Pussy Riot
A ativista Yekaterina Samutsevich, a única das três integrantes do Pussy Riot que teve liberdade condicional concedida pela justiça russa, assegurou nesta quinta-feira (11) que o grupo punk seguirá ativo.
“Eu gostaria de seguir me dedicando às atividades do grupo. Nosso trabalho é entendido no mundo todo. No entanto, nós nunca anunciamos nada de antemão. Tudo deve ser inesperado”, afirmou Yekaterina ao canal REN-TV.
Em relação à atuação pela qual ela e suas duas companheiras, Nadezhda Tolokonnikova e María Aliojina, foram condenadas a dois anos de prisão, a ativista voltou a ressaltar que a ação foi política e não estava dirigida contra os crentes ortodoxos.
“Não somos um projeto comercial. Estamos sempre abertas a todos aqueles que queiram se unir a nós”, declarou Yekaterina nesta mesma entrevista, que, por sua vez, só será transmita na integra no próximo sábado.
Em todo caso, a ativista assegurou que o grupo, fundado em 2011, não deverá mais protagonizar ações de protesto em igrejas ou recintos religiosos.
“Se fizemos algum dano a alguém, pedimos perdão”, declarou a integrante do Pussy Riot em alusão aos crentes ortodoxos, cujos sentimentos, segundo a própria Igreja Ortodoxa Russa (IOR), foram insultados pelo grupo.
A cantora também assegurou que sua libertação não significa que ela tenha modificado sua oposição em relação ao presidente russo, Vladimir Putin, ou que exista uma divisão entre ela e suas duas companheiras que ainda continuam presas.
“Todas temos as mesmas convicções e não pensamos em renunciar a elas. No grupo não há conflitos nem enfados e também nunca houve”, ressaltou a ativista.
Nesta mesma entrevista, Yekaterina também denunciou que as autoridades russas praticam “um estranho jogo” com o objetivo de dividir o grupo, cuja libertação foi exigida por diversas chancelarias ocidentais e inúmeras estrelas da música no mundo todo.
“Não tínhamos um único objetivo, mas alcançamos o que buscávamos. Desejo muito que Masha e Nadia sejam postas em liberdade”, completou. Através do advogado Mark Feiguin, as outras duas integrantes presas também se manifestaram nesta quinta-feira: “Não há nenhum compromisso, lutaremos contra o sistema até o final”.
A Igreja Ortodoxa Russa, por sua vez, lamentou que o fato das duas integrantes do Pussy Riot se negarem a reconhecer sua culpa e tachem de “chantagem” as chamadas da IOR para que mostrem arrependimento em troca de uma revisão de sua pena.
Os juízes que analisaram o recurso apresentado pela defesa de Pussy Riot asseguraram hoje que não receberam nenhuma pressão das autoridades e que Yekaterina foi liberada porque, embora tenha entrado na catedral, não teve tempo de gritar como fizeram suas companheiras.
Por outro lado, alguns ativistas e opositores acham que Yekaterina, a única das três mulheres que não tem filhos, foi liberada após mudar de advogado e mostrar uma atitude menos rebelde em direção ao tribunal.