Nesta noite de sábado (07/11), um encontro quase sobrenatural está marcado. É o show da banda Legião Urbana, que faz apresentação única no Espaço das Américas, em São Paulo. Mas… quem vai estar no lugar de Renato Russo (1960-1996)?
Como já é público e notório, o vocal estará a cargo de André Frateschi, ator e cantor, que já tem experiência encarnando outras personalidades – nos últimos dez anos ele fez shows entoando covers de David Bowie, Tom Waits e Thom Yorke.
Mas… em se tratando de interpretar Renato Russo, o desafio é maior. Afinal, o vocalista da Legião tornou-se, ainda em vida, praticamente um líder messiânico para milhões de fãs. O culto em torno de Renato é impressionante, e portanto é grande a exigência dos fãs. Basta lembrar o exemplo recente de outro que se atreveu a cantar com a Legião: Wagner Moura.
O ator fez shows com a Legião em 2012, e foi bastante criticado, bombardeado por fãs que consideraram sua atuação muito abaixo do esperado. Pouca gente defendeu Moura.
Outras substituições polêmicas já aconteceram no pop rock brasileiro. A volta da cultuadíssima banda Mutantes, em 2006, trouxe todos os ex-integrantes do grupo, menos a vocalista Rita Lee, que se recusou a fazer parte do revival. A saída foi apelar para Zélia Duncan.
Zélia foi abençoada por Rita, mas muitos fãs torceram o nariz. Afinal, Duncan não tinha muita afinidade com o trabalho de Rita no grupo (nem em termos vocais, nem de figurinos ou personalidade).
Na gringa, a questão polêmica também ocorre. O vocalista original do INXS, Michael Hutchence (1960-1997), foi substituído três vezes após sua morte. A primeira delas por Jon Stevens (de 2002 a 2003), e a segunda por J.D. Fortune (de 2005 a 2011).
Depois, Fortune deixou a banda, e em seu lugar entrou Ciaran Gribbin, que ficou de 2011 a 2012, quando a banda encerrou atividades. A verdade é que após a morte de Hutchence o INXS nunca mais se recuperou.
A mais recente “profanação” aconteceu no Rock in Rio, em setembro, quando Adam Lambert cantou com a banda Queen, assumindo os vocais do inesquecível Freddie Mercury (1946-1991).
Lambert foi muito criticado, principalmente por seus “trejeitos” e extravagâncias. Não adiantou alguns argumentarem que o próprio Mercury era bastante “queer”, pois os fãs mais xiitas não perdoaram Lambert e foram implacáveis com o rapaz.
Diante desse histórico, concluímos que é preciso muita coragem, uma dose de masoquismo (dar a outra face para levar pancada!), e claro, muita oração para as divindades da música, para encarar a árdua missão de substituir band-leaders que fizeram história. Desejamos boa sorte a André Frateschi e que essa via crucis seja tranquila…