Show de Miley Cyrus em São Paulo
Os fãs de Miley Cyrus passaram toda a sexta (26) tentando entender por quais cargas d’água (perdão pelo trocadilho) Deus os odeia. São Paulo está vivendo uma estiagem horrível (R.I.P. Cantareira), e então, no dia em que o tão antecipado show da Bangerz Tour finalmente chegou, dá-lhe chuva.
Mas quando a ex-Hannah Montana finalmente subiu ao palco, às 21h10, na Arena Anhembi, os poucos pingos que caíram passaram despercebidos. É meio como ser atingida por um trem: fiquei completamente embasbacada com a incrível explosão de cores, luzes e brilhos que aconteceu no palco. As ausências do tobogã de língua, do carro dourado e do cachorro-quente voador, tão lamentadas antes do show, foram compensadas pela energia que Miley demonstrou no palco. Ela corria de um lado para o outro, emendava uma música na outra. A conversa com os fãs acabou sendo pouca, mas duvido que alguém tenha tido tempo para perceber enquanto a onda de informações vinda do palco acertava o público em cheio.
Não dá pra levar a sério a “hiperssexualização” de Miley. Na verdade, quem a vê no palco percebe que ela é tão “perigosa” quanto aquele priminho que aprendeu uma meia dúzia de palavrões com o colega na escola — com só 21 anos, ela está apenas aproveitando uma liberdade aparentemente recém descoberta, mas que já estava clara nas suas intenções desde o lançamento do single Can’t Be Tamed (que, junto com Party In The USA, foram as únicas da fase “boazinha” de Miley a ser lembradas no show). Estava tudo ali, no refrão em que ela gritava que “não pode ser domada”. Mas a música combina mais com essa garota de roupas cavadas e cabelo loiro do que com a comportada de longos cabelos castanhos. Parece que Miley entendeu uma lição preciosa de marketing: o discurso é bem legal, mas o que convence mesmo é a imagem.
Agora ela fez a lição completa. Com as imagens surreais no telão (incluindo aí uma montagem em que ela aparece com o corpo de uma galinha, um gatinho dançando macarena e o bebê-sol simpático dos Teletubbies cuspindo radiação), as roubas provocantes, os gestos referentes a mastubação e a sexo oral, ela consegue passar a sua mensagem completa. E aquele “thanks for cumming” do final foi realmente a chave de ouro.
Nas quase duas horas de show, Miley Cyrus pareceu se divertir a cada segundo e ter como missão pessoal trazer o público para o seu mundo colorido, obsceno de um jeito inocente (se é que isso é possível) e pulsante. Ela conseguiu. E de brinde ainda demonstrou o que parece faltar na maior parte das ~estrelas pops~ que estão por aí: folego para dançar, correr o palco inteiro e manter a voz afinada. É uma festa meio desconexa, que mistura Beatles e um pênis de plástico, twerks e coreografia country, ursos gigantes e uma anã, tudo temperado por muitos sutiãs e ursinhos de pelúcia jogados no palco. Mas não há dublagem no show de Miley Cyrus: tudo o que está no palco é autêntico — até mesmo a bunda falsa que ela usou durante 23.