O Linkin Park subiu ao palco com uma missão extremamente difícil: conseguir apagar da memória do público a excelente apresentação do Queens of The Stone Age e o elogiado show do Pixies.
O grupo liderado por Chester Bennington e Mike Shinoda chegou ao Brasil com o repertório de seu novo álbum, A Thousand Suns, lançado há pouco mais de um mês. Se no álbum o Linkin Park consegue construir uma narrativa política e musical que ficou apenas na tentativa em seus trabalhos anteriores, no palco a questão é outra: como conciliar as músicas novas, que têm um tom completamente diferente do repertório antigo, e os hits do começo de carreira, como Numb, In The End, Crawling e Faint?
Ao menos durante seu show no SWU, o grupo não conseguiu resolver esse paradoxo. Ficou claro que embora a banda toque sem problemas seus hits antigos, a alma e a vitalidade de outrora não estão mais lá. O Linkin Park seguiu em frente e construiu uma nova identidade, com ambições de banda de arena e com um repertório repleto de canções de protesto e sonoridades grandiosas e megalomaníacas. Músicas novas como Wretches and Kings, Iridescent, When They Come For Me, Wisdom, Justice and Love e o single The Catalyst passaram em branco pela plateia.
Esse novo Linkin Park ainda não conquistou os fãs do grupo, que esperavam por um setlist completamente estruturado por antigos hits. Grande parte da apresentação trouxe a sensação de que a banda ainda está brigando com seu passado e tentando encontrar uma fórmula capaz de reconciliar seu antigo sucesso com sua atual sonoridade.
Essa ambiguidade pode ser atribuída a várias coisas: um amadurecimento da banda, a vontade de encontrar um novo público ou simplesmente um momento de impasse na carreira. Mas uma coisa é certa: o grupo ficou perdido em meio a um público gigantesco que esperava por um Linkin Park que não existe mais.
Chester Bennington fez de tudo para diminuir essa distância, fazendo uma apresentação enérgica e esforçada. O vocalista encarnou um mestre de cerimônias do inferno, com a veia da testa completamente saltada e uma voz rasgada e gutural durante todo o show.
Não faltou repertório, não faltou vontade, não faltou empolgação: o que ficou evidente durante todo o show é que o Linkin Park passa por um momento de transição, que ou será solucionado durante a atual turnê ou poderá colocar em dúvida o futuro do grupo diante de novas sonoridades e novas ambições por parte de Chester Bennington e Mike Shinoda. Não que a banda vá acabar – mas com certeza irá mudar de maneira radical.