Enquanto mulheres como Beyoncé e Rihanna dominam o pop e nomes como Grimes e Saint Vincent muitas vezes são associados ao máximo de vanguarda, Kim Gordon é um contraponto perfeito à cultura da testosterona que acompanhou o rock and roll por anos e anos.
As duas apresentações que ela fez com o duo Body/Head, na sexta (21) e sábado em São Paulo, no Sesc Pinheiro comprovam de maneira inequívoca que Kim sempre teve papel fundamental no Sonic Youth. Muito do barulho, da poesia, da sensibilidade, enfim, da “aura” da banda, vieram dela.
A antimusa indie, ao lado de outras inventoras como Patti Smith, Bjork, PJ Harvey, personifica a tese defendida no documentário sobre Kathleen Hanna, The Punk Singer de que a cena de Seatlle e o Nirvana derivam do feminismo.
Ícone da música alternativa e de estilo, um pouco da sua personalidade enigmática de Kim foi revelada com a autobiografia A Garota da Banda. Mulheres de todo mundo a apoiaram quando ela escancarou que havia sido traída por Thurston Moore, o ex-marido e parceiro no Sonic Youth. O relato fortaleceu a ela própria e o momento de protagonismo da mulher na nova ordem musical e em todas as esferas da vida pública e privada.
Talvez não seja proposital, mas a maneira como ela ofusca o outro integrante do duo, Bill Nace, pode ser visto como um indicativo para os novos tempos que chegam. Desculpem, boys, mas o jogo virou, queridinhos.