Kyekyeku e Luedji Luna cantam a história de Ghana e do Brasil em “Saravá” (Foto: Divulgação)
São quase sete mil quilômetros de distância do Brasil até Gana, o Oceano Atlântico que nos separa foi também o que nos uniu na época das invasões europeias ou a chamada colonização. E foi através desses laços históricos e culturais, que o ganês Kyekyeku (se pronuncia Tche-Tche-Kou) se juntou com Luedji Luna para velar a conexão desses dois países tão distantes, mas ao mesmo tempo tão próximos, no novo single “Saravá” que sai no dia 28 de abril.
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Para entender a letra de “Saravá” é preciso viajar no tempo quando os portugueses invadiram as terras de Gana. Com o tráfico de escravos, muitos africanos foram tirados de sua liberdade, de sua família e enviados para o Brasil e um dos principais portos de embarque, Elmina, ficava justamente no território hoje conhecido como Gana. A região do Nordeste era a principal porta de entrada para essas pessoas. E foi no ano de 1835, na cidade de Salvador (BA) que aconteceu a maior revolta de escravos, a Revolta dos Malês. Uma das consequências desse levante, foi a volta de algumas comunidades de africanos da Bahia para a África, sendo uma delas, os resistentes Tabon.
Os Tabon, nome de origem da língua portuguesa da saudação “Tá bom!”, compartilharam seus conhecimentos das terras brasileiras como música, instrumentos, alfaiataria e arquitetura. Até hoje, existem semelhanças entre algumas culturas da Bahia e parte da África Ocidental. E para exaltar esses laços, o extraordinário guitarrista e cantor, Kyekyeku, que já conhece muito bem a música brasileira, e é amigo do Evandro Lutfi, do Estúdio Medusa, questionou se ele conhecia Luedji Luna porque tinha gostado do som da cantora baiana. E foi assim, que surgiu a parceria e a faixa “Saravá”.
Produzida por Kyekyeku e Janja Gomes (Estúdio Medusa), a faixa conta com a participação dos ganeses Benjamin Amui no trompete e Jonathan Bimpong no trombone. Do lado de cá do Atlântico, um trio poderoso, Bruno Marques (Josyara) na bateria, Maurício Badé (Mestre Ambrósio) nas percussões e Marcelo Mariano (Djavan) no baixo. Kyekyeku e Luedji mostram que a música pode ser um veículo poderoso para celebrar, preservar e difundir as tradições culturais, ao mesmo tempo em que promove o diálogo e a aproximação entre diferentes povos e nações.
