Jéssica Areias se prepara para lançar novo trabalho

Nesta quinta-feira (08) a cantora Jéssica Areias lança o single “Pranto do Vento”. O Virgula conseguiu exclusividade no clipe e você pode conferir o registro em primeira mão.

Jéssica Areias é angola radicada no Brasil e une a cultura afro-brasileira no seu trabalho musical. Inspirada desde criança a ir para o mundo da música por seus pais, a artista encontra na arte uma maneira de se comunicar e celebrar as conquistas de seus ancestrais.

“Pranto do Vento” fala de ancestralidade, raízes e sobre a força do espírito de comunidade. Jéssica reconhece e chama atenção para a importância que seus ancestrais tem para que que chegasse onde está agora. A faixa conta com a parceria de Thamires Tannous, Leonardo Mendes no violão, guitarra, synth. Percussão por Cauê Silva, programações por Leonardo e Cauê e teclados e bass Synth por Xuxa Levy.

A faixa cria uma atmosfera calma e que combina com as voz de Jéssica. De uma forma sutil, a artista nos convida para navegar entre as histórias da ancestralidade. Esse é o primeiro single do novo trabalho de Jéssica, “Matura” chega às plataformas no dia 23 de abril.

Jéssica detalhou um pouco mais sobre a sua relação com a música, sobre “Pranto do Vento” e sobre o novo álbum, confira abaixo e assista ao clipe de “Pranto do Vento” no final da matéria.

Daniela de Jesus: Quando você começou a se interessar por música e como começou a sua carreira musical?

Jéssica Areias: Nasci numa família que ama música. Os meus gostos e referências musicais foram construídos desde a mais tenra idade, pela música que os meus pais escutavam. Música Angolana, Mpb, Jazz, Fado, World music, entre outros. Comecei a cantar, profissionalmente, aos 9 anos de idade, em Luanda, cidade onde nasci.

Fiz parte de um trio de cantoras mirins (Aline Frazão e Mônica Guedes) na Associação 25 de Abril e desde então, nunca mais parei. Em 2006, aos 18 anos, mudei-me para Lisboa para concluir o Ensino Médio, onde acabei residindo até 2009. Participei no programa de televisão “Operação Triunfo 3”, no canal RTP (rádio e televisão portuguesa), que consistia num concurso de revelação de talentos, ficando entre os 9 finalistas.

A forte ligação com a MPB e a necessidade de me profissionalizar para o mercado de trabalho, além da carreira como cantora, fez com que me mudasse para São Paulo em 2009.A viver há 12 anos em São Paulo, gravei o meu primeiro álbum autoral em 2014, e agora, no início deste ano gravei “Matura”, meu segundo álbum.

 

D: Você é angolana e na faixa fala bastante sobre ancestralidade. Como é a sua relação com a Angola e como isso influencia o seu estilo musical?

J: Morei 18 anos em Luanda. Atualmente meus pais e irmã vivem em Angola, além da grande maioria da minha família materna e parte da família paterna. Tenho, naturalmente, uma relação de afeto muito profunda com a minha terra, pois meus ancestrais fazem parte da sua construção política, social e humana. Minha bisavó materna tem 96 anos e fala seis línguas nacionais de Angola. Meu pai, mãe, tios e primos participaram na luta pela libertação e independência de Angola, antes e depois do 25 de Abril. Meus tios combateram na guerra civil ,e juntamente com os meus primos foram presos e torturados pelo Regime de Partido Único, na década de 70. Dessa forma, não me faltam histórias para reverenciar meus ancestrais, e assim me inspirar a compor novas canções. Resgatar as histórias e salvaguardar as línguas, os ritos e rituais da minha terra, traz-me o som dos tambores, as claves do Semba, do Kilapanga e do Congo de Ouro, que viram melodias e novos caminhos sonoros que se transformam na música que crio e na minha identidade como artista.

D: Como aconteceu a parceria com a Thamires Tannous em “Pranto do Vento”?

J: Thamires Tannous é cantora e compositora do Mato grosso do Sul, que eu tenho a alegria de ter como amiga. Conhecemo-nos no show de Tiganá Santana na Casa de Francisca em 2019, e desde então ficamos muito próximas. Tive o privilégio de ser sua convidada especial, no show do seu segundo álbum “Canto-Correnteza”, na Casa de Cultura Os Capoeira, em São Paulo. Vários momentos musicais foram construídos, até chegar ao momento da nossa primeira parceria. “Pranto do vento” é um clamor pela mudança, por uma sociedade mais justa, igualitária e livre de preconceitos. Em Pranto reverencio a história de nossos ancestrais, povos originários, relembrando uma das grandes mazelas da nossa humanidade, a escravatura do povo negro. Ao escrevê-la imaginei-a na voz de uma mulher negra, que representa definitivamente toda a força e propriedade para dizer ” vim com o pranto do vento, marcas na alma de um tempo, que nasceu e mora em mim”. Senti que essa composição teria de partir de uma outra mulher, para juntas elevarmos a força feminina inerente à sua mensagem. Assim foi, encaminhei a letra para Thamires, e ela me brindou com toda a sua sensibilidade e musicalidade.

D: O que podemos esperar do seu novo álbum “Matura”?

J: Matura, nasce da mistura das raízes tradicionais e folclóricas de Angola, com as claves afro-brasileiras do candomblé, dentro de uma linguagem musical moderna. O novo trabalho, resulta da pesquisa e resgate das histórias da minha terra e das experiências que vivenciei. A fusão entre o som ancestral dos tambores com uma criação contemporânea de beats eletrônicos. As melodias simples, são o cordão de ligação que conduz às histórias, aos ritos e rituais de um povo, com construções textuais cantadas nas línguas nacionais de Angola (umbundo, kimbundo e kikongo) e em português.

Canções autorais, poesias e parcerias como “Pranto do vento” com a cantora e compositora brasileira, Thamires Tannous, “Kikongo” e “Muzonguê”, cujos parceiros são Leonardo Mendes e Cauê Silva, sendo esta última, também, parceria com o poeta angolano, José Eduardo Agualusa. “Uma árvore, no Zaire”, canção inédita, composta por Tiganá Santana, cantor e compositor brasileiro, que partiu de um fragmento do poema de Ruy Duarte de Carvalho (poeta angolano), e a regravação da faixa “Lemba” do cantor e compositor angolano, Filipe Mukenga, são faixas que integram o álbum.

O disco traz, também, as canções “Amê”, “Kimbu liyetu” e “Matura”, canção que dá nome ao álbum. Tive a honra de ter a participação luxuosa de Manecas Costa, cantor, compositor e multi-instrumentista da Guiné Bissau em “Muzonguê” e d’Os Capoeira em “Kikongo”. Com a Produção Musical dos meus grandes parceiros Leonardo Mendes e Cauê Silva. Dia 23 de Abril, estará disponível em todas as plataformas digitais.

 


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Jéssica Areias conta detalhes sobre o clipe "Pranto do Vento" e do novo álbum "Matura"

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