Dônica em foto de Fernando Young

Tom, o filho caçula de Caetano Veloso é integrante da Dônica, um das bandas nomes mais promissoras da nova música brasileira e uma das poucas capazes de juntar Clube da Esquina e rock progressivo no baú de influências. O rapaz de 18 anos, segundo da esquerda para direita na foto acima, no entanto, não se apresenta ao vivo com os caras.

Os que sobem ao palco são o vocalista e pianista José Ibarra, o baixista Miguel Guimarães, o baterista André Almeida e o guitarrista Lucas Nunes. “É uma questão dele.O Zé entrou pra banda e veio trazendo as composições que eles faziam pra banda e o Tom acabou virando amigo da banda”, afirma Miguel. “Ele é tímido, não quer entrar no palco. Ao vivo também ele acha que não teria muito como casar o violão nas músicas da banda, que é bem rock”, completa.

“A gente compõe o tempo todo. Sempre que a gente tá junto, surge um som, uma ideia, a gente diz, pô, a gente tem que fazer um negócio assim. O tempo todo a gente tá compondo, todo mundo junto”, diz Tom. E o que o motiva a fazer uma nova música? “Cada vez é uma coisa diferente. Cada coisa que a gente vive, que a gente acha que tem que botar numa música, a gente investe em fazer uma música com cada tema que aparecer. Mas a gente normalmente não tem uma coisa que me motiva. São mais as coisas que acontecem com a gente”, conta o filho do mito ao Virgula.

O pai já afirmou que Tom é mais perfeccionista que ele como compositor, mas o filho recusa a pilha. “Eu acho que é um pouco de modéstia dele, mas eu entendo o que ele está querendo dizer. Só curto uns negócios diferente dele, eu gosto de rock progressivo e ele acha aquilo um exagero. Acha que eles fazem aquilo pra tudo pra mostrar que são capazes de fazer o negócio mais difícil e mais rápido. Eu posso enxergar uma beleza nisso, um negócio que pra mim é meio matemático. Eu gosto muito”, diz.

“O que eu toco hoje em dia, eu meio que aprendi com o Cezinha Mendes, ele me ensinou os primeiros acordes no violão”, lembra Tom. José e Lucas são autodidatas, Miguel e André fizeram um pouco de aula, mas também se desenvolveram sozinhos e com a banda.

Com disco de estreia programado para junho, a Dônica chega com pé na porta. Eles têm Milton Nascimento como padrinho e se apresentarão no Rock in Rio, em setembro, com Arthur Verocai, um dos arranjadores mais absurdos da música mundial, ídolo de Flying Lotus e de todo fã de música “true”.

“A gente começou a ouvir o Verocai através do Criolo. Ele mostrou pra mim e pro Tom um dia e aí a gente começou a ouvir muito. Já começou a ser uma influência, a gente começou a gostar da música dele, dos arranjos, que são bem incríveis. Aí teve um dia que a gente tava aqui na casa do Tom e ele apareceu do nada com o Criolo, a gente conheceu o cara. Um pouco depois disso, ele continuou vindo aqui e estava rolando essa proposta do Rock In Rio, a gente tinha que escolher um cara pra tocar junto com a gente e aí todo mundo concordou com a ideia de que teria que ser o Verocai”, conta Lucas.

Nos ombros de gigantes, os rapazes da Dônica, que citam Baleia, Baltazar e Mara Rúbia entre seus preferidos da atualidade, enxergam longe. A passagem da condição de aposta ao estrelato se dará como uma iluminação zen, a estrela da manhã que nasce no instante absoluto.

Dônica em foto de Léo Ramos

 


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