Quem nunca teve um tio doidão que com o passar dos anos se
revelou referência fundamental para sua formação? Os irmãos e músicos André Faria,
o Faria Mori (baixo, guitarra e voz) e Murilo Faria, o DJ Mura (programação,
synths, backing vocals e teclados) tiveram um da pesada. Seu nome é Aldo e ele
batiza o projeto musical da dupla, que ganhou o status de banda brasileira
preferida de muitos descolados.

Em nome do tio, o ex-publicitário André, e seu irmão
compuseram as músicas do álbum Is Love, que têm como referência nomes como Happy
Mondays
, Prince, Chic, LCD Soundsystem, Chemical Brothers e grooves
brasileiros como Eumir Deodato e Black Rio.

Ouça Hey (cover do Pixies)

Leia a seguir a entrevista com André, que elogia o novo
disco do Kanye West,  Yeezus, para o qual
teve a atenção chamada por Lou Reed. Em tempo, o tio Aldo virou evangélico e continua gente boa.  

​Qual foi a maior loucura que o tio Aldo fez
junto com vocês quando eram crianças?

Ah, fizemos várias coisas doidas juntos. Lembro um dia, por
exemplo, quando todos nós, eu, meu irmão, tio Aldo e alguns primos, saímos para
apostar alguns rachas na marginal Pinheiros com o Santana Sport vermelho do tio
Aldo. Vencemos um Chevette marrom claro por pouco, chegando até a rodar na
pista. Foi emocionante. Depois fomos comemorar na Augusta. 

Quem considera relevante na música hoje?

Vi uma palestra do Lou Reed cerca de vinte dias atrás e ele
disse que a coisa mais diferente que escutou ultimamente foi o novo disco do
Kanye West. Achei estranho, mas fui atrás. Apesar de improvável, esse disco é
um exemplo de alguém que resolveu fazer algo diferente. Também ando escutando
bastante Thee Oh Sees, que segue arregaçando com riffs originais de guitarra e
uma pegada bem suja. Tudo isso sem falar no legado da DFA. De qualquer jeito,
mesmo com tanta coisa boa, acabo sempre escutando Yo La Tengo e Pavement no fim
do dia.

Reverse

Vocês estão se dedicando integralmente à música hoje? Em que
a experiência com publicidade ajudou?

Meu irmão é produtor e DJ há alguns anos. Eu, além do Aldo,
também tenho o Faria & Mori, uma banda de rock alternativo cantado em
português. A experiência com publicidade ajudou e continua ajudando muito. As
pessoas que conheci nesse meio são inspiradoras. O Barba, Gustavo Lacerda,
designer da Loducca, por exemplo, é um dos melhores designers que eu já vi. Foi
ele quem fez o logo do Aldo, junto com algumas ilustrações do meu irmão.  O Mário Níveo e a Elisa Sassi são outros dois
grandes artistas que conheci no mundo das agências. Nosso último pôster de
show, por exemplo, foi a Elisa que fez direto de São Francisco.

Por que gravaram o
disco em Barcelona e quais são as perpectivas de carreira internacional?

Na verdade, gravamos o disco aqui no Brasil, no estúdio do
Mura. O que fizemos foi gravar apenas algumas partes lá em Barcelona, pois o
Daniel Setti, um grande baterista e entusiasta do Aldo mora lá. Como somos
amigos há muitos anos e ele conheceu nosso tio de perto, achamos legal ele
participar. Temos muita vontade de tocar com a banda que formamos, seja no
Brasil, seja fora. Hoje temos dois grandes caras ao nosso lado, o Erico
Theobaldo (Thelepatiques e Embolex) na bateria e o Isidoro Snake Cobra
(Ex-Jumbo Elektro) no baixo.

Cantam em inglês para ter mais apelo?

Nunca pensamos a respeito. Como o projeto começou quase por
instinto, fomos fazendo o que dava na cabeça. E o que dava na cabeça era em
inglês. Talvez porque queríamos simplesmente nos divertir, sem a pretensão de criar
grandes letras ou mensagens.

Ouça o disco

Existe uma temática recorrente nas letras? Como surgem
geralmente?

Nesse primeiro disco a temática foi nosso tio Aldo. Foi
nossa maior inspiração. Nossas memórias ao lado dele. E essa é, sem dúvida, uma
das partes mais legais do processo. De vez em quando abrimos uma cerveja no
estúdio do Mura, lembramos algumas histórias e damos boas risadas.

Que elementos considera que a música perfeita precisa ter?

Não faço a menor ideia. Acho que uma música é perfeita para
um determinado alguém. Cada um tem sua música perfeita.  Mas de qualquer jeito, acredito que
sinceridade é tudo, muito mais do que técnica, equipamento ou virtuose. 


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Irmãos montam banda em homenagem a tio doidão e decolam no meio indie

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