e resolveu”

“2017 – Tempestade: Fui para os EUA pegar 4 shows deles. O show no SummerFest em Milwaukee foi num anfiteatro coberto mas antes de começar caiu uma tempestade que eu nunca vi no Brasil. Nuvens negras chegaram as 16h trazendo rajadas de ventos, pela formação das nuvens parecia que ter furacão mas as pessoas não estavam desesperadas então imaginei que aquilo era “normal” pra eles. Todo mundo procurou um abrigo no festival e depois voltou tudo ao normal. Mas que deu um medo da porra, deu….”, afirma.

Nem tudo é perrengue na vida do fã. Em 2012, o RHCP Brasil lançou um clipe com a Warner Brasil que foi elogiado pela banda. Em 2013, produziram  a primeira drum clinic com Chad Smith e Altair foi chamado para fotografar os shows no Brasil. Este ano, eles voltaram a produzir uma drum clinic.

Não há como amar sem sofrer. A vida de fã pode ser difícil, mas compensa.


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Lollapalooza 2018: fãs contam loucuras que fizeram por ídolos

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