Gusttavo Lima
Se você pretende encontrar Gusttavo Lima, talvez o mais indicado não seja procurá-lo em Goiânia ou Presidente Olegário, sua cidade natal, mas sim em Paris ou na Cidade do México.
E a situação tende a se acentuar. Após ter passado por 20 países no ano passado, o intérprete de Balada, aquela do “tchê tchê rere tchê tchê”, Gatinha Assanhada e outros hits do pop sertanejo, o músico está para lançar um álbum inteiro cantado em espanhol.
Aos 23 anos, Lima tem o braço lotado de tatuagens e se veste como um garoto fashionista, de jeans, boné, jaqueta de couro e camiseta Armani, se afastando do estereótipo de cowboy. Ainda assim, diz que seu sertanejo “é muito tradicional”. Talvez, nem tanto, porque ele avalia que o sucesso de Balada impulsionou a uma série de músicas no mesmo estilo.
A reportagem do Virgula Música conversou com ele na Jovem Pan FM. Leia a seguir a entrevista, em que ele fala sobre a surpresa com o sucesso internacional, a responsabilidade de ser uma estrela e declara ter como ídolos Zezé di Camargo & Luciano, Bruno & Marrone, Chitãozinho & Xororó, Trio Parada Dura, entre outros.
Você está gravando em espanhol, quais são os planos, atingir o mundo? Você acha que tem a ver a língua espanhola com o seu som?
Na verdade, a gente nunca pensou em uma carreira internacional, a gente nunca fez isso. E acabou acontecendo pelo fato de tchê tchê rere tchê tchê, a Balada, estourar lá fora. No ano passado estivemos em 20 países, a gente passou pela Europa inteira, no México a gente fez dois shows, sendo no estádio Azteca, na Cidade do México, numa quarta e numa quinta-feira, lotou. Num dia, a gente colocou 110 mil pessoas e no outro, 87 mil pessoas, em um estádio. Coisas que a gente não imaginou. E o Gusttavo Lima tocando sozinho.
E a Balada foi o que abriu as portas, a gente nunca tem em mente fazer uma carreira internacional. A Balada começou a tocar sozinha lá fora.
Você desconfia de por que essa música teve um apelo tão forte?
Acho que porque é diferente, tudo que é diferente é legal. No mercado não tinha isso, não tinham músicas desse jeito. Até pelo fato de depois que a gente lançou, vieram várias músicas do mesmo jeito, como Eu Quero Tchu, Eu Quero Tcha, Baraberê, Lê Lê Lê. Então, deu certo uma, e a galera veio e acabou que deu certo também com esses outros artistas. Artistas supertalentosos.
Você acha que isso é uma tendência do mercado ou foi só um momento ali?
Não, eu acho que se fosse só uma tendência a gente não tinha emplacado outra música, que é Gatinha Assanhada, hoje com certeza a música brasileira mais tocada fora do país. Estava em Paris agora, e ela está em primeiro lugar em várias rádios, em toda a Europa.
E, já que aconteceu, a gente não fez nenhum trabalho lá fora e aconteceu sozinho, por que não gravar um disco em espanhol e trabalhar uma carreira internacional lá fora?
E agora nós estamos fazendo um trabalho muito sério, com a Sony Music, que é nossa gravadora lá fora, um puta de um disco, um disco maravilhoso, a gente está pegando 12 músicas do Gusttavo Lima, que as pessoas já conhecem e que já deu certo. E a gente está gravando em espanhol para soltar lá fora, músicas como Gatinha Assanhada, Balada, Inventor dos Amores, a maioria das músicas.
E você tem alguma influência da música latina no seu som?
Eu gosto de vários artistas, não só desses países latinos, como Luis Miguel, um cara que tem uma pegada latina muito forte, que é o Alexandre Pires, faz um sucesso incrível lá fora. Acho que tem um pouquinho de cada coisa. Você pega um pouquinho de cada coisa e monta o seu estilo.
Seu visual é bem diferente do estereótipo que se imagina para música sertaneja. Isso aí tem impacto também no seu som? Você faz um sertanejo fashion?
Não. O meu sertanejo é muito tradicional. Lógico que tudo que a gente colocou no mercado, o mercado consumiu muito fácil, muito rápido. Desde o primeiro disco, o primeiro CD, o primeiro DVD. As pessoas consumiram e o visual também foi acompanhando essa mudança.
Mas o visual é uma coisa que tem a ver com o som ou uma coisa particular sua mesmo, as tatuagens?
É uma coisa minha mesmo. Tatuagem, boné de aba reta.
Geralmente se imagina um roqueiro assim, um artista pop. É para mostrar os novos tempos?
Com certeza. Acho que não precisa andar como os artistas da década de 90, você não precisa andar o dia inteiro com aquele visual. Chapéu, bota. Durante o dia acho que pode não usar e pensar em um negócio diferente. Mas nos palcos, no show inteiro, eu sempre faço questão de manter a identidade e o tema do sertanejo, que é bota, calça apertada.
De uma forma ou de outra, isso vem de muito antes. Se você pegar Zezé di Camargo & Luciano, Bruno & Marrone, Chitãozinho & Chororó, o sertanejo é um country, como se fosse um country americano, com o jeito de ser vestir. Mas acho que no dia a dia dá para dar uma ousada, ficar mais tranquilo.
E seu disco novo, que você está fazendo com Zezé Di Camargo, dá para adiantar alguma coisa aí?
Vai ser a primeira vez que eu gravo um disco, que eu gravo um CD em estúdio. E, por incrível que pareça, não vai ser um CD ao vivo, vai ser um CD de estúdio, então, não vai ter público nenhum participando. É uma coisa que eu sempre tive vontade de gravar, com um repertório trazendo músicas parecidas com o segundo DVD e o terceiro DVD, que a gente gravou em São Paulo ao vivo, no Credicard Hall. Só que a gente vem com a linha romântica, resgatando um pouco do primeiro DVD, que veio com muitas músicas românticas. Então, praticamente 60% desse novo CD virá com músicas românticas, músicas que eu gosto de cantar mesmo.
Que músicas?
O repertório é todo inédito. Mas músicas que tenham muita melodia, muita letra, que tenha muito sentido. Toda música que você lança, tem uma sensibilidade muito grande para quem vai ouvir e para quem vai se identificar com essa música.
Às vezes, você solta uma música que não tem letra nenhuma, mas que vai tocar algumas pessoas. Porque vai servir para elas. Uma música que você faz para a balada, uma música que você faz para a galera ir para a festa. De uma forma ou de outra, as pessoas vão colocar essa música para sair no carro e vão se sentir felizes. De estar indo para um show, para uma balada.
E tem esse outro lado da música romântica, que tem muita letra, que tem muita melodia e que vai servir no dia a dia, de uma forma ou de outra como inspiração, como força, e como a gente sempre fez.
A tia Maria, que trabalha no Virgula e veio aqui te ver, me disse que o neto dela, que também se chama Gustavo, perguntou para ela: “vó, será que eu eu vou ser o Gustavo Lima um dia?”. E ela respondeu: “vai, sim”. Que dica você daria para ele e para uma criança, um menino como você foi, que começou a carreira bem jovem, e um dia sonha em ser o Gusttavo Lima?
É complicado. Por isso que a gente se policia cada vez mais, cada dia mais, a gente nos vigia para não cometer um erro, cometer uma besteira, não fazer nada de errado porque isso repercute demais. Para muitas pessoas, você é um espelho e tudo o que você fizer, eles vão fazer.
Hoje, graças a Deus, nós somos campeões de fã-clube no Brasil inteiro, são mais de 3 mil fã-clubes. E tudo o que a gente coloca, “galera, vamos votar isso aqui”, todo mundo vota. Tudo o que você faz, eu vou cortar o cabelo, todo mundo corta. Então, é tipo assim, você tem que se policiar.
E o que você diria para essas crianças, estudem?
Vai estudar! Acho que não tem forma nenhuma mais de uma criança crescer que estudar. Fazer um curso, enfim, acho que a forma mais segura para um ser humano é o estudo, fazer uma faculdade, estudar direitinho. E, pô, se não quiser de verdade também, então vamos cantar. Dependendo, de uma forma ou de outra, cantar é bacana, cantar é bom. E quando a gente tem ídolos, igual eu tenho, você se inspira. Você se inspira não só pelas músicas, mas pela história de vida, tudo que esse artistas passou. O ídolo é isso.
E quem são esses seus ídolos?
Zezé di Camargo & Luciano, Bruno & Marrone, Chitãozinho & Xororó, Trio Parada Dura, alguns.
Veja Gusttavo Lima, em Gatinha Assanhada
Gusttavo Lima, em Balada
Gusttavo Lima, Doidaça