Lara Aufranc

José de Holanda Lara Aufranc

Encarando o próprio sobrenome de frente – o que a levou ao afastamento da persona Lara e os Ultraleves – a cantora e compositora Lara Aufranc está lançando seu segundo álbum, Passagem (2017, Matraca Records/YB Music). Ela  se apresenta no teatro do Sesc Bom Retiro, no dia 8 de dezembro.

Letrux e Thiago Pethit, dois nomes destacados da nova cena de música brasileira fazem participações especiais. Nós conversamos com ela:

O que você pensou especificamente para o show?
Lara Aufranc – É a primeira vez que o disco vai pro palco, do fonograma para a performance. A energia do palco é muito forte, quase o oposto do ambiente protegido de um estúdio. Eu ansiava por músicas novas para cantar ao vivo. Além das 11 músicas do disco, vou cantar uma música do Pethit e outra da Letrux, e também vou convidá-los a participar das minha músicas. Dividir o palco com artistas que eu admiro é uma benção.

Como foi que encontrou o conceito do disco?
Lara  – O disco foi se encontrando aos poucos. As músicas quando surgem são como bebês, cheias de potencialidades. Foi um trabalho de entender o caminho sonoro de cada uma e ir lapidando até formar uma obra coesa. E eu fui me entendendo no meio disso tudo. Eu gosto de ouvir discos que contam histórias. Não apenas um apanhado de canções mas como capítulos de um livro. A capa é o prefácio, os arranjos são o estilo do escritor e as composições são a alma do livro, a história. É claro que não precisa ser linear – tem discos que seriam filmes do David Lynch – mas a história existe.

Fale um pouco sobre os convidados especiais e que características acha mais marcante da nova cena?
Lara  – Além de seres humanos adoráveis, a Letícia e o Pethit são artistas muito autênticos. Cada uma a sua maneira, expressam aquilo que são, sem sucumbir a modismos. Essa lealdade consigo mesmo é fundamental. Tem tanta gente fazendo tanta coisa, pra mim é difícil definir uma cena. Talvez a própria pluralidade seja uma marca desse novo momento da música brasileira.

O que te leva a fazer uma música nova?
Lara  – Não é um fenômeno totalmente voluntário, tem um estalo que vem de fora. Como se a música já estivesse por aí, esperando pra ser ouvida. Eu costumo ficar atenta para as melodias que me aparecem, ou as palavras que querem ser ditas. Daí é uma questão de parar, se permitir sair da agenda de produtividade e trabalhar nas canções com toda a dedicação disponível.

A verdade é que eu não sei porque eu faço isso. Tem um lado prazeroso e outro de muita dureza e enfrentamento. Acho que faz parte das coisas que eu sinto que devo fazer.

Quem são seus heróis e heroínas musicais?
Lara  – Eu procuro não idealizar os artistas, tento focar todo o meu amor na obra e não na pessoa que trouxe isso ao mundo. São coisas muito diferentes; autor e obra. Muitos artistas são pessoas frágeis e extremamente narcisistas, mas isso não diminui o valor da obra. Uma música forte pode nascer de um ser humano inseguro – Janis Joplin ou Amy Winehouse, por exemplo. Eu admiro aqueles que se permitiram mudar, como Tom Waits e Bowie. Mas também respeito a fragilidade, são os limites e circunstâncias de cada um.

Alguns (entre muitos) discos favoritos: o disco branco do Caetano, Espelho Cristalino do Alceu, Lust For Life do Iggy, Station to Station do Bowie, Louvação do Gil, Orphans do Tom Waits, Cripple Crow do Devendra, Almendra I.

SERVIÇO

Lara Aufranc – Show de lançamento do álbum “Passagem” Participações Letrux e Thiago Pethit 08 de dezembro, sexta-feira Teatro do Sesc Bom Retiro Al. Nothmann, 185 – São Paulo 21h Ingressos R$ 6,00 credencial plena Sesc R$ 10,00 meia entrada R$ 20,00 inteira Lara Aufranc Site www.laraaufranc.com Facebook www.facebook.com/laraaufranc Instagram www.instagram.com/laraaufranc


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'Gosto de ouvir discos que contam histórias', diz Lara Aufranc