Aprenda a tocar as músicas de Jair Oliveira
“Tô gripado, com a voz fanha… Se falhar alguma coisa, tá explicado”, foi com essa frase que Jair Oliveira iniciou sua ‘pocket coletiva’, nesta terça-feira, 2 de setembro, na gravadora Trama, que montou uma estrutura interna para apresentações dos seus artistas.
Cerca de 40 pessoas, entre jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas, empanturraram-se de salgadinhos e petiscos enquanto aguardavam a apresentação do cantor e a divulgação de seu terceiro CD, “3.1”. O show começou com uma música inédita e, logo em seguida, emocionou a galera com uma canção chamada ‘Coisas fáceis’. “Me dá muita alegria lançar mais um filho”, disse, antes de soltar a voz.
Para prosseguir com o show, ele explicou que a terceira música era uma ‘crítica bem humorada às celebridades instantâneas’. “Todo mundo famoso” fala sobre como é fácil ser famoso hoje em dia. “Não fala da fama em si, como consequência de algum
trabalho importante. Na época do meu pai, a fama era consequência do talento. Tem gente que pensa o contrário, busca a fama e depois decide o que vai ser”, contou durante a coletiva de imprensa. “Reality show simboliza a busca da fama pela fama”, remendou. Mas, por incrível que pareça, ele não buscou inspiração para compor esta canção nos realitys. A idéia veio quando leu ‘Ensaio sobre a Cegueira’, de José Saramago. “No livro, fica todo mundo cego. Na minha música, e se fosse todo mundo famoso?”, concluiu.
Quem pensava que o palco ficaria composto apenas por Jair, Zé Alexandre (baixo acústico) e Turquinho Filho (bateria), se enganou!! A dupla Caju e Castanha cantarolou ao lado do músico e deixou a galera arrepiada. O nome da música? ‘Arrepios’. “Eu estava assistindo a um show do meu pai e o vi cantando a música ‘Arrastão’, ele e o piano. Aquilo me deixou arrepiado e comecei a compor a música naquele momento”, conta Jair.
Depois de arrepiar o pequeno, mas animado público, Jair começou uma rasgação de seda… mas não foi à toa, não! Ele chamou ao palco ninguém mais, ninguém menos que Tom Zé, que o acompanhou em uma canção improvisada. Logo depois, Tom Zé desceu, sentou-se em uma cadeirinha (em nossa frente) e ficou batendo o pézinho com o ritmo da música. O cara tava tão escondido, que quando Jair se dirigiu a ele, do palco, retrucou: “Ah, você tava me vendo aqui? Tava escondido!” .
Jair contou a importância das parcerias nesse terceiro álbum. “No meu disco anterior o Ed Motta participou. Achei muito legal e, por isso, nesse convidei outros nomes para fazerem parte do meu trabalho, como por exemplo: Tom Zé, Caju e Castanha, Otto, entre outros. Eu acho que essas parcerias só contribuem para um trabalho melhor, pois com cada um é diferente”, conta.
Sobre “3.1”, ressaltou que é apenas um álbum de vários a seguir. “É mais um disco. Esse é o meu terceiro CD. O 1º rola a ansiedade, o 2º tem aquele lance de se reafirmar e o 3º surge mais tranquilamente. Não vejo o fechamento de uma trilogia”.
Na coletiva, Jair dissertou sobre alguns assuntos:
-Mistura da música brasileira com a eletrônica;
“Todos os meus discos têm essa mistura. Utilizo acústica e eletrônica”.
-Black Music;
“Quando faço música, não penso se ela é black, vermelha, rosa, amarela… Sou um artista negro e não me agarro ‘a estas coisas”
-Parceria com Otto;
“A música que eu fiz com o Otto foi totalmente de improviso, em Lisboa. Tava todo mundo com fome e fizemos o ‘Fome Danada’, enquanto caminhávamos do hotel para o restaurante.
-Parceria com Tom Zé
“Essa canção surgiu de visitas na casa de Tom Zé. “Gravamos em uma fita. Tom Zé me mandou a idéia de uma letra e eu a terminei em casa, né Tom?”.
-Amor;
“Acabei falando menos de amor nesse CD porque outros temas me chamaram mais a atenção. Por isso é o disco que menos fala de amor”.
-Medo;
“Tenho medo da disparidade social, que desencadeia a violência. A distribuição injusta de renda é um problema que gera outros.”
-Música afro-brasileira;
“Mantenho as raízes do samba no meu trabalho”
-Ciclos;
“Esse disco não é o fechamento de um ciclo. O primeiro era ansiedade, o segundo, a necessidade de se reafirmar. Acho que esse é o mais tranquilo”.
-Músicas que fazem sucesso nas rádios;
“Não me torno escravo do compromisso com a rádio”.
-Ser escritor;
“Penso em escrever um livro. Tom Zé disse, uma vez pra mim, que pra ser respeitado no Brasil, você tem que escrever um livro. Fiquei com aquilo na cabeça…”