Ouvir The Final Frontier, novo disco do Iron Maiden, pode ser uma experiência inusitada no começo. Você coloca o CD para tocar, mas o som está bem diferente. É uma massa grave, densa, soturna, arrastada, que lembra algo como um rock industrial mal-feito.
Você então olha a capa do álbum para se certificar. O mascote Eddie está lá, mas já não parece o mesmo. O traço é futurista e bem diferente do normal. Depois de 2’32” a voz de Bruce Dickinson aparece sob aquela maçaroca sonora, e você começa a temer pelo pior.
Não demora muito, porém, e a música acelera, os riffs sobrepostos aparecem, o tom épico retorna. Pela primeira vez você solta um sorriso tranqüilo. The Final Frontier, novo disco do Iron Maiden, demora, mas finalmente mostra a que veio. El Dorado, a segunda música do disco, colocada para download em junho no site oficial, é direta e deliciosamente pop no limite que o Iron pode e se permite ser, com a condução acelerada e galopante da bateria de Nicko McBrain.
Inspirada como há muito não se via, a banda vai construindo suas marcantes músicas quilométricas de diversas partes com naturalidade. The Final Frontier desce tão fácil que é impossível ouvir apenas uma vez. Coming Home, por exemplo, é uma balada intensa e pegajosa sem a breguice de Wasting Love. Rápida e rasteira, The Alchemist não faz feio aos grandes registros dos anos 80 da banda. The Talisman e The Man Who
Would Be King comprovam a capacidade técnica do sexteto e a habilidade do capo Steve Harris em criar épicos recheados de texturas.
Com mais de 30 anos de história, o Iron Maiden se mantém firme e forte como os tiozinhos mais simpáticos do heavy metal, negando a fama de mau do gênero – você se lembra de alguma imagem de Bruce Dickinson ou Dave Murray de mau-humor? Após um período de discos fracos, a donzela parece ter se encontrado e conseguido traduzir em estúdio a energia e inspiração de seus shows, sempre garantia de diversão.
The Final Frontier chegou ao primeiro lugar das paradas britânicas, feito não alcançado desde 1992, com o álbum Fear Of The Dark. O sucesso de vendas parece confirmar a teoria corrente de que o Iron Maiden voltou à boa forma dos gloriosos anos 80. The Final Frontier é mais do mesmo e obviamente não faz frente a clássicos como The Number Of The Beast, Powerslave e Seventh Son Of a Seventh Son, mas pode ter certeza: este é o melhor Iron Maiden dos últimos anos.