Ela ficou conhecida como percussionista da banda de Cássia Eller. Mas, seus pandeiros, atabaques, bongos e etc, já acompanharam Carlinhos Brown, Jussara Silveira, Marisa Monte, Nando Reis, Armandinho, Elba Ramalho, Kid Abelha, entre outros.
Depois da morte de Cássia, em 2002, Elaine, mais conhecida como Lan Lan, decidiu se jogar na carreira solo. Gravou com a banda Lan Lan e os Elaines, deu um tempo tocando com amigos, e agora, volta com uma novo projeto inédito: o trio Moinho.
Acompanhada por Emanuelle Araújo, ex-vocalista da Banda Eva e atriz, e Toni Costa, o trio saiu dos palcos da Lapa, no Rio, para as prateleiras da loja com o disco Hoje de Noite.
Por email, ela falou ao Virgula-Música sobre o projeto, a influência do samba no disco e da mistura Rio com Bahia. Confira!
Virgula – O Moinho toca na noite carioca já há uns três anos, certo? Conta como vocês se encontraram para formar o trio e de quem foi a idéia de gravar o CD, ou já era algo planejado mesmo?
Lan Lan – Emanuelle veio morar no Rio e, visitando a Lapa numa noite se encantou com a cena musical carioca, me ligou com a idéia de tocar um repertorio de sambas de compositores baianos. Eu adorei a idéia. Chamei o Toni Costa, que topou a parada, chegou lá em casa tocando uns sambas de Dorival… O batismo veio com a canção de Caymmi Moinho da Bahia. Esse foi o ponto de partida.
Virgula – Ouvindo o disco, percebi uma mistura na medida certa de samba e pop. É como se vocês mostrassem a influência do samba, na batida, mas o uso de outros instrumentos, como a guitarra, dá a levada pop às músicas… Qual sua relação com o
samba, o projeto era pra ser alguma “homenagem” ao samba?
Lan Lan – Pois é, começamos a tocar essas pérolas, mas com uma turma que teve outras influências além do samba. Eu mesmo comecei na percussão tocando pandeiro, depois de ter tocado bateria em uma banda de rock baiana. Mas, a intenção era só abrir uma janelinha ali na Lapa para tocar os sambas que mais conhecíamos da Bahia e mais umas do Chico Buarque, Dona Ivone Lara. E foi tocando esses sambas, desse jeito nada tradicional com guitarra e bateria, que comecei a compor umas músicas com o Toni Costa. O CD veio quando a EMI foi assistir um show na Lapa e nos convidou para gravar um disco com as inéditas do Moinho.
Virgula – Hoje, na MPB, especialmente quando se fala das novas cantoras, nota-se um certo modismo em se lançar por trás do samba. Novos artistas regravam nomes consagrados do gênero para dar um tiro certo. Isso intimida vocês?
Lan Lan – No nosso caso foi mesmo o movimento do samba da Lapa que motivou esse encontro. Ma,s acontece que tudo que botamos no Moinho já fica diferente, meio pop, às vezes rock, mas o samba tá ali, como um toque, um sabor especialmente brasileiro.
Virgula – O Moinho é uma mistura de Rio e Bahia. Qual a música mais carioca e a mais baiana do disco pra você?
Lan Lan – O vento e o Moinho, do Moraes , fala muito bem dessa genética carioca e baiana .
Virgula – As composições se dividem entre vocês e outros nomes consagrados da MPB como Nando Reis, Ana Carolina, Moraes Moreira e Mart’nália. Como rolaram essas parcerias?
Lan Lan – Naturalmente. Nando meu velho amigo, já tinha dado uma canja com a gente na Lapa. Ele compôs Hoje de noite, que deu nome ao disco, a nossa cara… Mart’nalia veio aqui em casa um dia, no meu estúdio, e mostrei pra ela uma música que eu tava fazendo com o Toni, Xangô, aí rolou a parceria. A Ana, que já conhecia a banda também, deu de presente Doido de Varrer, um samba de uma mineira que na nossa mão virou um afoxé de roda.
Virgula – E como ficou o projeto “Lan Lan e os Elaines”? Colcou um ponto final ou nada definido?
Lan Lan – Não um ponto final… quem sabe posso encontrar Os Elaines de novo para gravarmos outro cd , continuo compondo.