DJ Ricci

Henrique Gualtieri DJ Ricci

Um dos nomes em ascensão na música eletrônica brasileira, o DJ Ricci, de 21 anos, se apresenta no sábado (25), no Lollapalooza, que ocorre no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, a partir das 12h45.

Entre suas últimas tracks estão Wild Kidz!, em parceria com Vintage Culture, Small Town, gravada ao lado do duo Felguk e Lost Generation, que ele acabou de lançar com um making of do clipe gravado recentemente, em Los Angeles, nos Estados Unidos.

No ano passado, Ricci ocupou a 13ª posição do chart Global Viral e nona do Brasil Viral, do canal Spotify, e Ricci e Vintage foram os únicos artistas brasileiros no topo, ao lado de Lady Gaga, Kings of Leon, Major Lazer e Frank Ocean.

Leia nossa conversa com o DJ, em que ele fala sobre a cena EDM no Brasil, cultura da cópia e a polêmica de que a eletrônica está tomando lugar do rock no festival.

Como avalia o atual momento da música eletrônica no Brasil?
DJ Ricci – Acho que o Brasil está vivendo um momento muito interessante na cena. Por muitos anos, fomos majoritariamente importadores tanto de música quanto de artistas. Grande parte dos eventos grandes contava com atrações internacionais no line-up e muitos dos artistas brasileiros, que tinham destaque, faziam músicas inspiradas em artistas internacionais.

Nos últimos três anos, isso mudou bastante. Com a ascensão da dance music no Brasil, cada vez mais, produtores e DJs estão surgindo, e aconteceu algo que eu gosto de chamar da “emancipação” do Brasil no gênero. Hoje em dia, se você for a algum club ou festival, os DJs tocam, em sua maioria, tracks feitas por brasileiros e isso é muito importante, mas claro que também tem o lado “ruim”. Com o boom de alguns artistas, sinto que muitos produtores querem fazer o mesmo estilo de som que os grandes DJs, acreditando que isso vai bombar. Pelo contrário, acaba “saturando” a cena de músicas parecidas, mas mesmo assim, ainda têm muitos produtores brasileiros produzindo músicas de qualidade.

Quem são seus modelos de carreira?
DJ Ricci – Me inspiro muito em artistas como Disclosure, Chet Faker, The Chainsmokers e Jack Ü. Também admiro muito produtores brasileiros como o Vintage Culture e Felguk, que citei acima e com quem tive o privilégio de fazer parceria no ano passado, além de FTampa e Alok. Ser um DJ, hoje em dia, não é apenas fazer música, você precisa se desenvolver em diversas áreas do conhecimento e realmente entender como funciona esse mercado para se tornar uma marca forte e duradoura. As pessoas não querem mais apenas a música, querem o produto completo e saber tudo sobre você. É obrigação do DJ saber se expor de forma descontraída e inspiradora, afinal, esse business gira em torno do artista, não apenas da música, tanto que a maior parte da movimentação de dinheiro, vem de apresentações. Muitas pessoas criticam os produtores que fazem um trabalho forte no marketing, mas muitas dessas críticas, são construtivas, visto que o mais importante é ter músicas boas, e eu até concordo que o som vem em primeiro lugar, mas também acredito que trabalhar a imagem é muito importante para aumentar o alcance.

Como vê as críticas de que a música eletrônica está tomando lugar do rock no festival?
DJ Ricci – As pessoas estão cada vez mais se interessando pela música eletrônica e é natural que o festival e outros grandes eventos musicais, comecem a introduzir atrações do gênero, mas acho que isso não quer dizer que o rock não tem mais lugar até porque os principais headliners do Lollapalooza são artistas de rock. Também acho importante ressaltar que a música eletrônica não é um estilo musical, mas sim, uma forma de criar. Hoje em dia, através do computador, qualquer pessoa pode produzir uma música de qualquer estilo.

Atualmente, várias bandas já usam recursos eletrônicos nos seus trabalhos e vice-versa e o que realmente importa, na minha opinião, é a qualidade da música, e não como ela foi feita. Por isso, repito, é uma forma de criar e fica a critério de cada um, usar o recurso ou não. Para mim, a Muse é uma das bandas que mais tem se destacado ultimamente, utiliza vários recursos eletrônicos e, mesmo assim, não deixa de ser rock and roll. Entendo as críticas, que, como disse antes, são construtivas em alguns casos, mas o importante é fazer música de qualidade, que toque as pessoas, transmita emoções e que agrade o seu público alvo. Não podemos dividir um gênero do outro.


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