Uma reunião entre lideranças do funk selou um pacto pela paz e contra a cultura do estupro no Rio de Janeiro. “Precisamos de uma reflexão profunda em toda a sociedade. E vamos pensar em como o funk pode contribuir. O funk sempre foi tratado como marginal. Como quem é tratado como algo à parte vai perceber seu papel social? Mas o funk pode ser uma ferramenta de conscientização dos jovens”, afirmou o coordenador do movimento Eu Amo Baile Funk, Mateus Aragão, ao Extra.
Segundo Mateus, o funk é estigmatizado. “É como dizia o funk do Cidinho e Doca (na música Não Me Bate Doutor): “Se o mar de rosas virar um mar de sangue vão botar a culpa no funk”, cita a liderança.
Já a antropóloga e professora da UFRJ Adriana Facina, argumenta que é um equívoco relacionar o funk aos machismo. “Existe um machismo no funk que não é exclusivo no funk. É que sua linguagem é muito direta em relação a tudo. Não há floreio, a batida é reta, seja para falar de amor, sexo e violência. É sempre uma linguagem muito direta, o papo reto, como dizem. Com o machismo, não é diferente. E existe uma reação escancarada a ele. Com as mulheres falando de sua liberdade sexual, da escolha de parceiros, sobre o que fazer com o corpo e exercitar seu desejo. E elas abordam todos esses assuntos em um ambiente masculino, como é o da música popular”, completa Adriana.
O encontro, no Circo Voador, com artistas e produtores ocorreu na segunda (30), em meio ao caso chocante de uma garota de 16 anos que foi estuprada após ter ido a um baile.