“Não uso a sigla MC no meu nome por uma questão simples: não canto apenas funk e o rótulo poderia limitar o meu trabalho”, explica a carioca Larissa de Macedo Machado, 20 anos, sobre sua aposta para continuar no topo das paradas. Com o hit Show das Poderosas e seu exército de 30 milhões de cliques, Anitta ultrapassou em pouco mais de dois meses o número de visualizações conquistadas por gente do naipe de Claudia Leitte, Ivete Sangalo e Paula Fernandes, somando as audiências das três no YouTube.
A música que a transformou em sucesso espontâneo foi motivada por uma rixa com uma conhecida. “Fiz a letra e melodia. Tinha uma menina que era muito incomodada comigo, tentava me sabotar em tudo. Ela tinha uma raiva de mim inexplicável. Uma vez eu estava em uma boate, dançando, e ela viu aquilo e ficou falando ‘por que ela está dançando assim e tá todo mundo olhando pra ela?’. Daí falei: ‘vou fazer uma música sobre ela’ e hoje é esse sucesso todo. Acho que ela morre se souber disso”, relevou Anitta em entrevista exclusiva ao Virgula Música.
Após uma breve passagem pela equipe Furacão 2000, que revelou nomes como Claudinho & Buchecha, Mr. Catra e Bonde do Tigrão, a jovem cantora pretende se firmar no instável mercado da música pop nacional. “Embora eu ame o funk, não quero cantar apenas um gênero. Comecei no funk e tenho muito orgulho disso, mas estou expandindo meus horizontes. Por isso meu primeiro álbum é bem eclético”, explica.
Anitta (Bonus Track Version), álbum de estreia da carioca, chega às lojas físicas na próxima terça (9), mas uma versão com 15 canções já pode ser adquirido na loja iTunes desde terça-feira (2) passada. “Eu participei de tudo, assino as composições e alguns arranjos”, conta Anitta sobre o disco, que já é o mais vendido na loja virtual. “A comunicação com os produtores foi um pouco complicada no começo, eles acharam que eu iria apenas cantar e que não poderia acrescentar nada de legal, mas eu já tinha tudo na cabeça”, diz, segura de si.
O problema, segundo Anitta, só foi resolvido com a interferência de sua empresária: “O disco atrasou muito por essa falha na comunicação. Eu queria opinar em tudo e ao mesmo tempo tinha que fazer shows em todo o país. Sentamos, conversamos e entramos em um acordo. Nós nos reunimos para criar cada faixa, sempre com muito carinho e o resultado está fantástico”.
Além de opinar na produção musical, a cantora conta também que concebeu todo o espetáculo da turnê Show das Poderosas, uma grande produção com a participação de 11 músicos e 20 bailarinos. “Ainda não está tudo da maneira como imaginei, porque guardamos algumas surpresas para um DVD, que devo gravar até o final do ano. Eu dou minha opinião em tudo, só não tenho muito tempo de ensaiar com os bailarinos, o que é uma pena!”
O primeiro contato de Anitta com a música aconteceu aos seis anos de idade, quando começou a cantar na igreja que sua família frequentava, na zona norte do Rio de Janeiro. “Não tenho formação musical alguma. Comecei a cantar na igreja, essa foi a minha maior escola. Cantei, cantei, cantei até aprender. Há pouco tempo eu comecei a fazer aulas de teatro e canto, mas aí o Show das Poderosas estourou e acabou com os meus planos”, brinca.
Dona do maior hit popular desde Ai Se Eu Te Pego, do sertanejo Michel Teló, a cantora conta que existe um planejamento de carreira para conseguir manter-se no topo: “Eu trabalho muito para alcançar meu sonho, que não é ficar milionária e sim fazer o trabalho se solidificar. Quero ser reconhecida como cantora e revolucionar a música. Antes isso era um sonho muito distante, mas agora o mais difícil está feito, que foi atingir o público, o resto é puro suor para manter a qualidade do trabalho”, diz, nada modesta.
Para Anitta, o público brasileiro é carente de grandes espetáculos. “Quero que as pessoas valorizem a nossa cultura, a nossa música e a nossa dança. Eles pagam milhões para ver um grande show internacional e eu quero mostrar que podemos ter tanta qualidade quanto às produções estrangeiras”, acrescenta ao explicar “meu sonho é fazer as pessoas darem valor ao que é nosso”. No auge da fama, a cantora diz que não se incomoda com o assédio dos fãs: “Eu fico triste quando ninguém me pede para tirar foto ou um autógrafo. Tenho prazer em ser reconhecida na rua, é sinal que meu trabalho está dando resultado”.
Enquanto colhe os bons frutos da fama, Anitta já sentiu na pele que nem tudo são flores. “Para a mídia o artista nunca pode errar, não é humano. Você pode até se teletransportar durante o show, fazer algo inacreditável, mas se escorregar no palco é só sobre isso que vão falar. A polêmica gera muito mais audiência do que um trabalho bem feito, infelizmente”, conclui.