Marietta Vital

Hygo Dávila/Divulgação Marietta Vital

Marietta convive com um prisma que de um lado é uma sombra e no outro um raio de cores. Ela é filha de um dos maiores monstros da música brasileira, Guilherme Arantes. Se por um lado, herdou dele a capacidade de construir melodias, de outro ela não seguiu a carreira do pai como uma artista de MPB clássica e descobriu seu manancial no Atlântico Negro, em algum lugar entre Kingston, Nova York, Bristol, Luanda e São Paulo.

Ouça mini-mix promocional do EP de estreia do Ekip Ritual, projeto de  Kiddid e Marietta 

A cantora e compositora de 35 anos prepara, no mês que vem, o lançamento do EP de estreia do Ekip Ritual, projeto dela com  o produtor de Nova York Kiddid. A onda aqui é o global bass, caldeirão onde fervem Diplo, M.I.A., o kuduro do Buraka Som Sistema, a cúmbia digital da ZZK Records de Buenos Aires, o funk eletrônico de Omulu e Leo Justi, entre outras variações. É grave, doutor? Sim é grave.

Marietta, que aprendeu tudo fazendo os backing vocals junto com Luciana Oliveira nos shows de Guilherme Arantes já trabalhou também com Zeca Baleiro, Russo Passapusso, Rockers Control, Mariana Aydar, Curumin, Anda Szilagyi, Brother Culture, Pitshu, Iara Rennó, Tiago Frúgoli, Éder o Rocha, Péricles Cavalcanti, Adrian Sherwood, Moxine, Kiddid, Dubstereo, Coco Pandeiro do Mestre, Micah Gaugh e Victor Rice. No ano passado, ao lado de Lurdez da Luz, lançou projeto Mercurias. Se liga aí na conversa dela com o Virgula.

Você já canta faz tempo, mas demorou para decidir seguir a profissão. Em que sentido ser filha do Guilherme Arantes ajuda e atrapalha?
Marietta – Ajuda porque as pessoas tem uma curiosidade quase imediata pelo meu trabalho. E atrapalha porque ser filha de um artista muito conhecido e talentoso gera julgamentos e cria uma imagem antes mesmo que meu trabalho seja ouvido.

 

Marietta Vital no Cantoras do Brasil que ela participou e vai ao ar em 15 de setembro

Divulgação Marietta Vital no Cantoras do Brasil que ela participou e vai ao ar em 15 de setembro

 

Você vai lançar um EP em setembro, já pode divulgar o nome, as participações e quem produziu e mixou? O que essas músicas trazem de novo pra sua carreira?
Marietta – Na verdade, o Ekip Ritual é um duo que faço com o Kiddid, produtor de Nova York. Este EP foi produzido e mixado por ele, com melodias, letras e vocais meus. São músicas com uma roupagem mais eletrônica e atual e foi sem dúvidas uma parceria que eu amei fazer.

Na sua opinião, por que o reggae é tão popular no mundo inteiro?
Marietta – A popularidade do reggae, na minha opinião, vem da capacidade dele de cativar e de sensibilizar as pessoas através de sua sonoridade orgânica. Independente da língua cantada, com sua levada, que tem origem na África, as pessoas se identificam naturalmente.

No seu projeto com a Lurdez você inseriu algumas melodias chiclete, que você disse serem hereditárias no rap. Na sua opinião, o rap nacional carece de maior preocupação com a parte musical e em “embalar” melhor a mensagem?
Marietta – Uma das características do meu trabalho é fazer melodias que ficam na cabeça das pessoas, independente do gênero. Vejo os singles lançados com a Lurdez em nossa parceria Mercurias como canções pop com várias influências. Admiro muito da produção do rap nacional e como ele tem sido feito.

O que tá acontecendo de mais novo na música brasileira na sua opinião?
Marietta – Uma tendência interessante que eu observo na música brasileira é a maior autenticidade nos artistas em experimentar, quebrando barreiras de gênero e construindo personalidades artísticas mais próprias, mais originais.

E na música mundial?
Marietta – Vejo o mesmo movimento

Que nomes da nova cena mais gosta de indica?
Marietta – Da nova cena brasileira me identifico muito com o trabalho de Russo Passapusso e Bemba Trio, Curumin, Flora Matos, Tropikillaz e Attoxxa, entre outros. Na cena internacional me interessam muito o que fazem Santigold, a MIA, a Suzi Analogue entre outros tantos.

Você postou outro dia no Facebook suas maiores influências: John Coltrane, Raggamuffin, Early Dancehall e seus muitos artistas, Rub a Dub, Baden Powell, Índia da Gal (73), Rose Stone (Sly and Family Stone), Exaltasamba, Parlet, Rottary Connection, Minnie Ripperton, Black Alien, MC Marcinho, Bemba Trio, En Vogue, Born Jamericans, Pilers, Baby Consuelo, música árabe, Antônio Carlos & Jocafi, Technotronic, Jackson do Pandeiro, Jongo, Nilton Junior, Thelonious Monk, Jimmi Hendrix e Tim Maia. O que uma música precisa ter pra te emocionar?
Marietta – Para me emocionar, uma música tem que vir com intensidade. Às vezes, pela batida, pela melodia, arranjo, atmosfera ou letra. Todas as referências que citei me transmitem este sentimento.


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FYA! Sente a vibe da Marietta. A filha do Guilherme Arantes é uma rude girl