Se você olhar para o lado direito do palco nos shows em que Roger Waters está realizando no Brasil, verá um guitarrista alto, de cabelos compridos e muito parecido com David Gilmour, ex-parceiro de Waters no Pink Floyd. A figura que tem chamado a atenção do público é o multi-instrumentista e produtor californiano Jonathan Wilson, de 43 anos.
“Me sinto elogiado quando os fãs dizem que me pareço com David Gilmour quando jovem, pois ele é um grande músico que sempre me inspirou, assim como Roger”, diz Jonathan em entrevista ao Virgula. “Quando estou no palco, Roger me dá total liberdade para ser quem sou e não uma cópia de alguém do passado. Eu tento fazer um bom trabalho e trazer algo de especial para os shows. A banda atual também é bastante moderna e dá uma nova roupagem aos clássicos que tocamos”, complementa.
Pela 1ª vez no Brasil, Jonathan se mostra encantado com o país e principalmente com o público: “É o mais alto que eu já ouvi. E tem sido os melhores shows que já fiz”. O músico também se encontra no meio de uma situação polêmica que envolve o nosso momento político. Nos shows, Roger Waters exibe uma lista de neofascistas pelo mundo que inclui o nome do candidato Jair Bolsonaro (PSL). A hashtag de protesto ‘Ele não’ também foi usada e dividiu o público, gerando vaias ao astro nos shows de São Paulo.
“O que está acontecendo no Brasil é similar ao que acontece no meu país, nos EUA”, explica Jonathan, e continua: “Faz parte dos shows de Roger esse posicionamento político dele. Então, nós já esperávamos que isso pudesse desagradar uma parte das pessoas no Brasil. Basicamente, em tudo há sempre dois lados da moeda e não dá para agradar a todos, principalmente quando você escolhe um lado e existe uma tensão política no ar”.
Capa lindona de Rare Byrds
Carreira solo
Embora Jonathan seja novidade para os fãs brasileiros de Roger Waters, o músico está na estrada há anos e possui uma carreira musical interessante a explorar: foi produtor dos aclamados álbuns de Father John Misty e já colaborou em músicas de Erykah Badu, Elvis Costello, Chris Robbinson (ex-Black Crowes), Bonnie Prince Billy e do próprio Roger Waters.
Em 2018, lançou o seu terceiro álbum solo, Rare Byrds, que une influências de Pink Floyd com Tame Impala em uma linda viagem que culmina no encontro do rock e pop com a psicodelia. “Procurei buscar novos caminhos neste disco. Fiz uma combinação de sons e coisas que eu amo muito dos anos setenta, oitenta e noventa’, define ele.“Como cantor e compositor, falo de assuntos pessoais nas músicas e sempre procuro passar uma mensagem positiva para as pessoas”.
Melhores amigos
Jonathan também é muito bem relacionando. Father John Misty, já citado acima, e Lana Del Rey participam de músicas de Rare Byrds.“Os dois são meus melhores amigos e passo muito tempo com eles. Lana, por exemplo, participou de vários processos do meu álbum. Ela é parte do trabalho e me ajudou em alguns arranjos, além de cantar na música ‘Living With Myself'”, conta.
“Já com Father John Misty existe uma incrível conexão entre nós, pois produzi alguns de seus álbuns. Então, um dia ele veio ao estúdio quando eu estava gravando e colocou a sua linda voz em ’49 Hairflips’. Foi uma grande contribuição”, finaliza Jonathan.
Após ter se apresentado em São Paulo, Brasília, Salvador e Belo Horizonte, Roger Waters continua em turnê pelo Brasil. Nesta quarta, 24, toca no Rio de Janeiro. No sábado, 27, em Curitiba e terça, 30, em Porto Alegre.
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Créditos: Divulgação