Com Ruivo em Sangue, seu terceiro trabalho solo, Gui Amabis volta a ocupar um lugar de protagonismo entre os novos nomes da música brasileira. “Gosto muito do Siba, Ava Rocha e Cidadão Instigado“, elenca o músico e produtor paulistano ao Virgula.
“São pessoas que me comunico musicalmente, direta ou indiretamente. Não vejo uma cena mas sim pessoas compondo muito bem e conseguindo divulgar suas ideias. Consigo enxergar alguns núcleos criativos, mas não uma cena”, argumenta.
A experiência com trilhas sonoras de produções gringas e nacionais, ele conta, foram decisivas para que Gui se tornasse um dos compositores mais festejados da nova geração. “Não consigo abandonar esse jeito de trabalhar, pensando em texturas e climas, faz parte de mim”, diz. Leia a nossa conversa com o cara, que esbanja classe no álbum composto e gravado entre Lisboa e São Paulo.
Neste disco há faixas com arranjos quase sinfônicos, com quartetos de cordas, por exemplo. Era sua intenção fazer algo mais elaborado, às vezes indo para o progressivo, um lance meio épico?
Gui Amabis – Sentia que as harmonias e melodias deixavam esse espaço, como se pedissem outras vozes. Sempre sigo essa abordagem, deixo a melodia e letra guiarem o arranjo.
Que outros nomes da nova cena mais gosta e indica?
Gui Amabis – Gosto muito do Siba, Ava Rocha e Cidadão Instigado.
Crê que exista algum ponto de unidade entre o seu trabalho e o dessa galera que você admira? Sente-se parte de uma cena?
Gui Amabis – Sinto sim, são pessoas que me comunico musicalmente, direta ou indiretamente. Não vejo uma cena mas sim pessoas compondo muito bem e conseguindo divulgar suas ideias. Consigo enxergar alguns núcleos criativos, mas não uma cena.
Escrever para trilhas sonoras de filmes mudou a sua relação para suas próprias composições e arranjos?
Gui Amabis – Foram as trilhas que me levaram a compor e escrever. Não consigo abandonar esse jeito de trabalhar, pensando em texturas e climas, faz parte de mim.
O que te inspira a querer fazer uma nova música?
Gui Amabis – Principalmente meus amigos e as conversas que tenho com eles, depois elaboro essas informações e o melhor momento é ao caminhar.
Poucos artistas se preocupam hoje em dia com letras elaboradas e em fazer obras conceituais. Há quem ache que a canção vai acabar no século 21…
Gui Amabis – Se acabar eu vou junto.
Você tem rituais para compor?
Gui Amabis – Não, o processo é caótico.
Dustan Gallas, Regis Damasceno e Marcelo Cabral, que participam de metade das composições do disco, têm feito trabalhos para muitos artistas e criado uma assinatura própria. O que te atrai especialmente em trabalhar com eles?
Gui Amabis – A musicalidade deles e o fato de sermos muito amigos. Me inspira a cumplicidade e a troca.
Quem são seus heróis musicais?
Gui Amabis – Gosto muito do Bob Marley, Nat King Cole, Beatles e Dorival Caymmi.
Nomes como Artur Verocai, Deodato e João Donato, que fizeram e ainda fazem aproximações entre rock, funk e música de concerto, vem sendo revalorizados cada vez mais internacionalmente, crê que uma nova onda de complexidade está se insinuando na música brasileira?
Gui Amabis – Sinto um momento bom da música, compositores sem medo de errar, só pode dar certo.