Ser considerado um pioneiro na indústria da música eletrônica atual não é tarefa fácil. A missão pode ser comparada à de Chuck Berry dando passos largos rumo ao rock na década de 50 ou ao Massive Attack tornando popular o trip hop.
Um dos responsáveis pela difusão do psytrance, um dos gêneros mais populares da música eletrônica, o duo israelense Infected Mushroom ficou conhecido por trazer melodias psicodélicas, arranjos hipnóticos e batida acelerada ao mainstream.
Com 18 anos de estrada, oito álbuns lançados, parcerias com nomes como Ray Manzarek (The Doors) e Lady Gaga, e duas vezes número 1 da lista top 100 da revista DJ Mag inglesa, a dupla formada por Amit “Duvdev” Duvdevani e Erez Eisen chega ao Brasil para divulgar seu mais recente trabalho, Army of Mushrooms (2012), em uma apresentação no King Festival, que acontece em novembro, no Recife.
Em entrevista ao Virgula Música, Duvdev falou sobre as aventuras do duo no dubstep, influências e a comentada parceria com Lady Gaga. Leia a entrevista na íntegra abaixo.
Virgula Música: Em seu mais recente trabalho, Army of Mushrooms, há uma experimentação interessante na área do dubstep. Como foi a recepção do público ao disco?
Duvdev: Nós ficamos muito felizes com a resposta do público ao lançamento. O álbum ficou em primeiro lugar em vendas no Beatport e também no iTunes Dance Music Charts. A ideia foi dar um passo em frente no mundo da música eletrônica, para experimentar e misturar ao som característico do Infected gêneros mais populares, como electro e dubstep. Nós estamos trabalhando nisso desde o lançamento de Legend of the Black Shawarma, há alguns anos.
Virgula Música: Você mencionou em uma entrevista que grande parte do material ficou pronto pouco antes de lançamento…
Duvdev: Nossa meta era juntar o melhor pacote possível de boas faixas. Nós deixamos nossa mente aberta para criar novas coisas até alguns dias antes do álbum ser lançado. O resultado foi ótimo! Criamos faixas que couberam perfeitamente no contexto do disco e algumas outras que serão lançadas como singles num futuro próximo.
Virgula Música: A diferença mais notável entre Legend of the Black Shawarma (2009) e Army of Mushrooms (2012) é a incorporação de elementos vindos do drum n’ bass, dubstep, e electro. De onde vieram essas influências?
Duvdev: Todos os nossos álbuns bebem em muitas fontes, mas esse em especial é bem diversificado. Tentamos mudar algumas coisas, mas a verdade é que não conseguimos. As pessoas ouvem as faixas e rapidamente dizem ‘isso é Infected’. Mesmo se a base for electro, chilliout ou dubstep. Qualquer coisa que fazemos, os fãs conseguem nos reconhecer. Essa é a nossa marca, não há como fugir. Nós ficamos felizes com o resultado.
Virgula Música: Quais artistas estão nesse momento em seu iPod e foram uma fonte direta para a criação do disco?
Duvdev: Deadmau5, Skrillex, Datsik e Porter Robinson. Há também clássicos que eu nunca abandono como o Depeche Mode, Primus, Metallica e Prodigy.
Virgula Música: E na cena de Israel?
Duvdev: X-Dream, Hallucinogen e Etnika são alguns dos meus favoritos.
Virgula Música: Como é o processo de criação do Infected Mushroom? Vocês precisam necessariamente estar juntos?
Duvdev: Nós dois fazemos nossas músicas por conta própria. Mas, quando estamos juntos, o processo ocorre de forma muito natural. É assim que aconteceu nos últimos 15 anos, sempre de uma forma orgânica.
Virgula Música: O Infected Mushroom é presença garantida nos maiores festivais de música eletrônica ao redor do mundo. Há alguma cidade especial para você?
Duvdev: Acho que já demos a volta ao mundo umas três vezes. Recentemente, a turnê pela França foi uma grande surpresa para nós. Esgotamos vários shows, e a recepção dos fãs foi incrível. É um lugar legal. Também gosto muito do México e do Brasil, onde provei as melhores comidas do mundo.
Virgula Música: Falando sobre o Brasil, vocês abriam um show do Black Eyed Peas, no Rio de Janeiro, para mais de 200 mil pessoas. Você prefere se apresentar para grandes multidões ou em shows mais intimistas em clubes?
Duvdev: Essa apresentação foi mesmo inesquecível, mas gosto das duas situações. Cada uma delas me agrada por algumas razões peculiares. É muito legal ver uma massa se movimentando ao som da sua música. Por outro lado, também é muito satisfatório tocar para um público menor que está prestando atenção a cada movimento que fazemos.
Virgula Música: Vocês assinam a faixa Aura, que faz parte do novo álbum de Lady Gaga, ARTPOP, que chega às lojas em novembro. Como aconteceu esse contato?
Duvdev: O Zedd, produtor da Gaga, estava trabalhando em uma faixa nossa. Ela estava no estúdio e se apaixonou. Então, ele nós ligou e disse: ‘tenho uma novidade. A Lady Gaga quer a música de vocês’. Eu tomei um susto.
Virgula Música: Como foi o processo? Vocês trabalharam juntos?
Duvdev: Não! Eu e o Erez nos sentamos e tivemos uma longa conversa. Nós nos enxergamos como uma banda com uma integridade artística alta e evitamos tornar o nosso som comercial. Conquistamos o nosso público e não há motivos de fazer uma parceria dessas apenas para chegar ao mainstream. Mas, de repente, havia uma oferta muito concreta na mesa: “Gaga quer gravar uma música do Infected”. Então, decidimos dar para ela a melodia e a ideia era assinar com nossos nomes particulares.
Virgula Música: Qual o motivo dessa decisão?
Duvdev: Para não chatear os nossos fãs, já haviamos apresentado a faixa em alguns shows. Mas a ideia não funcionou. Ela se recusou. Queria o nome Infected Mushroom nos créditos. No final das contas, ela nos convenceu. Também botamos na balança os royalties que vamos receber pelo resto da vida e aceitamos.
Virgula Música: E você gostou do resultado?
Duvdev: Ficou muito comercial. A forma como a voz dela atravessa a melodia não me agradou. Mas, o que eu entendo de hits da música pop? Nós ficamos honrados que alguém como Lady Gaga viu potencial em nossa música e a adorou.
Virgula Música: Você acredita que essa parceria trará um novo público interessado em seu trabalho?
Duvdev: Essa colaboração terá um grande alcance, não tenho dúvida sobre isso. Vai fazer com que pessoas que nem sonham que nós existimos ouçam a nossas músicas. Mas, se eles procurarem o nosso trabalho buscando algo parecido com Aura, vão se decepcionar. Ou não.
SERVIÇO:
King Festival – Recife
Quando: 15 e 16 de novembro, no Centro de Convenções – Avenida dos Reitores – Cidade Universitária, Recife – PE, 50741-000
Horário: O evento tem previsão de início às 20h e término 6h. Os portões abrem com uma hora de antecedência, às 19h, tanto na sexta quanto no sábado
Ingressos: R$ 60 (Pista), R$ 90 (Prime) e R$ 400 (Camarote Majestic). Também é possível comprar passaportes para os dois dias de festival que custam R$ 90 (Pista), R$ 160 (Prime) e R$ 600 (Camarote Majestic)
Vendas: Lojas Coca Cola e Colcci dos shoppings Center Recife (Rua Padre Carapuceiro, 777 – Boa Viagem) e RioMar (Av. República do Líbano, 251 – Pina) oferecem direto o cartão de acesso ao dia do evento, e o comprador não precisa fazer a troca do comprovante. No Chevrolet Hall, os interessados podem comprar entradas para o Camarote Majestic. A lista completa de postos de venda credenciados, você encontra em nossa página do Facebook. Para quem mora fora de Recife, os canais oficiais são via internet, pelos sites: www.nosvamos.com.br e www.recifeingressos.com