SÃO PAULO (Reuters) – Da pequena cidade de Fagersta, na Suécia, o The Hives conquistou as paradas de sucesso e se consagrou como uma espécie de reencarnação do Stooges, de Iggy Pop. Mas mesmo com toda fama e um terceiro disco em fase de preparação, o vocalista Howlin’Pelle Almqvist diz que o destino da banda é incerto.

“Sim, houve muitos rumores sobre o fim do Hives e foram apenas rumores. Mas quando formamos a banda, ainda adolescentes, achávamos que um bom grupo só era capaz de fazer três bons discos”, afirmou Almqvist em entrevista à Reuters por telefone.

“Não sei se ainda acreditamos nisso. Provavelmente não, mas vamos começar a produzir o terceiro álbum em breve e sabe-se lá se ainda teremos o que dizer depois dele. Acho que só valerá a pena continuar se nos sentirmos capazes de ainda fazer boa música”, disse o vocalista, deixando uma lacuna a ser preenchida no futuro.

Almqvist, os guitarristas Nicholaus Arson e Vigilante Carlstroem, o baterista Chris Dangerous e o baixista Dr.Matt Destruction formaram o The Hives em 1993.

Com melodias cruas e que remetem ao punk 77 combinadas com o vocal propositadamente desafinado de Almqvist, letras irônicas e visual de big band (ternos, camisas e sapatos de bico fino), o Hives se tornou “queridinho” da imprensa britânica com o hit “Hate to Say I Told You So”, de seu segundo disco, “Veni Vidi Vicious”.

O álbum já tinha sido originalmente lançado em 2000 pelo selo Burning Heart e imigrou recentemente para os Estados Unidos pela Warner e para o Brasil, pela Trama.

Apesar de o grupo ter alcançado o auge há pouco tempo, no cenário punk o Hives já era conhecido por fazer parte de algumas coletâneas, como a “Punk-O-Rama Vol.5”. O álbum de estréia do grupo, “Barely Legal”, já circulava entre fãs de punk rock desde o seu lançamento, em 1997.

MODÉSTIA À PARTE

Embora os garotos nunca tenham imaginado tanta popularidade, Almqvist deixa a modéstia de lado na hora de bater o pé que o Hives é muito mais do que uma simples onda “hype”.

“Acho que temos o direito de ser populares porque somos bons de verdade”, disse ele. “Quando começamos, só queríamos ter alguns discos para a gente curtir, mas é legal ver que outras pessoas gostam do que a gente faz. No entanto, nunca pensamos em fazer música pela fama.”

O vocalista afirma ainda que, quase 10 anos depois, o relacionamento entre o quinteto é “perfeito”.

“Vivemos num lugar tão pequeno (12 mil habitantes) que não poderíamos ter formado uma banda com outras pessoas. O Hives só poderia existir mesmo com a gente”, contou Almqvist.

“É claro que a gente briga e discute, mas isso não representa necessariamente uma coisa ruim. É justamente nas discussões que chegamos a um consenso final sobre as músicas.”

Almqvist disse ainda que nem mesmo o visual da banda chegou a ser um problema. “Todos nós concordamos que um grupo precisa ter uma imagem, como o Ramones. Daí decidimos adotar esse estilo ‘Blues Brothers’. Apenas acho que temos mais bom gosto do que os outros grupos”, brincou o vocalista.

Para os fãs brasileiros, porém, o que importa mesmo é que o Hives quer vir ao Brasil assim que o disco novo ficar pronto.

“Recebemos um convite para tocar aí, mas já estávamos há um tempão na estrada e preferimos parar para gravar o próximo álbum. Pretendemos ir ao Brasil para lançá-lo”, confessou Almqvist, que diz não ter menor idéia de quando o disco chegará às lojas.

Ele também fez questão de cercar o álbum de mistérios.

“Já temos músicas prontas e quantas são… é segredo. Não gostaria que as pessoas saíssem pela Internet em busca de versões ainda não finalizadas das nossas canções e as espalhassem por aí”, detonou Almqvist. “Depois que o disco estiver do jeito que a gente quer, não me importo se as pessoas trocam MP3s, vendem cópias piratas ou sei lá o que.”

Só resta, portanto, esperar.


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Hives promete vir ao Brasil lançar seu 3o disco - se sobreviver

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