Produtor e diretor musical do disco e show de Elza Soares A Mulher do Fim do Mundo, de 2016 e sério candidato a disco da década, Guilherme Kastrup volta-se para seu projeto solo e lança nesta quarta (22), o vinil Kastrupismo com participações especiais de Alessandra Leão, Ná Ozzetti e Lenna Bahule, na Casa de Francisca, em São Paulo.
Nós trocamos uma ideia com o músico carioca radicado em São Paulo em que ele fala sobre novos projetos, Elza Soares e sobre que mais chama sua atenção na cena atual de música brasileira
Como apareceu o conceito do álbum, é algo ligado às energia das mulheres?
Guilherme Kastrup – A inspiração da linha de condução temática do disco veio de um livro que me impressionou muito, O Ponto de Mutação, de Fritjof Capra. Especialmente em um conceito que ele desenvolve, onde entende a nossa sociedade, a humanidade como um todo, como um organismo vivo, e que respeita portanto alguns padrões de comportamento dos organismos vivos. Em sua interpretação, estamos entrando em um ponto de mutação desse organismo, e esse caos que estamos vivenciando socialmente é sintoma não só do final de um período, de um estágio, mas também nascimento de outro. Segundo sua filosofia, sairemos de um período dominado pelos padrões Yang ( masculino ), como a competitividade e o individualismo, para uma mais Ying ( feminino ) de solidariedade e acolhimento. Achei linda e esperançosa essa idéia, então esse disco é uma espécie de oração para que essa profecia se realize.
O que está acontecendo de mais novo na música brasileira hoje, na sua opinião?
Kastrup – É uma época de muita produção. Agora é impossível acompanhar tudo que se lança. Mas pra falar alguns dos que me chamam atenção mais proximamente, eu gostaria de citar ao núcleo de artistas que criou junto comigo A Mulher do Fim do Mundo de Elza Soares, que são Kiko Dinucci, Rodrigo Campos, Marcelo Cabral e Romulo Fróes, e que juntos formam o grupo Passo Torto. Acho que são artistas de produção tão intensa e tão cheios de projetos paralelos, que ainda não deu tempo do público digerir realmente o tamanho e potência desses grandes criadores
Você tem rituais para compor, como é seu processo?
Kastrup – No Kastrupismo tudo partiu da percussão. Nesse disco resolvi começar o processo criativo por sessões de improvisação livre e, a partir desse material, selecionei trechos e comecei editar e a compor o álbum. Mas uma coisa que é comum aos dois processos, foi mexer na música como se fosse artes gráficas. Gosto de editar, de transformar, de manipular os áudios como se estivesse mexendo com imagens, como se estivesse pintando ou editando um filme. Talvez até por isso, meu som tenha esse aspecto tão imagético.
O disco da Elza foi bem importante, pra ela e pra uma nova geração. Em que aspecto acha que a Elza é mais contemporânea?
Kastrup – A Elza é a mais contemporânea de todas. É mais contemporânea que todos nós juntos. Não há ruído, distorção ou dissonância que a assuste. Sempre que avançamos em uma estética, ela nos acelera e pede mais. Impressionante. Acho que A Mulher do Fim do Mundo virou essa potência porque foi a confluência de energias criativas muito poderosas. A dela e a desse grupo que citei acima, e que traduziram muito bem o sentimento de nossa época, pela voz poderosa da Elza
Que nomes da nova cena mais gosta e indica?
Kastrup – Metá Metá, Iara Rennó e Negro Leo. Adoro também o disco do Baiana System e os meus compadres do Bixiga 70.
SERVIÇO
Show Lançamento do Vinil Kastrupismo
Participação especial de Alessandra Leão, Ná Ozzetti e Lenna Bahule
Dia 22 de Novembro de 2017 – 21:30h.
Casa de Francisca / Palacete Teresa Rua Quintino Bocaiúva 22 – Sé São Paulo
Tel 11 3052 0547 reservas@casadefrancisca.art.br info@casadefrancisca.art.br:
Preço: 35
Onde comprar o vinil: http://www.gomagringa.com/pd-50449c-lp-guilherme-kastrup-kastrupismo-novo-lacrado-importado.html
Links do artista:
guilhermekastrup.com
facebook.com/guilhermekastrup
Press: kastrupismo.businesscatalyst.com