Nesta sexta, 30, o Gorillaz estreou no Brasil com show no Jockey Club, em São Paulo. Antes da apresentação começar, a grande questão e curiosidade para a maioria dos fãs era: como será que a junção de desenho animado e humanos, ou seja, os músicos, funcionaria na prática, em cima do palco?
Haveria interação dos integrantes animados com a plateia pelos telões? O concerto seguiria alguma narrativa fictícia, talvez baseada no último disco, Humanz, de 2017? Será que prepararam algo especial para o Brasil? Bonecos apareceriam? Enfim, nada disso. Murdoc, 2D, Noodle e Russel se limitaram apenas ao telão de fundo, que exibia os clipes da banda. Nisso, deixou a desejar.
Por outro lado, Damon Albarn, vocalista e único membro fixo desde o início, compensou comandando um grupo poderosíssimo musicalmente, que entre instrumentistas e backing vocals somava mais de dez pessoas no palco. Foi aí que o show aconteceu.
Mas, o Gorillaz é muito mais. O grande triunfo são os convidados especiais que dão às caras e emprestam vozes, mudando o rumo sonoro do britpop e rock alternativo para o rap, trip hop, reggae, dub e outros estilos. Ao nosso país, vieram Pauline Black, Peven Everett, Jamie Principle, Little Simz, Michelle, Bottie Brown e o conhecido grupo De La Soul.
No repertório, todos os hits que garantiram a venda de mais de 15 milhões de álbuns pelo mundo todo. Tomorrow Comes Today, Dirty Harry, Feel Good Inc., 19-2000, Clint Eastwood, El Manana e Demon Dayz foram alguns apresentados no set.
Interação e tom político
Como os desenhos não interagiam diretamente com a galera, sobrou para a banda fazer essa parte, e mandaram bem, não deixando a peteca da empolgação cair. Em certo momento, Albarn desceu até o fosso para cantar pertinho dos fãs. Já os convidados conversavam e agradeciam à cada música.
Se os integrantes animados do Gorillaz vivem em um mundo fictício criado pelo ilustrador Jamie Hewlett, os da vida real, não. Habitam o mesmo plano que a gente e comemoram e sofrem com as mesmas situações, inclusive as políticas. Chegando ao final do show, Albarn discursou que os políticos de seu país, a Inglaterra, andam uma m*erda em suas palavras. Na sequência, o norte-americano Maseo, do De La Soul, apareceu, fez todos gritarem ‘F*ck Trump’ e ‘Fora Temer’, que virou um coro de 13 mil pessoas.
Quem disse que é só entretenimento?